Parte II - Horcruxes

 

Capítulo IV - Entre Quatro Paredes


"O Inferno São os Outros" (J. P. Sartre)

Remus estava terminando de arrumar sua casa, em uma pequena vila da Cornualha, para receber seus novos hóspedes. Aquilo iria ser um pesadelo. Remus vibrava com o reencontro entre Sirius e Harry - era algo muito importante para o bem-estar psicológico de Sirius. Mas ter Severus vivendo na mesma casa que Sirius? Como se isso não fosse já um caminho em linha reta para o inferno, Dumbledore contara que havia uma Afinidade Mágica entre Severus e Harry, e sugerira que havia um envolvimento emocional muito profundo entre eles. Pelo que Remus vira no espelho, esse envolvimento tinha também um claro aspecto sexual, o que o perturbava bastante. Afinal, Severus era de sua geração, e Harry tinha idade para ser seu filho. Sem contar o detalhe de que Severus Snape seria uma das últimas pessoas com que Remus gostaria que Harry se envolvesse emocionalmente.

Sirius não queria nem ouvir falar naquilo, e deixara isso muito claro. Pela primeira vez, ele se mostrava rebelde a um pedido de Dumbledore. Remus entendia muito bem como ele se sentia, e ainda assim precisava pedir calma a ele - o que fazia sem nenhuma convicção. Só muito a contragosto, e sob a ameaça de que Harry não viria se Snape não viesse também, Sirius concordara em viver na mesma casa que Snape, e sob a condição que Snape não tocasse em Harry enquanto ali estivessem. Dumbledore insistira em que que Severus e Harry tivessem uma hora por dia para treinarem magia conjunta, a sós e sem interrupções, e Sirius tivera de concordar com isso também.

Era para o bem de Harry, dissera Dumbledore. A união entre Severus e Harry era muito forte, e tornaria a magia de ambos mais poderosa se eles a aperfeiçoassem juntos.

Remus suspirou e ajeitou as almofadas do sofá. Sirius estava descendo as escadas com um jeito ansioso.

- Já está na hora?

- Calma. Ainda falta meia hora. Eles já mandaram os baús. Coloquei o de Severus embaixo do sofá. Você pode levar o de Harry para cima, por favor?

~*~*~


Com um nó na garganta, Harry se despediu de Hagrid, Buckbeak e Ceci - ela iria ficar com Hagrid enquanto a escola não reabrisse. Harry tentou animá-la, dizendo que ela iria se divertir com Buckbeak e todos os seres estranhos com que Hagrid costumava conviver. Ceci pediu-lhe que cuidasse de Severus, e Harry prometeu que o faria.

Hedwig iria ficar com Hermione, que não tinha coruja.

Quando terminou de guardar suas coisas no baú, Harry se despediu de Ron e Hermione. Foi bastante desagradável não poder contar-lhes toda a verdade, mas Dumbledore havia insistido na importância de se manter segredo absoluto sobre o fato de Sirius estar vivo. Harry só pôde contar a eles que Dumbledore havia aconselhado que ele fosse para um lugar protegido por Fidelius. Os três amigos se separaram prometendo encontrar-se de novo assim que possível.

Harry seguiu então, com sua Capa da Invisibilidade, até os portões de Hogwarts, onde Severus o esperava. Assim que o viu, Harry, sem nem tirar a capa, o agarrou e beijou longamente. Sabia que Severus não se assustaria, pois o vínculo entre eles fazia com que ambos sentissem a proximidade um do outro mesmo quando não podiam se ver.

- Harry - disse Severus, assim que Harry descolou os lábios dos dele -, você sabe que não poderemos mais fazer esse tipo de coisa enquanto estivermos morando com o seu padrinho e o lobisomem dele.

- Eu sei. Por isso estou querendo aproveitar os últimos momentos - disse Harry, puxando Severus para mais um beijo.

~*~*~

Remus sentiu um frio no estômago quando ouviu a batida à porta. Preparou-se para abri-la, mas Sirius correu à sua frente, e logo o momento tão ansiado e temido chegara: Harry e Severus diante de Sirius e Remus.

Tudo foi muito rápido; Remus nem pôde ver quem havia tomado a iniciativa: logo, Harry e Sirius estavam se abraçando, e Remus saudava Severus.

- Boa tarde, Severus.

- Lupin - respondeu Severus, em tom seco.

