Vertigem
Dezembro de 1999 Eu colo meus lábios aos dele, com mais fúria do que planejava, e sinto-o frio, gelado. Recuo, e a humilhação me paralisa por um momento, antes que palavras mal articuladas saiam de minha boca: - Desculpe. Eu pensei que você... Foi um mal-entendido. Um brilho febril ilumina o fundo de seus olhos verdes. A expressão dele é de dor, e ele agarra minhas vestes entre as mãos, puxando-me para si. Eu me deixo conduzir, a esperança incendiando minha alma. Trocamos um beijo desajeitado. Eu queria provocá-lo, seduzi-lo aos poucos, fazê-lo enlouquecer de desejo, mas meus gestos são bruscos, apressados. Sinto a língua dele tocar na minha e fecho os olhos. O corpo dele é macio contra o meu. Eu o aperto com força. Ele geme e se esfrega em meu corpo. Eu queria ser calmo, terno e vagaroso, mas senti-lo contra mim me faz perder o controle. Sem fôlego, interrompo o beijo. Ele também nitidamente está sem fôlego. Ele me pergunta se eu aceitaria dividir Ginevra com ele. Meu coração vai se partir, eu sei. Não consigo nem imaginar vê-la com outro, ainda mais com ele. No entanto, eu digo sim. Devo estar completamente louco. Ele olha para mim como que me pedindo para que eu o salve. Não sei se ele quer que o salve de mim, ou de si mesmo. Só sei que sou fraco demais para ajudá-lo. Tudo o que posso fazer é carregá-lo junto comigo para o abismo. |
Ptyx, Setembro 2006
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