Mulheres Weasley

 

Setembro de 1998

Depois de várias horas de negociação, muitas farpas trocadas de parte a parte e muita tensão, finalmente Severus fechou o acordo com Lupin para o fornecimento de 30 doses de Wolfsbane por mês ao preço de 120 galeões, sendo 60 galeões pagos como sinal.

Na primeira semana de funcionamento da farmácia, Ginevra o visitou todos os dias. Trazia comida para ele, ajudava-o a atender os clientes e a preparar as poções. Juntos, eles planejaram a divisão de tarefas para o preparo da Wolfsbane quando a lua cheia se aproximasse. Os clientes aumentavam; Severus desconfiava que muitos vinham só para ver Ginevra, mas se limitava a vigiá-la à distância. Ele ainda não podia pagar o salário de um balconista, mas assim que recebesse o pagamento pelo primeiro lote de Wolfsbane, contrataria um. Gostava muito da idéia de que teria mais tempo para passar a sós com Ginevra. A presença de Ginevra o alegrava e confortava, e ele estava se acostumando àquela sensação de ter alguém com que compartilhar as alegrias e preocupações.

Uma noite, no entanto, quando Severus já estava se preparando para ir dormir, ele escutou alguém bater à porta. Ao abrir, deparou-se com Ginevra, um baú na mão e um mini-pufe no ombro.

- O quê... ?

- Posso entrar?

- Claro. - Severus pegou o baú e levou-o para dentro, largando-o ao lado do sofá. - O que aconteceu?

Ginevra afundou no sofá.

- Minha mãe descobriu que eu não estava indo à casa de Bill todos os dias, e quis saber onde eu estava indo. Eu falei a verdade a ela.

Severus sentou-se a seu lado. Timidamente, o mini-pufe aproximou-se dele e empoleirou-se em seu ombro. Severus pensou em retirá-lo, mas a expressão furiosa de Ginevra era tudo o que lhe importava no momento.

- E então?

Ginevra o abraçou. Não estava chorando, mas seu corpo tremia.

- Ela falou coisas horríveis de você e me proibiu de vê-lo.

Severus segurou-lhe os ombros com firmeza e a afastou um pouco, para fitá-la.

- Você fugiu de casa?

Ela fez que sim com a cabeça.

Severus se levantou.

- Você disse a ela para onde ia?

- Não. Mas ela sabe, é claro.

Severus andou até a lareira.

- Severus, o que você vai fazer? - perguntou Ginevra, levantando-se com uma expressão preocupada.

- Vou falar com seus pais pelo Flu.

- Oh... Eu não sabia que a sua lareira estava ligada ao sistema de Flu!

- Quando comprei o chalé, ele já possuía uma conexão. Você não sabia, mas seu pai com certeza sabe. Ou eu entro em contato com ele, ou terei de desligar o sistema. E eu não quero desligar o sistema. - Severus jogou um punhado de pó de Flu dentro da lareira. - A Toca.

O rosto preocupado de Arthur Weasley apareceu na lareira.

- Severus?

- Arthur, sua filha está aqui. Avise a Molly que ela está aqui e bem. Diga também a Molly que eu amo Ginevra e quero me casar com ela.

Arthur ficou boquiaberto por um longo tempo antes de responder:

- O q-quê? Como assim? Você quer se casar com a minha Ginny? Mas... mas ela é uma criança ainda!

Ginevra se aproximou da lareira.

- Não, pai, eu já sou maior de idade, e...

Severus a interrompeu.

- Vamos conversar amanhã, quando todos estiverem mais calmos.

- Certo, eu... eu vou falar com Molly - disse Arthur, titubeante. - Ela está muito preocupada. Eu... eu vou ter de pensar sobre isso tudo. De qualquer forma, obrigado por ter nos contactado, Severus.

Severus interrompeu o contato e, notando que o mini-pufe continuava em seu ombro, colocou-o na palma de sua mão e fez sua careta horrível para ele.

~*~*~

Ora, aquilo havia sido uma surpresa. Snape havia entrado em contato com Arthur pelo Flu e dissera que queria se casar com Ginny! Aquele não era, de modo algum, o casamento dos sonhos de Molly, mas talvez Snape não fosse um canalha tão completo, afinal. O rosto enorme de Snape surgiu na pequena tela, fazendo-lhe uma cara horrível, e ela recuou instintivamente.

- Molly?

Meio a contragosto, Molly voltou-se para o marido. Este olhava para a tela, sem entender nada.

- Molly, o que é isso?

- Shh. Venha cá e vamos ver se ele está falando a verdade. Se ele não respeitar nossa filha, eu vou Aparatar na casa dele e acabar com a raça dele já.

- Você pegou a minha Micro-Câmara Gidital Magicamente Modificada?

- Digital, Arthur. Eu a grudei em Arnold antes que Ginny saísse.

- Você está espionando sua própria filha!

- Shh. Olhe só. Eles estão subindo a escada.