- Entre!

Sirius já levara Harry para dentro, e Severus entrou com uma expressão desconfiada, como se esperasse estar sendo vítima de uma emboscada. Remus não pôde deixar de rir por dentro: o mesmo homem que enfrentava corajosamente qualquer inimigo, comportava-se como um colegial quando diante de Sirius. O fato de Severus ser totalmente paranóico - só perdendo, nesse ponto, para Moody - também não ajudava a melhorar o clima.

Só então Harry veio cumprimentar Remus - com um jeito um tanto formal, mas Remus não esperava outra coisa. O próprio Remus sempre fora muito formal com Harry, pois ele havia sido seu aluno. Remus apertou-lhe a mão.

- Estou muito feliz em vê-lo, Harry.

- Obrigado, professor.

- Não precisa essa formalidade toda. Afinal, não sou mais seu professor, e vamos morar todos juntos aqui. Chame-me de Remus.

- Certo.

- Sentem-se - Remus indicou a sala de estar, com um sofá e duas poltronas.

Severus permaneceu em pé, assim como Sirius. Eles nem sequer haviam se cumprimentado, e agora seu olhar se cruzava. Remus quase podia sentir as faíscas atravessando a sala. Remus aproximou-se de Severus e indicou-lhe uma das poltronas. Mas Severus não parecia disposto a sentar-se antes que Sirius o fizesse.

Por sorte, nesse momento Sirius se voltou para Harry e o puxou para sentar-se a seu lado no sofá. Em seguida, Severus sentou-se à poltrona indicada por Remus.

- Harry... Dumbledore me contou que você está zangado comigo, e eu entendo perfeitamente. Mas você precisa saber que... não havia outro modo de ajudá-lo. Você me perdoa? - perguntou Sirius, a voz oscilando um pouco.

- Eu... não sei.

Remus gostaria de poder prestar atenção no que eles estavam dizendo, mas precisava desempenhar o papel de anfitrião.

- Querem tomar alguma coisa? Um suco? Uma cerveja amanteigada?

Harry pediu um suco de abóbora, Sirius pediu o mesmo, e Severus disse que não queria nada. Remus suspirou.

Quando voltou da cozinha, trazendo os sucos, Harry e Sirius conversavam amistosamente, e Severus estava com cara de funeral.

Remus serviu um Firewhisky para si mesmo e teve uma idéia.

- Aceita tomar um Firewhisky comigo, Severus?

- Obrigado, Lupin, mas eu não costumo beber em ambientes não propícios.

Remus sentiu o sangue subir-lhe à cabeça, e Sirius se ergueu de imediato.

- Escute, seu...

- Sirius, por favor - disse Harry, segurando o braço de Sirius para detê-lo, depois se levantando e se aproximando de Severus, que já havia se erguido e sacado a varinha. - Severus, vamos conversar com calma.

Harry tocou o braço de Severus e a expressão deste se modificou de imediato, suavizando-se. Sirius, por sua vez, cerrou os punhos ao ver a interação entre seu afilhado e seu desafeto.

- Snape, largue o meu afilhado.

Remus viu que o caldo ia entornar, largou o copo e correu para tentar acalmar os ânimos.

- Por favor, cavalheiros, vamos tentar manter esse encontro civilizado.

- Não há a menor chance, com a presença desse animal aqui - respondeu Severus.

- Posso ser um animal, mas pelo menos não sou um pedófilo como você.

Nesse momento, quando Severus e Sirius estavam a ponto de se engalfinhar, Harry berrou:

- Parem já com isso! Será que não vêem que, insultando um ao outro, vocês estão insultando a mim? Será que não conseguem ser um pouco mais maduros?

Furioso, Harry afundou na poltrona do lado oposto em relação a Severus.

Severus e Sirius continuavam em pé, trocando olhares fulminantes.

- Vamos tentar estabelecer uma trégua, sim? Estamos aqui porque decidimos trabalhar juntos. Temos um ideal em comum - disse Remus.

- Então por que não fazem logo o seu relatório, para que possamos elaborar um plano de ação? - despejou Severus.

- Se prefere assim, Severus, podemos fazer isso. Mas, por favor, sentem-se - pediu Remus.

Com certa relutância, Sirius voltou a sentar-se no sofá e Severus em sua poltrona - muito lentamente, um estudando os gestos do outro.

