Capítulo VIII
Ao chegar no quarto, olho bem dentro dos olhos dele. - Como teve coragem de fazer aquilo comigo? A expressão dele é de total surpresa. - O Avada Kedavra? - Então seus olhos ficam vidrados, sonhadores. - Eu não sabia... que você se importava tanto. Eu também não sabia, até agora. Passo meus braços ao redor de seus ombros, e meus lábios procuram os dele com um desespero que não me lembro de jamais ter sentido. A língua dele é uma chama, e que incêndio essa pequena chama propaga! Tento domá-la com a minha, mas sou ludibriado por suas trapaças. Sou como um carvão diante de carvões incandescentes, como lenha diante do fogo. No entanto, quando nossos lábios se separam, entrego minha varinha a ele. - Não creio que haja mais nada que eu possa fazer por você, por isso considero que nosso Juramento Inquebrável Recíproco chegou ao fim. Como prometido, eis minha varinha. Minha vida está em suas mãos - eu digo. - Sou todo seu; mate-me, ou faça o que quiser comigo. Ele dá um sorriso irônico e acaricia minha varinha com os dedos. Depois larga ambas as varinhas sobre a mesa de cabeceira. - Aceito sua oferta. Quero que você seja meu, sim - ele diz, com um sorriso entre ousado e tímido. - Mas não creio que não haja mais nada que você possa fazer por mim. Creio que ainda posso usá-lo mais um pouco. A idéia não me é de todo desagradável. Não esperava, é claro, que ele me matasse. Não sei como consegui obtê-la, mas conheço sua lealdade Gryffindor. No entanto, seu jeito dominante me surpreende. Ele me empurra, forçando-me a deitar, e fica ajoelhado na cama junto a mim, só me olhando. Ele parece querer me devorar. A sua fome me excita. O fogo cor-de-esmeralda de seus olhos me hipnotiza. Ele levanta minhas vestes e me despe. Ele me olha com adoração, sem me tocar. Quero as mãos dele no meu corpo; é uma tortura tê-lo tão perto e não tocá-lo. Estendo o braço para puxar-lhe a camisola. Ele a tira, junto com os óculos, e se ajoelha de novo diante de mim, o pênis ereto despontando dentre os pêlos negros. Meus olhos acariciam cada centímetro de seu corpo esguio, e meu pênis pulsa de desejo. Ele é tão jovem, tão bonito! Finalmente, ele se deita a meu lado e seus dedos tocam meus ombros, deslizam para o peito, roçam nos mamilos. Fecho os olhos, lutando contra o desejo de agarrar-lhe a cabeça e forçá-la para baixo. Ele sorri, o demoninho, e olha para meu pênis ereto, parecendo encantado com o efeito que exerce sobre mim. Puxo-o para mim e o beijo. Nossas línguas se encontram, e eu saboreio aquele gosto doce que é típico de Harry. Minhas mãos percorrem-lhe o corpo, depois brincam com seus mamilos, beliscando-os de leve. Ele geme. Descolo meus lábios dos dele e vou à procura de sua orelha, lambendo e umedecendo todo o pavilhão externo e mordiscando-lhe o lóbulo. Ele se esfrega contra mim, envolvendo-me em seus braços. - Gosta de se esfregar em mim? - eu pergunto, minha voz rouca de desejo. - Muito - ele responde. Colo meu corpo ao dele; ele é só um pouco mais baixo do que eu agora. Esfrego meu tórax contra o dele, depois o estômago. Introduzo uma perna entre as dele, juntando nossas coxas, e esfrego o pé ao longo de sua perna. Ele pousa a mão sobre meu traseiro e roça um de seus pés contra um dos meus. Quando não restou nenhum pedaço intocado em nossos corpos, eu paro para ver-lhe a expressão: puro desejo. Ele aproveita a minha pausa enfiar o nariz em meu tórax. - Adoro o seu cheiro - diz. - Ele me deixa louco. Você não sabe a tortura que era dormir ao seu