CAPÍTULO 6 - Cenários e Máscaras

 

- Não faça isso, me largue - disse Snape, visivelmente tentando se controlar diante das ondas de magia que circulavam ao redor dos dois.

- Você... seu desgraçado, você teve a coragem de me fazer esquecer aquilo, por quê? - Recuou um pouco e o fitou da cabeça aos pés. - O que está tentando fazer, está tentando se matar? Você tem que ir para a enfermaria!

- Não, aquele lugar é medonho.

Afastou Harry com delicadeza e firmeza ao mesmo tempo. Então despejou em tom sarcástico:

- Não vai ser dessa vez que você vai poder comemorar o fim do seu maldito professor de Poções.

- Está tentando me enrolar, mas eu não vou cair nessa. Você precisa se cuidar. Se não quer ir para a enfermaria, eu podia ajudá-lo a cuidar desses ferimentos.

O previsível esgar se estampou no rosto de Snape.

- Essa história eu já conheço, é o maior clichê. Mas é totalmente out of character para mim. Eu não vou fazer esse papel. Esse lance de hurt/comfort explora emoções básicas das pessoas, é muito apelativo e de mau gosto. Além do que, já encheu o saco. Com o perdão da palavra.

- Er... Você está bem? Do que está falando?

- Estou falando que esse golpe é muito velho, Potter. Possíveis cenários. Número um: você prepara um banho para mim, com poções curativas; me leva para a banheira, e pergunta se eu quero que esfregue as minhas costas. Para ter mais liberdade de ação, você também tira a roupa e entra na banheira... Número 2: eu tiro a roupa, me deito na cama, e você começa a esfregar aquele bálsamo especial, que cura todos os ferimentos. Você espalha o bálsamo devagar, com movimentos sensuais... por todo o meu corpo... Número 3: você diz que não vai me deixar sozinho nesse estado, e resolve que vai dormir no meu quarto. Como eu só tenho uma cama, e bastante espaçosa... Enfim. Se são esses os cenários que você imaginou, desista. Nada disso vai acontecer

- É você que está criando todos esses cenários, eu nunca falei nada disso. Pra começar, quem falou pra você que eu sou gay? E pior: por que eu iria querer dormir com um velho seboso?

Snape estreitou os olhos, fixando-os em Harry como que para fulminá-lo.

- Muito bem, sr. Potter. Caia fora.

- Beleza. Assim você continua com o seu papel preferido. Número 1: o de mártir. Você se sente culpado e acha que tem uma dívida a pagar. Então não aceita ajuda de ninguém e sofre sozinho, até o fim... quando, provavelmente, irá se sacrificar para se redimir. Número 2: você usa uma máscara que o faz parecer frio e inacessível. Você usa essa máscara há tanto tempo que não consegue mais tirar. Número 3...

- Chega, Potter. Estou cansado. Não sei por que esse maldito espelho, em vez de mostrar o futuro, refletiu imagens daquele dia e fez reverter um encantamento tão complexo quanto o Feitiço do Esquecimento. Mas, se for necessário, para mantê-lo longe de mim, repetir o Feitiço mil vezes, eu repito, está entendendo? Agora caia fora daqui.

- Er... E o ensaio que me mandou redigir?

- O que é que tem? É só me entregar.

Harry recolheu as folhas de cima da mesa, e estendeu-as a Snape.,

- É que... eu fiquei com algumas dúvidas.... Gostaria que me explicasse.

Mais uma vez, Snape estreitou os olhos ameaçadoramente.

- Amanhã. Venha aqui à mesma hora que veio hoje.

 

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