9 - Mais Revelações e Planos

 

O clima em Grimmauld Place era, como quase sempre, sombrio. Como o sr. Weasley passaria a maior parte do tempo fora - no trabalho ou visitando a esposa, que continuava em coma -, Dumbledore destacara Lupin para tomar conta das crianças em tempo integral.

Depois que todos haviam chegado, arrumado suas coisas em seus quartos e almoçado, Lupin, ainda à mesa do almoço, relatou o que estava acontecendo.

- Akhmatov era um espião de Durmstrang em Hogwarts - iniciou.

- O quê? - espantou-se Ron.

- Ah, eu sabia - disse Hermione. - Ele estava sempre andando pela escola, e tomando nota das coisas. Era um comportamento muito estranho.

- Sim, Hermione, eu ficaria surpreso se você, observadora como é, não tivesse notado. Acontece que o Diretor também notou, e o chamou para conversar. No final, Dumbledore deixou que ele continuasse seu trabalho.

- Como assim? - perguntou Ginny. - Ele era um duplo espião?

- Não exatamente. O Diretor sempre quis uma aproximação maior com as outras escolas de magia. E concordou em deixar que Akhmatov passasse a seus superiores as informações que eles desejassem. Porque os atuais diretores de Durmstrang não apóiam Voldemort, e estão dispostos a fazer um acordo conosco.

- Esses lances de política e espionagem sempre me deixam confuso- reclamou Ron.

- O problema é que um grupo minoritário em Durmstrang, chefiado por Karkaroff, que estava escondido desde a volta de Voldemort, fechou um acordo com Voldemort sem que os atuais diretores soubessem. E, sabendo do papel que Akhmatov exercia em Hogwarts, eles o capturaram durante as férias e o enviaram de volta sob Imperius.

- Que sacanagem! - exclamou Ron.

- E onde está Snape? - Harry, enfim, se animou a perguntar.

Lupin olhou para Harry com gravidade.

- Logo após o desaparecimento de Akhmatov, o professor Snape foi chamado por Voldemort. Quando retornou, ele nos contou que Akhmatov, sob Imperius, implantou em Hogwarts um objeto mágico, do tipo que chamamos um "Cavalo de Tróia mágico", de elevado poder destrutivo, e que destrói toda e qualquer proteção mágica aplicada a um local. Esse objeto, o Veneficus Troianus, foi produzido em Durmstrang pelos maiores especialistas em Artes das Trevas. Ele age lenta e progressivamente. Em uma semana, se não conseguirmos desativá-lo, ele destruirá as defesas do castelo, e Voldemort invadirá Hogwarts.

- Oh, não! - exclamou Harry. Os quatro amigos se entreolharam, aterrorizados.

- O plano original dele era fazer a guerra lá dentro, e destruir todos os que se colocassem ao lado de Dumbledore. Graças ao professor Snape, Dumbledore encontrou o objeto a tempo de enviar todas as crianças para casa, e esse plano foi frustrado. No entanto, acreditamos que Voldemort não desista de conquistar o castelo para si. E se Dumbledore ficar lá, como acho que ficará, Voldemort tentará matá-lo.

- Essa coisa não pode ser destruída? - perguntou Ron, atordoado.

- Neste momento, os professores McGonagall, Sprout, Flitwick e Snape estão com o Diretor em Hogwarts, tentando desativar o Veneficus Trojanus e ajudando a reforçar as defesas do castelo. A desativação envolve grande perigo, pois ele destrói tudo o que o toca, vivo ou não. O Ministério mandou seus especialistas também. Entre os quais o seu amigo Lescaux, Hermione, que lhe mandou um abraço.

Hermione abriu um sorriso entre orgulhoso e preocupado; Ron fez uma careta.

Uma sensação mista de alívio e preocupação invadiu Harry: Severus estava bem, mas ainda corria perigo. Queria muito estar com ele agora, e poder ajudar. Mas sabia que Dumbledore não os deixaria ir.

Precisava encontrar um jeito de escapar da vigilância da Ordem e fazer alguma coisa.

~* ~* ~

Ao final da tarde, os gêmeos apareceram em Grimmauld Place, querendo fazer uma reunião com Harry, Ron e Ginny. Mas, como Hermione também estava lá, o único jeito seria contar seus planos a ela também. Subiram todos para o quarto de Harry e Ron, e dividiram-se entre as duas camas - Hermione, Ginny e Harry na cama de Harry, os gêmeos e Ron na cama de Ron.

A princípio, Hermione declarou-se terminantemente contra a idéia de montar um grupo paralelo à Ordem. No entanto, quando os gêmeos começaram a expor seus planos, ela passou a escutá-los com atenção.

