Capítulo XIII - A Última Horcrux



Mas nem o sol, nem as estrelas,
Nem outra luz qualquer exceto a deles mesmos,
Nem o poder de ferro de Marte,
Nem a região nebulosa de Saturno,
Nem qualquer outro planeta pode surgir,
Dentro do círculo do bosque,
Onde ardem as santidades do amor.
...
Assim, no segredo da gruta,
A noite os mantém aninhados, e a escuridão
Lambe-os em ondas suaves como vinho,
Brilhante como o útero de fogo
De uma tigresa, negra como a maldição,
E célere como o nascer do sol. O Amor
Ergue seu próprio monumento,
E esculpe no alto o seu próprio túmulo gótico
A Fênix em sua plumagem de fogo,
Testemunha diante de suas próprias almas
A imortalidade de seus beijos.

(Aleister Crowley, O Altar de Artemis)

 

Na manhã sequinte, Albus chamou Severus pelo Flu e pediu a ele que marcasse com Riddle, o mais rápido possível, a data do encontro entre Albus e Draco. O raciocínio de Albus era que era melhor levar Riddle a se precipitar, já que ele não contava ainda com um exército organizado.

Severus sentiu as nuvens negras cercarem-no outra vez. Tentando ser objetivo e entregando seu destino nas mãos de Albus, refletiu a respeito de qual seria a melhor forma de abordar a questão com seu Lord.

Naquela noite, o Lord das Trevas recebeu Severus em sua casa. Severus comunicou-lhe que Dumbledore estava disposto a receber Draco Malfoy, e aconselhou-o a apressar o encontro, para aproveitar a presença de Harry Potter em Grimmauld Place. Segundo a história inventada por Severus, Dumbledore estaria prestes a encontrar um novo esconderijo para o seu Garoto de Ouro, retirando-o da mansão dos Black.

O Lord das Trevas mostrou-se entusiasmado com a perspectiva de acabar com Dumbledore e Harry Potter em uma só tacada, e deu carta branca a Severus para marcar o encontro para o dia 27 de junho, dali a uma semana. O próprio Lord das Trevas se encarregaria de comunicar a Draco os detalhes de sua missão.

Da casa do Lord das Trevas, Severus seguiu para Spinner's End, e depois de novo até Grimmauld Place. Albus ficou radiante com as novidades.

Severus voltou para St Mellyan, onde seus três companheiros de casa o esperavam, preocupados. Harry entendeu tudo de imediato e o abraçou. Severus resumiu a situação para Remus e Sirius. Estes se mostraram preocupados com a iminência de uma batalha, e com o fato de que restava uma Horcrux a ser destruída - uma Horcrux sobre a qual pairava o mais denso mistério, exceto por vagas suspeitas que recaíam sobre Nagini. Severus apenas transmitiu o recado de Albus a eles: "Não se preocupem. Vou organizar tudo e assim que puder irei chamá-los para uma reunião."

~*~*~

Assim que Remus entrou no The Crescent, o bar onde costumava conversar com Louis Auger, percebeu que Louis não estava. Saiu à rua e andou cerca de três quadras até o The Pirate's Den, o bar que era freqüentado pela turma "da pesada" - os principais aliados de Voldemort. Esses aliados eram liderados por Fenrir Greyback, o violento lobisomem que mordia crianças e que havia sido o responsável pela transformação de Remus em lobisomem. O Pirate's Den, sempre lotado e agitado, estava às moscas. Remus achou melhor sair de lá. Andou todo o caminho de volta até The Crescent, pediu uma Butterbeer e esperou.

Uma hora depois, Remus havia perdido as esperanças de que Louis fosse aparecer e estava prestes a sair quando um chinês se aproximou de sua mesa, vendendo bolinhos em forma de meia-lua. Remus disse que não estava interessado, mas o chinês insistiu muito e acabou deixando um bolinho com ele. Remus estranhou o comportamento do vendedor, e resolveu levar o bolinho para casa para investigar. Pagou sua conta, saiu do bar, e procurou um canto escuro para aparatar em St. Mellyan.

~*~*~

Remus acabou chegando relativamente cedo e encontrou Sirius, Harry e Severus ainda acordados, lendo na sala. Remus contou de sua estranha experiência e logo todos os quatro estavam reunidos na mesa, ao redor do bolinho.

