CAPÍTULO 5 - Escuridão, e Nada Mais

 

Harry recuou um pouco e fitou o corpo do amante, com adoração.

- Tão bonito...

- Bonito? Você é mais míope do que eu pensava, Harry Potter - disse Snape, puxando-o de novo para si.

Como Harry poderia explicar aquilo? Sim, Snape era muito magro, pálido - até esverdeado -, o corpo marcado por cicatrizes. Além disso, a marca das trevas desfigurava-lhe o braço esquerdo, acrescentando um toque mais do que sinistro a toda a figura. Tudo bem, a palavra não poderia, então, ser "bonito". Mas não era, também, "atraente". Não que Snape não fosse atraente. Ainda mais com o pênis totalmente rígido e ereto... por sua causa. Mas isso era outra questão. Er. Que confusão. Melhor pensar naquilo em outra hora, pensou Harry. Quando Snape não estivesse... ah... lambendo-lhe o lóbulo da orelha. Ou descendo pelo seu pescoço, acompanhando a linha da clavícula, e... abocanhando-lhe um mamilo. Harry começou a emitir sons incontroláveis, fazendo o mago mais velho dar um sorriso perverso. Querendo se vingar, Harry segurou-lhe o traseiro com as duas mãos, e o puxou contra si. Snape gemeu e quase, quase cravou-lhe os dentes no pescoço. Aquela fora por um triz. Então Snape voltou a atenção ao outro mamilo, e Harry se contorceu, à beira da loucura.

- Eu não vou aguentar mais muito tempo - avisou.

- Você é muito impaciente. Alguém precisa lhe dar lições de paciência.

- De tortura, você quer dizer.

Snape olhou ao redor em busca de sua varinha, com cara de impaciência. Então a avistou e a chamou para si com um "Accio".

- Ei - reclamou Harry. - O que você está fazendo?

Deitando-se a seu lado, o mago mais velho o agarrou e o puxou para cima de seu próprio corpo. Passou as pernas por sobre os ombros de Harry, que o fitava com assombro, e entoou o feitiço lubrificante.

Então segurou com firmeza o membro de Harry e o guiou até a estreita fenda. Posicionou-o com uma das mãos, enquanto, com a outra, enlaçava Harry e o puxava para si.

- Venha, Potter.

- Mas eu...

- Não quer desse jeito?

- Não é isso! É só que eu não pensei que...

- Que eu pudesse não ser ficar "por cima"? Isso é idiotice. Agora faça alguma coisa, sim? Você não estava com pressa?

- Eu nunca...

- Para tudo há uma primeira vez, não é?

Uma imagem veio à mente de Harry.

- Eu vou... tentar fazer como você fez comigo... na fantasia. Sem as correntes e as algemas - acrescentou.

Um brilho intenso iluminou o fundo dos olhos negros. Harry, então, baixou os olhos e deu o primeiro impulso. No início, era quase demais para suportar, a intensidade das sensações... Respirou fundo, esperando acalmar o coração disparado. Mas o coração batia cada vez mais rápido, e ele precisava se mover. Recuou um pouco para penetrar mais fundo. A sensação de calor úmido comprimindo-se em torno de seu membro era de enlouquecer. Quando conseguiu erguer o rosto e olhar para Snape, a irrealidade de tudo pareceu engolfá-lo. O tórax nu de Severus arfante, estendido diante de si, os cabelos negros revoltos espalhados por sobre o rosto, os olhos fechados e... uma expressão de total abandono. Aquela visão fez com que mil emoções invadissem Harry: orgulho, paixão, coragem. Oh, Merlin, Severus era mesmo tão bonito. E era seu.

Harry recuou e penetrou uma vez mais, e sentiu que Snape o acompanhava em cada movimento. À medida que estabelecia um ritmo, Harry ia ficando mais ofegante, e a expressão de Snape revelava o desejo cada vez mais intenso. O menino mordeu o lábio para não gemer em voz alta.

- Não precisa se conter. Pode gritar, se quiser. Eu selei toda a sala e lancei um Feitiço do Silêncio. Ninguém vai ouvir - disse Snape, com um sorriso irônico.