lado sem tocá-lo. - Harry... Eu queria muito, também. - Então por que não... Ah, eu sei. Aquele dia da fuga. Eu fui cruel. Eu achava que precisava fugir. - Eu sei. Não quero falar nisso. Seus lábios e língua encontram meus mamilos. Ele toma um deles entre os dentes e me leva à loucura. Ele olha para mim, sorrindo, antes de repetir o processo no outro mamilo. Ele desce pela linha central do meu corpo, mordendo, sugando e lambendo. Ao chegar ao umbigo, introduz a língua em rápidos e repetidos mergulhos. Ele começa a descer mais, e encosta o rosto em meu pênis. Antes que eu perca o controle, seguro-lhe a cabeça com delicadeza e puxo-o para cima pelo braço. - Venha cá. Se não parar agora, será a minha ruína. Ele dá um sorriso torto. - Depois dizem que são os adolescentes não conseguem se conter. Pirralho atrevido. Inverto as posições, imprensando-o contra a cama. Ele geme, mais de prazer do que dor. Mordo-lhe o queixo, o ombro. Ele se contorce todo, começando a gostar demais da situação. Mas eu me afasto bruscamente. - Severus? Abro a gaveta da mesinha de cabeceira e pego o lubrificante que preparei aqui mesmo, com óleos minerais e vegetais da região. Volto-me novamente para ele, abro a tampa e passo o produto em seus dedos, e nos meus também. Ele me olha com um ar inquisitivo. Deito-me diante dele. - Vou fazer em você só para que você sinta como é, e faça comigo do mesmo jeito. - Separo-lhe as nádegas. Ouço o coração dele bater acelerado. Massageio-lhe a região do períneo e, enfim, introduzo o indicador em sua estreita fenda. Ele fica tenso e emite um som sibilante quando ultrapasso a barreira muscular inicial. - Relaxe. Vai ficar bom já, já. Ele se ajeita para ficar em uma posição confortável, e um dedo ousado penetra entre minhas nádegas. Eu o encorajo. - Isso. Assim mesmo. Ele começa a se divertir, entrando cada vez mais fundo e deixando que eu faça o mesmo com ele. - Mais um dedo - eu peço. Agora dois dedos deslizam para dentro de mim deliciosamente e eu colo meus lábios aos dele, ávido por ter mais contato, muito mais. Ficamos algum tempo assim, simulando uma cópula mútua com nossos dedos e trocando beijos molhados. Ele se esfrega de novo contra mim e eu sei que é agora ou nunca... Com certo pesar, retiro meu dedo daquele calor aconchegante e afasto a mão dele de mim. Pego o lubrificante que mantive junto ao corpo, espalho sobre minha mão e começo a espalhar pelo pênis dele, puxando-lhe a suave pele da ponta para cima e de novo para baixo. - Sev... - ele diz, arquejando. - Não me chame de 'Sev' - eu digo, fingindo-me zangado, e continuo o movimento que o enlouquece. - Aaah... Por favor. Eu também não posso esperar mais. - Quero você dentro de mim agora - eu digo, em um tom que não admite discordância. Não que ele pareça ter alguma vontade de discordar! Eu me deito de costas, separo as pernas; ele se posiciona entre elas. Ergo as pernas. Quando, enfim, ele toca minha fenda com seu pênis, eu quase grito de prazer. Ele entra e pára, como que não acreditando no que está acontecendo. Não quero saber de nada disso; remexo-me sob ele e ergo os quadris, indo ao seu encontro. Ele arregala os olhos, e segura meus quadris. Começa a imprimir um ritmo enlouquecedoramente lento. De repente, ele me agarra pela cintura e mergulha com tudo. Entra tão dentro de mim que eu fecho os olhos e vejo estrelas; não tenho palavras para expressar o que ele está fazendo comigo. É inacreditável; é a primeira vez dele. Não devia ser tão bom. Os olhos verdes me