Remus pegou a varinha e fez vários testes para verificar se o bolinho estava amaldiçoado. Severus fez outros testes para verificar se estava envenenado, e repetiu os testes que Remus havia feito, para a evidente irritação de Sirius e divertimento de Remus.

Não conseguindo mais se conter, Sirius pegou uma faca e começou a cortar o bolinho ao meio, sob o olhar repreensivo de Severus.

A faca emperrou no meio do bolinho, e Sirius o abriu com a mão, retirando um papel enrolado, no estilo dos biscoitos de fortuna chineses.

Sirius abriu o papel sobre a mesa e leu em voz alta: "Coisas ruins acontecerão em breve. Número de azar: 27."

- Er - disse Harry. - Isso é um biscoito da fortuna ou...

-... um aviso de um aliado infiltrado entre os lobisomens favoráveis ao Lord das Trevas? - completou Severus.

- É exatamente isso o que eu gostaria de saber. Porque o ataque de Voldemort realmente deverá acontecer em uma semana. Se foi Louis que me enviou esse recado, isso quer dizer que ele está disposto a ser nosso informante. Provavelmente houve uma reunião ontem à noite. Por isso o Pirate's Den, que é o bar freqüentado pelos Comensais da Morte, estava vazio. Louis foi convidado também, assistiu a tudo e deu um jeito de me transmitir essa informação.

- Não nos serve para nada, mas talvez seja um bom sinal - sentenciou Severus.

- Não estou gostando muito disso - disse Sirius.

- Não há nada que possamos fazer. O único jeito é eu continuar voltando todas as noites lá no Crescent e esperar para ver se Louis me manda mais algum recado - declarou Remus.

~*~*~

No dia seguinte, à tarde, Dumbledore chamou Severus pelo Flu e pediu que ele e Harry fossem a Grimmauld Place.

- Por que só vocês e não eu? - resmungou Sirius. - O que ele estará tramando?

Nem Severus nem Harry sabiam responder a essa pergunta. Sirius despediu-se dando um rápido abraço em Harry e fazendo uma careta para Severus, que respondeu com um arquear de sobrancelhas.

Dumbledore serviu o costumeiro chá, dessa vez com sonhos. Eles estavam todos sentados em confortáveis poltronas e usando bandejas suspensas nos ares.

Severus já havia perdido a paciência há muito tempo e Harry estava começando a perdê-la quando o Diretor começou a falar.

- Severus, Harry, eu os chamei aqui porque tenho uma revelação muito importante a lhes fazer.

Grande novidade, pensou Harry. Ou talvez tivesse sido Severus que havia pensado, Harry não sabia muito bem. Provavelmente os dois haviam pensado ao mesmo tempo.

Como ninguém se animasse a dizer nada, Dumbledore prosseguiu:

- Quando percebi a existência da afinidade mágica entre vocês dois, fiquei muito satisfeito, não só porque achei que faria bem a vocês e que tornaria a magia de vocês mais poderosa, mas também porque ela poderia vir a ser a solução para um problema bastante grave e que eu não sabia como enfrentar.

Dumbledore fez uma pausa, talvez para tomar fôlego. Severus suspirou.

- Fale logo, Albus. Nós já sabemos que aí vem bomba.

- Eu vou falar, Severus, mas não quero que se assustem com o que vou lhes dizer, porque eu creio que há uma saída.

- Tudo bem - disse Harry. - Nós estamos preparados.

- Harry, confesso que temia pelo seu destino. Mas você tem sobrevivido a todas as crises, e sem que sua alma ganhe sequer um arranhão.

Severus se levantou, nervoso.

- Qual é o problema com Harry?

- Sente-se, Severus, e acalme-se.

Severus aproximou-se da cadeira de Harry, por trás, e apoiou a mão em seu ombro.

- Diga logo.

Dumbledore suspirou.

- Quando Tom Riddle foi a Godric's Hollow, quinze anos atrás, ele pretendia fazer uma Horcrux com a morte de Harry. A mãe de Harry se colocou em seu caminho, morrendo para impedir a morte de seu bebê e, assim, criando uma proteção para ele. Quando Riddle tentou matar Harry, o Feitiço Mortal se voltou contra ele próprio. Assim, ele matou a si próprio e esse crime provocou a divisão de sua alma, forçando um pedaço dela a implantar-se em Harry. Harry é uma Horcrux.

