Ton Felizs

 

Julho de 2001

 

Eles pareciam tão felizes, brincando juntos no quintal da Toca. Apesar do trabalho que davam, Molly gostava de tê-los em sua casa: eram raros momentos em que a casa voltava a ser tão alegre como nos tempos em que seus filhos eram pequenos.

Molly observava, pela janela da sala, Julia chutando a bola para Harry. Julia estava falando pelos cotovelos, já andava com desenvoltura e agora até já estava aprendendo a jogar futebol Muggle.

Mas entre todas as façanhas de Julia, nenhuma a surpreendia mais do que a modificação que a garotinha havia operado em Severus: ele aprendera a brincar e, às vezes, era até possível flagrá-lo sorrindo (que Deus a protegesse se ele percebesse que havia sido flagrado, no entanto!)

Harry também voltara a sorrir de um modo mais franco depois que fora morar com Ginny e Severus. Eles estavam juntos há um ano. Antes ele parecia perdido, sem rumo. Severus, Ginny e Julia lhe haviam dado um lar e um ponto de referência.

De certa forma, Molly invejava a filha. Ali, brincando com os seus, Ginny nem parecia uma esposa e mãe. Era admirável que ela houvesse conseguido manter um relacionamento equilibrado com dois homens tão diferentes e aparentemente opostos como Severus e Harry.

Eles pensavam que ela não sabia. Crianças são assim, acreditam que as mães são ingênuas e que não percebem o que está sob seus olhos. Logo que Harry se formara em Hogwarts e se mudara para a casa de Ginny e Severus, todos haviam pensado que ele ficaria lá só até arranjar emprego. Mas em setembro ele começara a lecionar Defesa Contra as Artes das Trevas, em substituição a Shacklebolt, e continuara morando com os Snapes.

No início, quando percebera que não era amizade a emoção transmitida nos olhares trocados entre eles, Molly se assustara. Mas, com o tempo, vira que, fosse o que fosse que havia entre eles, estava lhes fazendo bem.

Molly não queria saber detalhes do relacionamento deles. Mesmo que a Micro-Câmera Digital Magicamente Modificada (que havia quebrado alguns meses atrás) ainda funcionasse, Molly não iria espioná-los. Só lhe importava vê-los felizes. Gostava de Harry como se fosse seu filho. A única mágoa que o casamento de Severus e Ginny lhe causara fora impedir que Harry viesse a ser seu genro. Agora, de certa forma, essa mágoa fora aliviada.

- Elz parrecen ton felizs junts, n'est-ce pas? - perguntou Fleur, chegando a seu lado e colando o nariz à vidraça.

Molly sorriu para a nora, perguntando-se se ela também percebera. Provavelmente sim. Por sorte, além de muito inteligente e perceptiva, Fleur sabia ser discreta.

 

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Ptyx, Outubro 2006