ofuscam com seu brilho. Passo as pernas ao redor de sua cintura. Nossos corpos se unem quando ele mergulha até o fundo. Ele agora imprime um ritmo impiedoso, e arqueja a cada vez que vou ao seu encontro. O ângulo é perfeito; ele murmura palavras sem sentido e agarra meu pênis. Eu começo a pulsar e a pulsar, e o mundo se transforma em um caleidoscópio de cores e sensações girando ao meu redor. Quando dou por mim, ele está gozando dentro de mim, murmurando meu nome. Passo os dois braços ao redor dele e sinto os espasmos percorrerem-lhe o corpo. - Meu menino-serpente - eu murmuro junto a seus cabelos revoltos. Ele rola um pouco de lado e enfia os dedos por entre os pêlos do meu peito. Ergue para mim olhos turvos, cheios de emoção, mas não diz nada. Eu não também não digo nada, porque, de novo, ele me deixou sem fala. ~* ~* ~ Estamos aqui há um mês. Os jacarandás já estão floridos. O clima se tornou quente demais para nossas vestes; agora usamos bermuda e camisetas, e dormimos nus. O Lord das Trevas tem me chamado regularmente uma vez por semana. Pediu-me para ir verificar se as suas Horcruxes estão a salvo. Acha que posso muito bem tomar conta de Potter e enfrentar Manticoras e Inferi ao mesmo tempo. Obviamente, eu digo que posso fazer isso, sim. Cada vez que ele me chama, eu o tranqüilizo a respeito de alguma das Horcruxes, inventando histórias mirabolantes. Harry está mais seguro, mais confiante. Nós dividimos as tarefas de casa, e eu não o vigio. Ele sabe que não pode sair dos limites do sítio, pois não seria prudente. Mas o sítio é amplo, cheio de plantas, árvores e animais. É como estar preso no Paraíso - mas é uma prisão, ainda assim. Procuro nele sinais de mudança. Temo que ele se deixe tomar pelo desespero por não conseguir se livrar do pedaço de alma do Lord das Trevas ou, ao contrário, se transforme em um Bruxo das Trevas. Mas ele parece bem, e não parece ter desenvolvido novos poderes maléficos. Às vezes me pergunto se deveria lhe ensinar Artes das Trevas, mas sempre me lembro da convicção de Albus, de que Harry irá vencer pelo poder do Amor. Nós nos damos bem, na cama. Ele é sempre carinhoso, e duvido que tenha alguma queixa em relação a mim como amante. Claro que há sempre uma tensão crepitando entre nós, porque nenhum de nós é calmo ou submisso, mas essa tensão não deixa de ter seus aspectos positivos. Somos muito diferentes e muito parecidos ao mesmo tempo. Contei-lhe toda a minha história. Contei-lhe que Dumbledore me orientou a aproximar-me o mais próximo possível do Lord das Trevas. Ao matar Dumbledore, ganhei a confiança do Lord das trevas. Quando ele decidiu raptar sua Horcrux viva e mantê-la a salvo, longe da guerra, ele entregou Harry aos meus cuidados, e eu aceitei essa incumbência com entusiasmo, pois sabia que era a única forma de ensinar Oclumência a Harry e contar-lhe tudo o que o Lord das Trevas me revelara. Não sei por que Harry ainda está aqui. Receio que seja um impulso suicida: Harry deseja encontrar o Lord das Trevas, e está esperando por ele. Não posso mandá-lo embora; se ele escapar, eu morro, devido ao Juramento Inquebrável que fiz com o Lord das Trevas. Às vezes ele sai a passear pelo sítio, sozinho. Gosta de tocar aquela flauta que eu fiz para ele. O mais estranho é que as cobras se reúnem para ouvi-lo. Sim, as cobras gostam dele. Mas isso não faz dele um Lord das Trevas, faz?
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Ptyx, Novembro/ 2005
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