As palavras penetraram devagar no cérebro de Harry. Ele era uma Horcrux. De repente, foi como se todas as luzes se houvessem apagado. Harry fechou os olhos, porque não estava conseguindo suportar mantê-los abertos. Voldemort estava dentro dele. O único jeito de Voldemort morrer seria ele mesmo morrer.

- Não é possível! - exclamou Severus. - O Lord das Trevas não tentaria matar Harry se ele fosse uma de suas Horcruxes.

- Oh, creio que Riddle não pensaria duas vezes em matar sua Horcrux se esta lhe parecesse uma ameaça, porque ele está seguro de que ainda conta com outras cinco Horcruxes.

- E Nagini? Nagini também é uma Horcrux? Mas, nesse caso seriam sete Horcruxes. Ele teria dividido a alma em oito partes.

- Não, Severus. Não creio que ele o fizesse. Ele valoriza muito o número sete.

- Sei. Então você estava nos despistando quando mencionou a possibilidade de Nagini ser uma Horcrux.

Dumbledore não respondeu. Harry, que escutava a conversa entre Severus e Dumbledore apaticamente, sentiu as mãos de Severus lhe tocarem os braços.

- Harry?

Harry percebeu que o desespero que dominava Severus era maior que o seu. Abriu os olhos, viu Severus agachado diante de si e o abraçou.

- Vamos ouvir o que Albus tem a dizer - sussurrou-lhe Severus. - Ele disse que há uma saída.

Dumbledore transfigurou a poltrona de Harry em um sofá para dois, de modo que Severus pudesse se sentar a seu lado.

- Eu devia ter imaginado que era melhor deixar vocês juntos desde o começo - disse o Diretor, com um ar divertido.

Harry mordeu o lábio para não xingá-lo.

- Diga-nos, então, o que fazer - disse Severus.

- Tenho plena convicção de que a afinidade mágica poderá salvar Harry. Foi bom vocês terem se aproximado de forma lenta, para que sua mente pudesse acompanhar o processo sem maiores perturbações.

- Se não tivéssemos feito isso de forma lenta, teríamos enlouquecido! - protestou Severus.

- É verdade, Severus. E esse foi um risco que corremos desde o início. Mas eu achei que valia a pena corrê-lo, pois seria a única saída para Harry.

- E qual é essa saída? - perguntou Severus, exasperado.

- É preciso eliminarmos a Horcrux de Harry. Obviamente, se lançarmos um feitiço de extração nele, isso irá colocar a vida dele em risco. Não sabemos o efeito que a extração do pedaço de alma de Riddle poderá ter na alma de Harry. No entanto, com a afinidade mágica, vocês podem unir suas almas, ainda que apenas por um breve instante. Se, nesse instante, eu lançar o feitiço de extração, a alma de Harry estará a salvo.

- A alma dele estará a salvo, por um instante. Mas, e se não for o bastante? E se não der certo?

- Mesmo assim, ainda haverá esperanças. Já vimos que a alma de Riddle não suporta o contato com a de Harry por muito tempo. Creio que o pedaço da alma de Riddle, se chegar a entrar em contato com a de Harry, irá embora.

- E o corpo de Harry?

- Se a alma de Harry resistir, o corpo não será afetado.

Harry virou-se para Severus, e eles trocaram um longo olhar. Depois Harry se virou para Dumbledore.

- Nós vamos fazer o que for necessário.

- Você é um jovem sábio e corajoso - disse Dumbledore. - Eu quero que vocês saiam juntos agora, e conversem. Façam o possível para esclarecer qualquer dúvida que possa haver entre vocês e aumentar o seu nível de confiança e união ainda mais. Quando sentirem que está tudo em perfeita ordem, vocês estarão prontos. Se isso levar um ou dois dias, não tem importância: podemos esperar dois dias. Quando estiverem prontos, eu quero que vocês me tragam o Graal.

~*~*~

Harry e Severus conversaram sobre onde gostariam de ir e, curiosamente, a primeira imagem que se formou em suas mentes foi a do lago verde onde haviam passado quando procuravam o esplumeor de Rowena Ravenclaw no Great Glen.

Era um dia agradável de verão, com uma brisa fresca soprando. Eles aparataram junto às margens do lago, entre pinheiros, bétulas, nogueiras e sorveiras-bravas. O sol de verão era intenso, e apenas algumas nuvens brancas pontuavam o céu azul. Sentaram-se à margem do lago, o vento agitando-lhe os cabelos. Severus se inclinou para Harry e o beijou com suavidade.