Remus desistiu do copo de Firewhisky e sentou-se ao lado de Sirius no sofá. Sirius voltou-se para ele.

- Você quer fazer o resumo, no meu lugar?

- Você é que sabe de todos os detalhes, Sirius - respondeu Remus, tentando transmitir confiança ao parceiro.

Sirius baixou a cabeça, como às vezes fazia para se concentrar. Quando a ergueu, havia uma expressão decidida em seu rosto, e ele voltou seu olhar a Harry.

- Dumbledore nos disse que contou a você sobre as Horcruxes. Contou-lhe que você já destruiu uma delas, o Diário, e que ele mesmo destruiu o anel. Restam, portanto, quatro Horcruxes. Dumbledore supõe que Voldemort pretendesse fazer uma Horcrux de um objeto de cada Casa de Hogwarts, e tudo me leva a crer que ele está certo. Duas dessas Horcruxes nós já identificamos. Conseguimos a memória de um elfo que pertenceu a Hepzibah Smith, descendente de Helga Hufflepuff. Essa memória mostra Voldemort conversando com Hepzibah, e fica muito claro que ele a matou para roubar a taça de Hufflepuff e o medalhão de Slytherin que estavam em seu poder.

- O que essa Hufflepuff estava fazendo com o medalhão de Slytherin? - perguntou Snape.

Ah, claro. Lá estava Severus, sempre ciumento dos seus Slytherins, pensou Remus. Vendo que Sirius não iria responder-lhe, Remus adiantou-se:

- Hepzibah era uma colecionadora de antiguidades. Ela o comprou no Borgin & Burkes.

Severus fez uma cara de repulsa.

- E onde estão esses objetos agora? - perguntou Harry.

- Eu vi o medalhão na memória do elfo e o reconheci. Desconfio, Harry, que ele estava em Grimmauld Place quando fizemos aquela descontaminação da casa. Você não se lembra de ter visto um medalhão pesado, de ouro, que ninguém conseguia abrir? - Sirius perguntou a Harry.

- Em Grimmauld Place? - Harry arregalou os olhos. - Eu me lembro, sim!

- Pois é!

- Nós o jogamos no lixo - lamentou-se Harry. -Mas quem sabe Kreacher não o escondeu? Ele vivia pegando as coisas que queríamos jogar no lixo.

- É uma possibilidade. Mas há uma outra: Mundungus Fletcher foi preso recentemente carregando objetos roubados de Grimmauld Place - disse Sirius.

Harry fez uma careta.

- Aquele canalha! O medalhão estava com ele?

- O medalhão não foi encontrado em seu poder. Mas talvez ele já o tivesse vendido - disse Sirius.

- Então voltamos à estaca zero? - perguntou Harry.

- Kreacher está em Hogwarts agora, não está?

- Está. Dumbledore me pediu para mandar ele ficar lá - respondeu Harry.

- Podemos investigar Kreacher e também tentar seguir pistas que Mundungus tenha deixado - disse Remus.

Harry ficou pensativo.

- E a taça de Hufflepuff?

Sirius olhou para Remus com uma expressão como a de quem pede ajuda.

- Uma informação transmitida por Severus a Dumbledore alguns dias atrás - disse Remus, e Harry e Severus voltaram os olhos para ele - nos levou a uma sólida pista a respeito de onde a taça pode estar. Severus relatou a Dumbledore que Bellatrix deixou escapar que Voldemort lhe confiou algo de muito precioso no passado.

Harry olhou para Severus, e este assentiu com a cabeça.

- Dumbledore acha que é a taça que está com Bellatrix. Poderia ser o medalhão, mas se o medalhão estava em Grimmauld Place, não parece provável que Voldemort o tenha recuperado e dado a Bellatrix. E Dumbledore não acredita que Voldemort tenha conseguido fazer uma Horcrux de Gryffindor...

- Por que não? - perguntou Harry.

- Porque a única relíquia que Gryffindor deixou foi a espada, que está muito bem guardada, em poder de Dumbledore - respondeu Sirius. - Quanto à Horcrux de Ravenclaw, Dumbledore desconfia que os recentes desaparecimentos de Florean Fortescue e Ollivander têm a ver com ela. Dumbledore não explicou ainda por que ele tem essa desconfiança. Ele ficou de entrar em contato conosco em um ou dois dias.

