Eu sou mesmo um idiota. Devia ter concordado com ele. Agora ele está lá, solto, livre para fazer as idiotices que lhe der na telha.

E ele está lá, com o lobisomem. Agora ele tem conversas íntimas com o lobisomem, que é tão compreensivo, tão amável, e está tão perto...

Não. Eu sou mesmo um idiota por ter me envolvido desse jeito com ele. Foi aí que eu errei, e não agora.

Atravessando a sala de seus aposentos particulares nas masmorras, Snape abriu o bar e pegou a garrafa de Firewhisky.

Eu poderia avisar Albus. Ele chamaria os malditos gêmeos e os colocaria na linha. Acho que essa é a única alternativa. Harry vai me odiar ainda mais, mas pelo menos vai estar vivo para me odiar.

~* ~* ~

Uma semana se passou sem que Snape conseguisse se decidir a respeito do que fazer. Chegou o dia de as aulas recomeçarem, e Snape, parado à entrada do castelo, sentiu um profundo alívio ao ver Harry desembarcar da carruagem junto com Granger e os dois Weasleys mais novos. Harry estava de novo em Hogwarts, onde ele poderia vigiá-lo e protegê-lo.

Tentou dizer a si mesmo que não importava que Harry estivesse zangado e não quisesse mais falar com ele.

Mas o tempo todo ele olhava para ver se o anel ainda estava em seu dedo.

~* ~* ~

Passou a primeira semana de aulas tentando ignorar Harry, mas vigiando-o de longe. Na sexta-feira, olhou para o Vira-Tempo com olhos de desejo. Valeria a pena tentar ir para o chalé e deixar o Vira-Tempo para Harry ir pegar?

Tolice. Harry não iria nem mesmo se lembrar do morcego seboso, do chalé, do Vira-Tempo.

À noite, em seu quarto nas masmorras, arrependido de não ter tentado um contato com Harry, Snape entrou debaixo das cobertas e procurou a única forma que possuía de aliviar a tensão. Visualizando cada detalhe de Harry - o corpo esguio, a pele macia, os cabelos revoltos, os olhos cor de esmeralda, o sorriso inocente, Snape gozou em sua própria mão, murmurando o nome de Harry. Foi bom. Não preenchia o vazio que sentia em sua alma, mas pelo menos assim ele conseguia dormir.