- Se eu morrer agora... - começou Harry.

- Você não vai morrer. Não diga isso.

- Mas se acontecesse agora, seria num belo momento.

Severus tomou-lhe o rosto entre as mãos, agora com violência.

- Não quero saber de nada disso, está entendendo? Você vai viver.

- Ai!

Severus largou-o de imediato.

- Machuquei você?

- N-não. Quer dizer, você só segurou minha cabeça com força, e me assustou um pouco. - Harry viu a expressão triste de Severus e percebeu que ele o havia entendido errado. - Não, eu não me assustei porque achei que você fosse me machucar. Você nunca faria isso. Eu me assustei porque você... está sofrendo.

- Não consigo pensar em perder você.

Um martim-pescador mergulhou nas águas, criando ondas sobre a superfície.

- Dumbledore mandou que nos entendêsseemos, que acertássemos todas as nossas diferenças. Será que isso é possível? - perguntou Severus.

Harry riu.

- Claro que não.

Severus arqueou uma sobrancelha.

- Você está aprendendo a ser sarcástico.

- Não é de surpreender, não? Convivendo com você em minha mente!

Os lábios de Severus se curvaram de leve, e ele não disse nada.

- E você está aprendendo a sorrir, sabia? - disse Harry.

- Eu? Nunca!

- Já que nunca vamos nos entender, talvez seja melhor irmos buscar o Graal de uma vez - sugeriu Harry.

Severus tirou do bolso a estranha concha que sempre levava consigo: a ptyx.

- Er... Para que serve isso mesmo? Um dia você me disse que isso continha o nada, e eu fiquei boiando - disse Harry.

- É verdade. A ptyx é o único objeto capaz de conter o nada. Eu sempre o tenho comigo, porque... se eu a segurar e disser o encantamento certo, minha alma será tragada por ela, e o Lord das Trevas não poderá ler mais nada em minha mente.

- Mas Severus, isso seria como o beijo do Dementador!

-É só um último recurso, para que o que eu sei sobre a Ordem não a coloque em risco. Nunca precisei usar. Meus poderes de Oclumência sempre foram suficientes para barrar o Lord das Trevas.

- Dumbledore sabe que você tem essa ptyx?

- Foi ele que me deu, Harry.

Harry balançou a cabeça, inconformado.

- Jogue isso no lago - pediu.

- Não seja tolo. A ptyx me faz sentir mais seguro. É importante para mim. Além do mais, é uma Chave de Portal para o escritório do Diretor, em Hogwarts.

- Ah! Isso é esperto. Quer dizer que você sempre voltava das reuniões dos Comensais direto para o escritório de Dumbledore?

- Sempre que possível. Às vezes eu precisava aparatar em algum lugar primeiro, para não despertar suspeitas.

Harry estremeceu só de pensar em tudo o que Severus tivera de suportar, e no que eles ainda precisariam enfrentar.

- Severus, pensando bem, eu acho que, antes de irmos, precisamos resolver isso. Nós temos de aprender a aceitar a morte, se quisermos vencer a última barreira.

Severus deu um sorriso irônico.

- Comermos a nossa própria morte...

Harry teve um arrepio.

- Agora você me deixou confuso. Acha que os Comensais da Morte...

- Os Comensais da Morte são uma deturpação da idéia de vencer a morte, de superá-la. Na verdade, o Lord das Trevas teme a morte acima de tudo, e seus asseclas aprendem a se alimentar da morte dos outros, sem nunca terem enfrentado a questão da própria morte. É uma atitude covarde.

- Acha, então, que você e eu podemos comer nossa própria morte?

- O Livro da Lei diz Uma festa para o fogo e uma festa para a água; uma festa para a vida e uma festa ainda maior para a morte! O Baphomet incorpora o leão, que é o amor à vida, e a serpente, que vence a morte ao se regenerar. Na verdade, o Baphomet mostra que a vida e a morte são apenas fases diferentes da mesma manifestação de energia.

- O que mais diz esse Livro da Lei?

- Amem um ao outro com corações ardentes.

- Oh, essa é fácil! - Eles trocaram um olhar intenso. - Mas você não respondeu a minha pergunta. Acha que conseguimos comer nossa própria morte ou não?

- Eu não consigo comer a sua morte.

Harry deu um longo suspiro, e ficou pensativo.

- Se você morresse, eu não iria querer ficar por aqui sem você, também. Por que não fazemos um pacto?

