Lá estavam eles, todos juntos de novo, naquele lugar soturno. O quadro da sra. Black ainda os atormentava sempre que alguém fazia algum ruído mais alto. E a fileira de cabeças de elfos agora incluía a de Kreacher, que morrera - aparentemente de morte natural - poucos meses após o desaparecimento de Sirius.

Estavam todos reunidos à mesa da cozinha: Minerva McGonagall, Remus Lupin, Kingsley Shacklebolt, Nymphadora Tonks, Alastor Moody, Hestia Jones, Emmeline Vance, Elphias Doge, Albus Dumbledore, Severus Snape e Harry Potter. Assim que Harry chegara, todos haviam ido abraçá-lo e dizer-lhe palavras de conforto. Lupin o levara até a mesa e sentara-se a seu lado. Snape, do lado oposto, observava tudo atentamente, e ouviu quando o lobisomem disse a Harry:

- Eu vou ficar aqui com você, Harry. E amanhã irei com você até St Mungo.

Snape tentou manter a frieza. Sabia que devia ficar agradecido a Lupin por tomar conta de Harry em um momento difícil como aquele, mas não conseguia conter a raiva. E o ciúme. Não era justo que não pudesse ser ele a pessoa a ficar com Harry!

- Dumbledore, acha prudente deixar Harry participar da reunião? - perguntou Shacklebolt.

Snape viu Harry cerrar os punhos, parecendo prestes a estourar.

- Não vamos discutir hoje nenhum assunto sigiloso, Kingsley. E o menino está sozinho aqui, não teria com quem ficar. Os Weasleys são a família adotiva dele, e seu melhor amigo está no hospital. Acho que ele precisa escutar o que eu vou dizer tanto quanto vocês.

- Como está Arthur? - perguntou Lupin.

- Ele foi direto do Ministério para St Mungo. O coitado estava em pânico - respondeu Tonks.

- Como isso foi acontecer? - Lupin parecia inconformado. - Severus, você não soube nada desses planos?

- Não. Isso não deve ter sido decidido em uma reunião de cúpula, ou eu teria sido chamado. Talvez tenha sido iniciativa isolada de um grupo, querendo cair nas graças do Lorde das Trevas. Ou eles estão desconfiando de mim e não me chamaram para a reunião - respondeu Snape.

- Provavelmente alguém soube que Harry iria passar as férias lá, e resolveu atacar. O que eles não sabiam é que nós resolvemos mandar Harry para a casa de Severus, para aprender a aparatar - disse Dumbledore.

- Mas Albus, quem, além de nós, sabia que Harry deveria ir para A Toca? - perguntou McGonagall.

- Todo mundo sabe que eu passo o final das férias com os Weasleys - despejou Harry. - Pode ter sido qualquer um. Draco Malfoy, por exemplo.

Snape assumiu uma cara de ofendido, mas não disse nada.

- É verdade - concordou Dumbledore. - No entanto, pela data em que isso ocorreu, se é que Harry era o verdadeiro alvo, eles devem ter deduzido que Harry não estava mais com os Dursleys, e concluído que estava com os Weasleys.

- É muito simples - observou Snape. - Eles podem estar vigiando Mrs. Figgs e Mundungus Fletcher. Sabem que, quando os dois param de rondar a casa dos Dursleys, é porque Harry não está mais lá.

- Bem pensado, Severus - disse Dumbledore.

- O que eu quero saber é o que a Ordem irá fazer para deter Voldemort. As pessoas não podem continuar a ser atacadas desse jeito - protestou Harry.

- É exatamente em momentos como este que mais precisamos manter a calma e agir com a cabeça, não com o coração, Harry. - O Diretor lançou a Harry um olhar profundo. - Todos nós estamos tristes e preocupados com o que aconteceu. Mas a última coisa que podemos fazer é nos lançarmos em um ataque desordenado contra os Comensais da Morte.

- Nós estamos muito vulneráveis - observou Moody. - Qualquer um pode nos atingir. Precisamos reforçar nossas defesas.

- Sem dúvida, Alastor, sem dúvida. E você, Severus, fale com Lucius Malfoy o mais cedo possível, para descobrir quem é o autor desse ataque. Procure Lucius primeiro, para verificar se a sua posição está segura. Não fale diretamente com Riddle.

Snape assentiu com a cabeça. Eram conselhos óbvios. Albus está só enrolando aqui, pensou. E Harry está a ponto de explodir.

- Mas qual é o plano para acabar com Voldemort? - insistiu Harry, em desespero.

- Precisamos manter a calma. Não é este o melhor momento para tomarmos decisões. Precisamos saber o que há por trás desse ataque. E, como Alastor muito bem disse, precisamos reforçar nossas defesas.

Naquela noite, Snape foi dormir em suas masmorras em Hogwarts. Não conseguiria dormir no chalé sem Harry.