Arthur sentou-se na cama a seu lado para olhar para a tela do monitor que Molly havia colocado sobre a penteadeira. Molly pôde se concentrar plenamente nas imagens saltitantes e mal focadas que agora mostravam ora uma parede, ora as costas de Snape, depois uma porta e, finalmente, um quarto.

- Você pode dormir aqui - disse a voz grave de Snape. - Não tenho lençóis de reserva para trocar, me desculpe. Mas tenho dois cobertores. Vou pegar um deles e dormir no escritório.

- Mas...

- Ginevra, eu não compartilho das idéias dos seus pais sobre moralidade, e não posso negar meu passado. Mas eu quero olhar amanhã para os seus pais e poder dizer, sinceramente, que fiz o que eles esperavam que um homem honrado fizesse.

A imagem deu um salto e Snape agigantou-se diante da tela. Tudo ficou escuro. O pobre Arnold devia estar sendo esmagado pelo corpo de Snape.

Molly olhou para Arthur, e este olhou para ela.

- Você ouviu o que ele disse? Ele a respeita - disse Arthur.

A imagem de Snape surgiu de novo na tela, afastando-se até chegar à porta. Esta se abriu e Snape saiu do quarto. Molly respirou fundo, aliviada.

~*~*~

Ginny acordou com ruídos vindos do andar inferior. Inalou profundamente, aspirando o cheiro de Severus que estava impregnado nos lençóis e no travesseiro, e gemeu baixinho. Aconchegou-se para dormir mais um pouco. Mas uma voz vinda lá de baixo a sobressaltou. Reconheceria aquela voz em qualquer lugar: era a voz de sua mãe quando estava muito, muito zangada.

Ginny se levantou aos tropeções e abriu a porta do quarto. Ouvindo novamente a voz de sua mãe, parou para escutar.

- O QUE VOCÊ FEZ COM A MINHA FILHA? FOI UMA POÇÃO DO AMOR? OU ALGUM FEITIÇO DAS TREVAS?

Severus respondeu tão baixo que Ginny não escutou o que ele disse. Ginny aproximou-se do vão da escada, para escutar melhor.

A voz de Molly se fez ouvir outra vez, em alto e bom som.

- ONDE ELA ESTÁ? VOU LEVÁ-LA PARA CASA JÁ, E VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR ME IMPEDIR.

Então Ginny conseguiu escutar a voz grave e aveludada de Severus.

- Se eu fosse você, não falaria tão alto. Se Ginevra a escutar, vai ficar ainda mais furiosa. Ela se parece com você, em vários aspectos. É tão... determinada quanto você. E nós dois sabemos que você não quer brigar com sua filha.

Molly deixou escapar um som abafado.

- Molly, acalme-se e escute-me. Eu amo Ginevra e a respeito profundamente. Gostaria de pedir a mão de Ginevra em casamento, conforme a tradição bruxa.

- Oh, Deus... - Molly parecia terrivelmente abalada. - Se você fizer minha filha infeliz, eu vou lançar uma maldição pior do que qualquer Imperdoável em você, Severus Snape. Sei que ela está decidida, e não posso fazer nada para convencê-la do contrário. Mas vou ficar de olho em você.

- Não esperava outra coisa de você. Espero que continue zelando pela felicidade de sua filha. Nossas portas estarão sempre abertas para vocês. Não só isso, como também espero que participem da criação de nossos filhos - disse Severus.

Ginny quase deu três pulinhos de felicidade. Severus estava falando em filhos! Aparentemente, aquela declaração teve o poder de silenciar sua mãe. Talvez ela tivesse ficado horrorizada com a idéia de que seus netos fossem ser filhos de Snape. Ginny não estava entendendo porque Molly estava tão calma.

- Gostaria de tornar nosso noivado oficial o mais cedo possível - declarou Severus, em tom decidido.

- Se Ginny voltar para casa esta noite, nós o receberemos na Toca amanhã à noite - disse Molly, enfim, em tom resignado.

- Ginevra voltará para a Toca esta noite, e eu estarei lá amanhã para pedir a mão dela em casamento.

A porta se abriu, e depois se fechou. Ginny, ainda de camisola, desceu as escadas. Severus parecia intrigado.

- Não sei como, mas acho que consegui convencê-la.

- Mas... isso é impossível! Minha mãe nunca iria confiar em você sem algum tipo de prova ou garantia!

Ele a puxou para si. Ginny moldou o corpo ao dele, sentindo o seu calor e o cheiro másculo que dele emanava.

- Acho que eu tenho um poder de atração irresistível sobre as mulheres Weasley - murmurou ele em seu ouvido.

- Só pode ser - respondeu Ginny, rindo. - Ainda bem que mulheres Weasley são uma espécie rara. Eu não ia agüentar a competição.

- Eu só quero uma mulher Weasley. Quando é que ela vai poder ser minha?

- Er... Se vamos ter de esperar até a noite de núpcias, acho melhor nós nos casarmos o mais cedo possível.

 

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Ptyx, Agosto 2006