- Gryffindors... Não acha que isso é romântico demais?

- Talvez. Eu sei que é uma idéia que me ajuda a ir em frente. Pensar que, se você for, eu irei também. Sabe, eu sei que existe vida do outro lado do véu. Eu ouvi as vozes das pessoas vindo de lá. Eu não estou dizendo que você tenha de se matar se eu morrer. Mas nós podemos pensar que vamos nos reencontrar, mais cedo ou mais tarde.

- Se nos encontrarmos de novo, seja onde for, você irá me amar? - perguntou Severus.

- Meu coração arderá por você - respondeu Harry, com um sorriso.

Então Harry ergueu os olhos para Severus, e seus olhos se encontraram. Dessa vez, não havia nada na mente de Severus além da pura aceitação de dividir seu destino com o de Harry, para sempre.

Um brilho no canto dos olhos de Harry chamou-lhe a atenção e o fez se virar para o lago. Pairando sobre a superfície das águas, estava o cálice de ouro, incrustado com pedras preciosas tão brilhantes que era difícil olhar para elas. Severus voltou-se para lá também.

- O Graal! Como isso é possível?

- Não sei, Sev, mas é muito bom não ter de descer de novo naquela maldita Câmara. Tenho certeza de que Moaning Myrtle ia aparecer e causar problemas, que a estátua de Slytherin não ia querer nos deixar entrar e assim por diante. Já passamos por tudo isso, acho que o Graal já é nosso.

- Espero que ele saiba disso.

- Se ele não soubesse, não teria aparecido para nós aqui! A não ser que tenha sido essa sua ptyx que fez isso.

Os dois entraram no lago, seguraram o cálice e o levaram para a margem do lago. O grande cálice não pesava mais do que uma pluma.

~*~*~

Aparataram no escritório de Dumbledore em Grimmauld Place, carregando o Graal em seus braços. Dumbledore os saudou com um amplo sorriso e olhos brilhantes, e indicou-lhes uma alta mesa de mogno, ao centro do escritório, para colocarem o Graal.

- Não os esperava tão cedo. O Graal apareceu a vocês, não foi?

- Apareceu - disse Harry.

- É um ótimo sinal. Isso significa que estamos no caminho certo. O Graal concentra em si a fonte inexaurível da vida, e vocês estão em plena sintonia com ele - Dumbledore parecia revigorado, irradiando entusiasmo. - No centro do Graal, o movimento do tempo e a imobilidade da eternidade estão juntos.

- O que devemos fazer agora? - perguntou Severus.

Dumbledore acariciou as penas vermelhas resplandescentes de Fawkes, que estava em seu poleiro. Então voltou-se novamente a Severus e Harry e passou um braço ao redor de cada um deles - Severus à sua esquerda e Harry à sua direita.

- Quero que vocês dois toquem no Graal ao mesmo tempo e se concentrem em seu vínculo. Mantenham-se unidos. Sejam um só. E fiquem tranqüilos.

Harry fez o que Dumbledore lhe pedira, e uniu sua mente à de Severus. Todos os seus poros absorveram a mensagem clara que Severus lhe passava, a de que estava com ele, de que o amava.

Eu também amo você, pensou Harry, e ouviu Dumbledore pronunciar o feitiço:

- Expellianimula!

~*~*~

Tudo escureceu ao redor de Severus mas, ao mesmo tempo, ele sentiu a presença de Harry.

Fique comigo, Harry.

Está escuro.

Para mim também. O importante é estarmos juntos.

Como num sonho, Severus visualizou-se segurando a mão de Harry em meio à escuridão total.

"Lumos!" disse Harry, brandindo sua varinha, e Severus quase lhe disse que isso não iria adiantar nada, pois aquilo não passava de uma imagem que sua mente projetara, mas a verdade é que tudo se iluminou.

Eles estavam diante do Graal, aquele brilho ofuscando seus olhos. Ou melhor, Severus estava diante do Graal, e Harry estava desacordado a seu lado, ainda com as mãos segurando o Graal. Albus e Fawkes estavam a seu lado também, em expectativa.

Harry?

Estou aqui, Sev. Parece que estou fora do meu corpo. E se eu nunca mais conseguir voltar? Vou ficar assombrando o seu corpo?

Não pense nisso. Descanse. Eu vou dormir também. Quando acordarmos, tudo estará bem.

 

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