- Fortescue e Ollivander desapareceram? - Harry parecia desolado.

- Desapareceram - confirmou Sirius.

- Se o Lord das Trevas não conseguiu fazer uma Horcrux de Gryffindor, por que vocês estão dizendo que precisamos encontrar quatro Horcruxes? - perguntou Severus, com um gesto de impaciência.

- Dumbledore acha que Voldemort fez uma Horcrux de Nagini, no lugar da peça de Gryffindor - respondeu Remus.

- Uma Horcrux viva? - Severus arqueou uma sobrancelha. - Isso é possível?

- Aparentemente - respondeu Remus.

- E como o Diretor chegou a essa conclusão? - insistiu Severus.

- Ele utilizou seus aparelhos em Hogwarts para analisar os pensamentos de Harry quando Harry estava dentro de Nagini, que, por sua vez, estava sendo possuída por Voldemort, dois anos atrás. Quando Arthur Weasley foi mordido por Nagini - explicou Remus.

- Ah, é, eu me lembro disso. Duas serpentes de fumaça saíram do instrumento, e Dumbledore ficou bastante intrigado - disse Harry.

Severus balançou a cabeça, parecendo incrédulo. Fez-se silêncio por alguns momentos. Enfim, Severus cruzou os braços.

- Como iremos trabalhar? Cada um de nós se encarrega de uma Horcrux? - perguntou ele.

- É claro que não - respondeu Sirius. - Se espera que deixemos Harry se arriscar sozinho, você está mais enganado do que nunca, porque nós não somos como você.

Severus parecia prestes a saltar da cadeira e torcer o pescoço de Sirius. Como Remus gostava muito daquele pescoço, tentou distraí-los apresentando um plano concreto:

- Creio que devemos começar com a taça. Sirius tem um forte palpite sobre onde Bellatrix deve ter escondido a taça. - Remus ignorou o bufo de Severus. - Precisamos encontrar uma forma de tirar Bellatrix de casa, ou distraí-la.

- Eu posso fazer isso - disse Severus. - Mas espero que essa taça esteja mesmo onde vocês esperam que esteja, porque, caso contrário, teremos arriscado minha posição inutilmente.

- Escute, Snape, não dá para se ter certeza absoluta de nada. Estamos investigando, entende? Se você está com medo, é melhor...

- Black, estou farto de seus comentários estúpidos e inúteis. Amanhã à noite haverá uma reunião dos Comensais da Morte. Todos os Lestranges irão, sem dúvida alguma. Vocês podem aproveitar a ocasião. Estejam com tudo pronto. Assim que eu sair, vocês vão para a casa de Bellatrix - declarou Severus.

~*~*~

O clima continuou tenso durante o resto da tarde e à noite Remus precisou chamar Severus de lado para convencê-lo a jantar com todos. Lembrou-lhe que ele, Remus, confiava em Severus a ponto de tomar o Wolfsbane que ele lhe preparava todos os meses, e que esperava que Severus depositasse nele a mesma confiança.

Severus lhe respondera que não era assim tão descuidado quanto ele. Remus quase perdera a paciência, mas no final Severus acabara juntando-se a todos à mesa.

Depois do jantar, Sirius levou Harry até o andar de cima, e os dois ficaram conversando lá por um longo tempo. Severus, claramente nervoso, andava de um lado para o outro pela sala. Remus ofereceu-lhe um chá, e ele aceitou. Fez cara de desprezo diante dos saquinhos Muggle de Remus, mas pareceu satisfeito ao encontrar um Earl Grey.

~*~*~

Sirius mostrou a Harry o escritório de Remus, onde Sirius e Remus haviam colocado e arrumado uma cama para ele. Havia várias estantes cheias de livros, e Sirius passou um bom tempo mostrando-os a Harry. Entre eles, estava a coleção de três livros que eram os favoritos de Sirius quando tinha a idade de Harry, e que Sirius dera de presente a Remus um pouco antes do nascimento de Harry.

- The Han Solo Adventure. Star Wars? - perguntara Harry, intrigado. - Você gostava de Star Wars?

- Claro! Você assistiu?

- Você quer dizer, a trilogia original?

- Bom, eu só assisti aos dois primeiros. Remus me contou que Lucas filmou um terceiro, que é o sexto episódio na série, e que o primeiro episódio será lançado ainda este ano.

