7 - Dúvidas

 

Na primeira aula de Poções do ano, Harry sentira aquela expectativa: como seria ver Snape de novo, de perto? Sempre que tentava "sentir" Snape dentro do castelo, as emoções que recebia eram confusas. Sentia que Snape se importava com ele, e que o vínculo entre eles continuava tão forte como antes, mas havia também uma forte resistência. Agora, frente a frente, como os dois reagiriam?

Mas Snape o ignorara completamente, tanto na primeira quanto na segunda aula.

De resto, nunca uma primeira semana de aulas parecera tão rotineira e entediante a Harry. Chegara a sexta-feira, e Harry se perguntara se, à noite, valeria a pena procurar pelo Vira-Tempo de Snape atrás de Balduíno e seu Balde. A voz de Hermione o acordou dos devaneios.

- Harry, olhe lá, Akhmatov não está agindo estranho?

Estavam na biblioteca, supostamente tentando redigir o primeiro ensaio do ano para McGonagall. O professor de Defesa Contra as Artes das Trevas olhava para todos os lados, como se procurasse alguma coisa nos ares.

- Ah, esse cara é maluco mesmo - disse Ron. - Ele sempre foi esquisito. Mas pelo menos ele conseguiu superar a barreira do primeiro ano como professor de Defesa Contra as Artes das Trevas aqui, não é?

- Isso não quer dizer nada - disse Harry, mal-humorado. - Quirrell também ficou aqui dois anos, e vocês sabem quem estava escondido no turbante dele. Realmente, eu sinto uma energia ruim em torno dele.

Ron abraçou a si próprio, como que para se proteger de um calafrio.

- Você consegue sentir isso por causa dos poderes que adquiriu na Mandala?

- É. Mais ou menos. É algo meio vago, mas acho que a gente deve ficar de olho nesse cara.

~* ~* ~

À noite, Harry não foi procurar o Vira-Tempo. No fundo, sabia que Snape não iria tomar a iniciativa. Ele é que teria de procurá-lo. Mas... o que diria a ele? Porque Harry acabara aceitando participar do grupo dos gêmeos, e Snape jamais aceitaria aquilo.

Ron e Ginny também haviam entrado no grupo. Haviam decidido não contar nada a Hermione, pois sabiam que ela não aprovaria a idéia, e talvez decidisse contar tudo a Dumbledore.

Hermione não parecia perceber que estavam lhe escondendo algo. Além de estudar o tempo todo, como sempre, ela agora era Monitora-Chefe. Nas poucas horas de folga, escrevia longas cartas a Axel Lescaux, que fora contratado pelo Ministério para trabalhar em um projeto de segurança no Departamento de Mistérios. O sonho de Lescaux era ser um Inominável.

Virando-se na cama de um lado para o outro sem conseguir dormir, Harry começou a lutar contra a sensação de culpa. Podia estar no chalé de Snape agora, em seus braços. Será que valia a pena ter sido tão teimoso?

Mas não era uma questão de valer a pena, disse a si mesmo. Se mais alguém morresse, aí é que ele se sentiria realmente culpado.

~* ~* ~

Acordou suando frio, e com o rosto de Ron preocupado à sua frente.

- O castelo. Há algo de errado com o castelo - disse Harry.

- Foi outro pesadelo, Harry.

Harry se sentou na cama e tentou se lembrar.

- É no quarto andar. Na passagem bloqueada, atrás do espelho. Eu vou falar com Dumbledore.

Sob o olhar espantado de Ron, Harry vestiu o manto por cima do pijama e saiu do quarto.

~* ~* ~

- Caramelitos! - disse Harry à gárgula, torcendo para que o Diretor não houvesse mudado a senha.

A gárgula pulou para o lado, e Harry adentrou a escada em espiral, que o levou até a porta do Diretor.

A porta estava entreaberta. Uma voz que Harry conhecia muito bem vinha lá de dentro.

- Albus, eu sei que há algo errado com ele. Você precisa fazer alguma coisa.

- Por que é que você sempre tem algo contra os professores de Defesa Contra as Artes das Trevas?

- Não tenho nada contra esses incompetentes que você contrata! A não ser o fato de que eles são assassinos, fraudes, Comensais da Morte ou Merlin sabe lá o que mais!

Harry abriu a porta completamente.

- Erm...

- Harry! - exclamou o Diretor.

- Potter - disse Snape, em tom intrigado.

- Eu precisava falar com o senhor, Diretor.

- Entre, Harry. Puxe aquela cadeira à esquerda aqui para junto da mesa e sente-se. Você também, Severus, sente-se. Pare de rodopiar de um lado para o outro, está me deixando tonto!

Snape cerrou os punhos e, derrotado, sentou-se em uma cadeira que já estava diante da escrivaninha de Dumbledore. Harry pegou a cadeira indicada e se sentou, assim como o próprio diretor.

- Então, Harry, a que devo a honra de sua visita... após a hora do toque de recolher?

- É o castelo, Diretor. Há algo de errado. Eu sinto. É como se o castelo houvesse sido ferido.

Dumbledore arregalou os olhos e meneou a cabeça.

- Então você também sentiu. Isso significa que os seus poderes de percepção estão realmente elevados.

Snape olhava do Diretor para o aluno com expressão intrigada.

- Harry, a Mandala o tornou mais perceptivo em relação ao castelo. Você sente que há algo diferente no castelo esta noite. Eu também.

- Diretor - acrescentou Harry, agoniado -, é no quarto andar. Na passagem atrás do espelho. Há algo de errado lá.

- Eu sei, Harry. Só não sabemos exatamente o que é. Mas parece que Hogwarts está em perigo. Eu vou mandar isolar aquela área, já que o problema parece localizar-se lá. Fique tranqüilo. Pode voltar ao seu dormitório.

 

 

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Ptyx, Outubro/2004