Inspirados no Mapa dos Marauders, Fred and George haviam criado um pergaminho encantado que, ligado a um pequeno alfinete, mapeava a localização da pessoa que o portava. Assim, se pregasse o alfinete às roupas de um Comensal da Morte, eles poderiam acompanhar os movimentos dele e mapear a sua localização.

Aquilo era um instrumento e tanto. Mas Hermione insistia em que eles deveriam entregar o mapa à Ordem.

Harry se mantivera calado durante toda a exposição dos gêmeos, absorto.

- Pessoal, eu tenho uma idéia - disse ele, por fim.

Todos olharam para ele.

- Diga, Harrizinho - falou Fred.

- Escutem, isso é segredo. Não deve ser revelado a ninguém.

- Claro! Nós somos verdadeiros túmulos - disse George. - E estamos juntos para o que der e vier, não estamos? Não pode haver segredo entre nós.

Harry olhou para Fred e George com desconfiança.

- Pois bem. Snape desenvolveu uma poção que altera a personalidade dos Comensais da Morte, e faz com que eles não suportem mais a idéia de serem Comensais da Morte.

- O quê? Tem certeza de que isso não é um delírio seu? - perguntou Fred.

- Tenho, eu trabalhei com ele nessa poção.

Os olhos de Hermione brilharam.

- Se conseguirmos pregar o alfinete na roupa de algum Comensal da Morte... poderemos usar o mapa, encontrar os esconderijos dos Comensais da Morte e colocar essa poção na caixa d'água deles! - disse ela.

- Genial! - exclamou Ginny.

- É isso - disse George. - Não podemos perder tempo. Onde está a poção, Harry?

Harry passou a mão nos cabelos.

- Talvez Snape tenha um ou dois frascos, mas nós vamos precisar de uma quantidade muito maior. Vamos ter de fabricá-la. Não vai ser nada fácil. Nem sei se me lembro de tudo... vocês sabem que eu não sou muito bom em Poções...

- Não podemos colocar Snape sob Imperius? - perguntou Ron.

- Ótima idéia, maninho! - exclamaram Fred e George em uníssono. - Podemos também pregar o alfinete do Mapa da Clique nas vestes dele.

Hermione balançou a cabeça.

- Era isso que eu temia. Não percebem que Snape é importante, e que não podemos atrapalhar a Ordem?

- Mas Hermione - disse Ron -, ele nunca vai concordar em nos ajudar! O único jeito é...

Ron empalideceu. Nesse exato instante, um vulto negro surgiu no meio do quarto, entre as camas, segurando uma concha nas mãos - uma chave de portal.

- Muito bem, senhores. Quem vai ser o primeiro a tentar?

Todos se encolheram, exceto Harry, que abriu o maior sorriso e teve de se conter para não se jogar em cima de Snape.

Snape deu um giro bem lento, fuzilando a todos, um por um, com seu olhar de basilisco.

Hermione se levantou.

- Professor, nós confiamos no senhor, e não vamos atacá-lo. Não é, amigos?

- Ahem - disseram Fred e George.

- O senhor tem autorização para vir aqui com uma chave de portal? - perguntou Ron.

- Isso não é da sua conta - despejou Snape.

- Como você sabia? - perguntou Harry.

- Tenho meus próprios informantes, sr. Potter.

Harry franziu as sobrancelhas. De repente, virando os olhos, deu com o retrato de Phineas e achou que o antigo Diretor estava com um estranho ar de curiosidade e culpa ao mesmo tempo.

- Ah... Sei. Eu devia ter pensado nessa possibilidade - disse Harry. - A boa e velha lealdade Slytherin.

Ninguém além de Snape, Harry e Phineas estava entendendo nada. Aquela conversa estava ficando surreal.

- Snape - disse Fred -, o nosso plano é bom.

- No entanto, vocês precisam da ajuda do velho e seboso morcego... - sussurrou Snape por entre os dentes.

- Vamos esquecer nossas diferenças, em nome da causa - disse George, tentando manter a seriedade.

- Eu estou disposto a colaborar... desde que seja eu a dar as cartas em toda essa história - replicou Snape.

Fred e George se entreolharam com uma expressão de desânimo.

- Diga quais são os seus termos - disse Fred.

- Para começar, Harry Potter não se envolverá em nenhuma de suas ações diretamente.

Harry bateu com o punho sobre o colchão, exasperado. Hermione segurou-lhe o braço, como que para pedir-lhe calma.

- Nós aceitamos - disseram os gêmeos em uníssono.

Harry cruzou os braços, furioso. Traidores malditos.

- Não é só isso - disse Snape, e prosseguiu relatando exatamente como o plano deveria ser executado.

 

 

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Ptyx, Outubro/2004