- É, é isso mesmo. Eu vi os filmes na televisão. Eu ficava escondido atrás do sofá para Dudley não ver que eu estava vendo.

Sirius sentiu um aperto no coração, mas não quis aprofundar o assunto, porque Harry parecia embaraçado.

- Meu pai ficava furioso comigo quando descobria que eu tinha ido ao cinema - comentou Sirius, desviando o assunto para seus próprios problemas familiares. - James vivia dizendo que eu queria ser Muggle só para irritar meus pais. Mas não é verdade. Quer dizer, eu odiava mesmo meus pais, mas a cultura Muggle tinha coisas muito interessantes.

- Como motocicletas e filmes?

- Exato!

De repente, Sirius olhou para Harry com um ar mais sério.

- Harry, há algo que eu preciso lhe contar...

- O que é?

- É sobre... Remus e eu.

- Ah, isso. Eu, er, acho que já sei. De certo modo, eu intuí isso, quando vi vocês no espelho. E sabe como é, Severus vive fazendo piadas sujas com vocês. Como se ele também não jogasse no outro time...

Sirius riu, entre aliviado por não ter de se preocupar com a reação de Harry ao seu relacionamento com Remus e preocupado com o modo íntimo como Harry se referia a Snape.

E Sirius continuou mostrando os livros de Remus e contando histórias dos Marotos a Harry, que o escutava com um brilho nos olhos.

~*~*~

Quando terminaram o chá, Remus disse a Severus que ele teria de dormir na sala, pois eles só tinham dois quartos na casa. Severus simplesmente deu de ombros, e Remus começou a arrumar o sofá para que ele dormisse. Severus dispensou-o, contudo, dizendo que ele mesmo arrumaria o sofá da melhor forma para ele mesmo.

Já era tarde. Remus subiu ao quarto de Harry. Remus e Sirius disseram boa-noite a Harry e foram para seu quarto.

~*~*~

- Como foram as coisas com Harry? - perguntou Remus, assim que os dois se despiram e se deitaram.

- Ele está zangado, e eu não o culpo, mas é um garoto fantástico.

- E gosta de você.

Sirius sorriu.

- Acha mesmo?

- É evidente.

- Ele já sabia sobre nós, Moony.

- Oh! E o que ele acha?

- Ele parece aceitar com naturalidade. Talvez naturalidade demais.

- Por que você diz isso? Por causa de Severus?

- É. Eles parecem muito íntimos, você não acha? - Sirius suspirou. - Acha que vai conseguir dormir, com aquele morcego seboso lá embaixo?

- Sirius, vamos tentar não antagonizá-lo e talvez ele pare de pegar no nosso pé, e acabemos nos acostumando.

Sirius suspirou.

- Sim, e os Kappas são mais comuns na Mongólia.

Essa era uma piada particular entre os dois, porque, durante o tempo em que Remus lecionara em Hogwarts, um dos ex-alunos de Remus mencionara a ele que Severus corrigira em classe, erroneamente, a sua informação de que os Kappas eram originários do Japão. Apesar da brincadeira, Remus sentiu que Sirius estava muito tenso.

- Quer uma massagem?

- Hmmm... Já que você está oferecendo...

Remus sorriu e se levantou.

- Vou pegar o óleo.

Remus voltou com um frasco. Sirius já estava deitado de barriga para baixo; Remus montou sobre ele.

Remus espalhou um pouco de óleo pelas costas de Sirius, acariciando-lhe a pele, depois começou a massagear-lhe os músculos com firmeza.

- Hmm - gemeu Sirius. - Isso é gostoso.

Remus se inclinou para beijar-lhe as costas e continuou massageando-o. O modo como Sirius respondia ao seu toque, remexendo-se e dando gemidos de prazer, era extremamente excitante. Remus se inclinou mais para beijar-lhe o pescoço. Sirius virou a cabeça para devolver-lhe o beijo, e Remus se deitou a seu lado para facilitar-lhe a tarefa.

Remus começou a morder-lhe o pescoço, o lóbulo da orelha, os ombros, a região da clavícula. As mãos de Sirius percorreram o peito de Remus até que dois dedos travessos encontraram um mamilo e o beliscaram.

- Aaah... Isso é bom.

- Claro que é - disse Sirius, em tom zombeteiro.

- Convencido, você, não?

