Chegara a hora de Harry partir para A Toca. Depois da briga da manhã, quando o anel desaparecera, eles haviam passado uma manhã tranqüila, e almoçado já em um clima melancólico de separação.

- Seria tão bom se a gente pudesse ficar junto sempre - disse Harry.

Snape meneou a cabeça.

- Nosso relacionamento não sobreviveria a uma semana juntos.

Harry o encarou com expressão de dúvida.

- Diga que não vai sentir saudade.

- Não vou sentir saudade.

- Você é impossível mesmo - disse Harry, fechando a cara.

- Não estou dizendo? Eu faço o que você manda e você fica zangado. - Snape puxou-o delicadamente para perto e abraçou-o com força. - É só por duas semanas. Depois nos veremos em Hogwarts.

- Sei. Onde você vai continuar me torturando naquelas malditas aulas de Poções.

- Você gosta de ser torturado. Ou não estaria aqui.

Harry passou as mãos pelas costas de Snape, com ternura.

De repente, um clarão iluminou a sala, e um crepitar de chamas se fez ouvir. Com reflexos rápidos, Snape empurrou Harry para longe, e virou-se para a lareira.

O rosto de McGonagall surgiu em meio às chamas verdes.

- Severus.

- Minerva?

- Oh, olá Harry - disse McGonagall. - Eu não trago boas notícias.

- Diga logo, Minerva - despejou Snape.

- A Toca. Foi atacada. Pelos Comensais da Morte.

- Não! - exclamou Harry, aproximando-se do rosto de McGonagall.

- Maldição - praguejou Snape, ficando pálido.

- Ron! Como está Ron? - gritou Harry, em desespero.

- Ron foi ferido, mas não corre perigo de vida. Ginny também. Mas Molly está em estado grave. Os três estão em St. Mungo. Arthur não estava em casa no momento do ataque. E os outros meninos não estão mais morando lá, como vocês sabem.

Snape olhou para Harry, que parecia precisar muito de um abraço naquela hora. Mas McGonagall estava ali.

- Eu quero ver Ron.

- Ele ainda não pode receber visitas. Amanhã você poderá ir. Ele já aprendeu a aparatar, Severus?

- É claro que sim - respondeu Snape, com ar orgulhoso.

- Então venha para Grimmauld Place, Harry. É onde você irá passar o resto das férias. Estamos chamando todos os membros da Ordem para uma reunião aqui, Severus. Venha junto com Harry.

- Ele só poderá aparatar quando prestar o teste do Ministério, Minerva.

- Você é o instrutor dele; desde que esteja com ele, não há problema.

Ah ah. Que grande ironia, pensou Snape.

Assim que o rosto de McGonagall desapareceu entre as chamas, Harry esbravejou:

- Eu não agüento mais isso. Quero acabar logo com esse inferno. Agora chega. Eu vou procurar o seu maldito Lorde das Trevas e acabar com ele.

- Calma, Harry. Vamos lá. Vamos ouvir o que Dumbledore tem a dizer.