Na arremetida seguinte, Harry penetrou até o fundo, e gemeu de verdade. Estava inteirinho dentro de Severus. Fechou os olhos por um instante e, quando os abriu, gemeu outra vez ao ver os olhos do amante totamente concentrados nele, turvos de desejo. Snape segurou-lhe os quadris com força e mudou um pouco o ângulo, guiando-o para o ponto certo. Ouvindo os gemidos quase descontrolados do mago mais velho, Harry imprimou um ritmo ainda mais forte, querendo vê-lo se contorcer, fincar as unhas na capa do sofá, gemer ainda mais alto. Querendo entrar tão fundo dentro dele que ambos se transformassem em um só. E enquanto assistia à realização de sua fantasia, Harry estava a ponto de perder o contato com a realidade quando sentiu a mão de Snape agarrar a sua, e conduzi-la até o seu membro, mostrando-lhe como ele queria ser bombeado, a pressão exata, o ritmo. Fascinado e concentrado nessa nova tarefa, Harry conseguiu não explodir antes de ver o corpo de Snape se crispar e pulsar, totalmente entregue ao prazer. Então Harry pegou sua varinha, que deixara propositalmente no chão, junto ao sofá e, proferindo um encanto, rasgou o tórax de Snape. Harry mergulhou no sangue que jorrava, absorvendo o máximo possível, e deixou-se ele também arrastar inexoravelmente para o vórtex.

Tombou no sofá, ao lado de Snape, e proferiu um encanto para fechar o corte e um encanto de limpeza. Então tentou se aconchegar junto ao amante. Mas Snape recuou bruscamente, e levantou-se.

- Saia já daqui.

Harry pestanejou e, sem acreditar no que ouvia, sentou-se no sofá.

- O que...

- Vá embora!

- Por que está me tratando assim? O que eu fiz de errado?

Snape cruzou os braços diante do corpo, e não disse nada. Todo o ódio do mundo parecia concentrar-se em sua expressão.

- Acha... Acha que eu... usei você?

Snape apenas fuzilou-o com os olhos.

- Severus...

Era a primeira vez que o menino pronunciava seu nome. Snape estremeceu e lhe deu as costas.

- Severus, por favor! Acabamos de fazer amor e, quem sabe, de nos unir para toda a eternidade!

- Amor? Eternidade? Você está mesmo totalmente insano, Potter. O que aconteceu aqui se chama sexo, e traição. E se você foi transformado por causa desse seu gesto estúpido, problema seu. Daqui a meia hora vão começar os sintomas, e eu não vou mover uma palha para ajudá-lo. Você vai comer o pão que o diabo amassou, Harry Potter. E eu não dou a mínima, está entendendo? A mínima. Agora vá embora!

Lentamente, com os olhos turvos, Harry se vestiu. Sem dizer uma palavra, saiu do quarto do professor.

~*~*~

Não sabia para onde ir. Os corredores sombrios do castelo espelhavam a escuridão de sua alma. Começou a subir lentamente as escadas. Precisava esconder-se de todos. Em alguns minutos, talvez começasse a transformação. E ele não sabia o que poderia acontecer. Enfim, teve a idéia de se refugiar na Sala da Requisição, e subiu até o sétimo andar.

A Sala da Requisição desta vez era uma sala de paredes brancas, absolutamente vazia. Parecia uma cela de um asilo Muggle para loucos. Sim, talvez fosse exatamente aquilo de que precisava, para não tentar se matar.

Tentar se matar? Mas se era exatamente aquele o problema! Ele nunca mais conseguiria a libertação que a morte poderia lhe proporcionar.

Sentou-se em um dos cantos da sala, sobre o chão de pedra. A certeza de que a transformação ocorreria o dominou. Seu sangue parecia borbulhar, ferver nas veias. Ele escolhera a eternidade, pensando em unir sua alma à de outro para todo o sempre. Conseguira a eternidade, mas junto com ela não viera a união esperada, e sim a rejeição.

Sentiu a garganta bloqueada. A rejeição eterna. Havia suplício maior? Como fora louco! Daria tudo para voltar atrás e recuperar a mortalidade! Não iria aguentar aquilo!

Encolheu os joelhos, enlaçando-os com os braços, e baixou a cabeça, apoiando-a sobre os joelhos. Então era assim. Aquele era o início de seu suplício eterno.

 

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Ptyx, Fevereiro/2004