Sirius se inclinou para mordiscar o mamilo de Remus enquanto suas mãos agarravam-lhe o traseiro. Remus agarrou os cabelos de Sirius, comprimindo-lhe a cabeça contra o peito.

- Você está me deixando louco, Padfoot.

- Eu sei. Não é o que eu sempre faço?

Remus teve de rir. Segurou o amante contra si, dedos percorrendo-lhe as costas ternamente. Sirius esfregava-se contra ele.

- Mais...

- Mais massagem?

- Moony, você sabe o que eu quero!

- Certo... Acho que vamos ter de usar o outro óleo, então...

Remus estendeu a mão para pegar o lubrificante na mesinha de cabeceira, cobriu os dedos com o óleo e massageou lentamente a região ao redor da entradinha de Sirius antes de inserir um dedo lá dentro.

- Ah...

Sirius começou a impelir-se contra seu dedo, e Remus introduziu mais um. Ao mesmo tempo, tomou os testículos de Sirius na mão e começou a massageá-los com firmeza.

- Oh... Quero você dentro de mim, já.

Dizendo isso, Sirius tomou o pênis ereto de Remus nas mãos e segurou com firmeza.

Remus deixou um grunhido quase selvagem escapar-lhe da garganta, removeu os dedos de dentro de Sirius e começou a cobrir o pênis com lubrificante. Rolou Sirius novamente de barriga para baixo e enfiou os dois travesseiros embaixo dele. Passou a mão delicadamente pela curva suave das nádegas de Sirius e separou-as. Encostou a pontinha do pênis em Sirius e pediu, em voz rouca:

- Diga de novo.

- Quero você dentro de mim, Moony - pediu Sirius, ofegante.

Remus mergulhou, preenchendo Sirius lentamente. Quando Remus estava todo dentro de Sirius, parou para lamber-lhe a orelha e morder-lhe a curva do pescoço.

- Remus..

A voz rouca de Sirius parecia conectar-se direto com o pênis de Remus.

- Diga que é todo meu.

- Eu sou todo seu, Moony. Todo seu.

Remus mordeu-lhe forte o pescoço e agarrou-lhe o pênis.

- Ah! - Sirius impeliu-se contra sua mão e, ao mesmo tempo, Remus recuou um pouco e projetou-se novamente para dentro dele. - Isso é bom demais.

Remus encontrou o ritmo e o ângulo certo, e os dois começaram a se mover em sincronia.

- Remus...

- Estou aqui, amor - sussurrou Remus, fechando os olhos e sentindo Sirius gozar em sua mão.

Remus segurou Sirius contra si com força e continuou impelindo-se contra ele até o prazer tragá-lo irresistivelmente.

~*~*~

Harry nem mesmo viera lhe dizer boa-noite. Severus, deitado no sofá em meio à escuridão, estava se corroendo em ciúme, tensão e autopiedade.

Não iria conseguir dormir ali, no meio da casa de seus arquiinimigos.

Virou-se para um lado, depois para o outro. Aquilo iria ser insuportável.

Aos poucos, uma sensação que lhe era muito familiar o assaltou. A presença de Harry.

- O quê...

- Shh - sussurrou Harry, deitando-se em cima de Severus.

- Não tem espaço para dois aqui - reclamou Severus.

- Por que não transfiguramos o sofá e o fazemos maior?

- Porque você não deveria estar aqui, pirralho!

- Shh.

Harry sacou de sua varinha e fez com que o sofá ficasse mais largo. Então se instalou confortavelmente ao lado de Severus, ajeitou sua Capa de Invisibilidade por cima, cobrindo a cabeça, e entrou sob os cobertores. Severus o abraçou e sentiu a tensão se dissipar.

- O que veio fazer aqui? - Severus ainda conseguiu perguntar.

- Eu estava ficando louco. Queria abraçar você, dormir a seu lado.

- Que bobagem romântica - disse Severus, quase ronronando.

- Eu sei, mas... você gosta.

Severus gostaria de beliscar-lhe o traseiro ou dar-lhe umas palmadas por falar assim com ele, mas era perigoso demais. Além do mais, Severus estava com sono, agora que não estava mais tão tenso.

- Boa noite, Severus.

- Boa noite, pirralho.

 

Anterior
Próxima
HOME
Baphomet (Índice)
Fanfiction (Índice)

Reviews

Ptyx, Outubro/2005