Setembro de 2001

Outra pequena coisa era que a casa era dos Snapes. Eles é que a haviam planejado e decorado.

E por último, embora não menos importante, Julia era afilhada de Harry, e não filha. Quando havia alguma discordância sobre a educação dela, Harry precisava se calar. Severus era teimoso e intransigente em tudo o que se referia à filha, e não aceitava nenhum desvio no comportamento que ele esperava que Harry tivesse para com ela. Um simples chocolate dado fora de hora às vezes desencadeava uma tempestade.

A verdade era que ele era o outsider, aquele que havia se juntado a um núcleo familiar já construído. Sim, ele se integrara bem à família, mas sabia que, no fundo, nunca seria "um deles".

Harry amava a cada um deles de um jeito especial e, por isso, não reclamava. Naquele fim de tarde, porém, quando Harry chegou de Hogwarts, Severus e Ginny tinham uma novidade.

- Severus e eu estivemos conversando - disse Ginny. - Julia já tem quase dois anos e a farmácia vai bem. Nós achamos que esta é a melhor hora para termos mais um filho.

Harry levou um susto, e sua própria reação o surpreendeu: ele ficou triste e revoltado.

Ginny continuou falando, mas ele não escutou. De repente, viu que ela estava olhando para ele com um ar assustado.

- Harry?

- Me desculpem. Eu não estou me sentindo muito bem. Vou para o meu quarto - disse ele.

Em seu quarto, no sótão, Harry pensou sobre a situação e compreendeu que chegara a um ponto limite. Ele não era mesmo parte da família. E ele queria ter uma família. Queria ter filhos seus. Por mais que gostasse de Ginny e Severus, a triste verdade é que ele precisava romper com eles e construir sua própria vida.