Capítulo III
No dia seguinte, Harry teve uma idéia que considerou genial. Sabia que, na noite anterior, Snape tinha sentido vontade de beijá-lo. Pois bem, ele iria seduzir Severus Snape. Talvez fosse o único jeito de conseguir sair dali com vida. Ao entardecer, Harry tomou banho, jantou e chamou Snape batendo à porta do próprio quarto. Snape veio de imediato e, assim que abriu a porta, encontrou Harry esperando-o com o roupão entreaberto e nada por baixo do roupão. Harry se aproximou e tentou abraçá-lo, mas Snape recuou, espantado. - O que... o que está tramando, Potter? - Nada. Só achei que a gente podia, você sabe... Snape estreitou os olhos para ele. - Não, não sei. - Você... Ontem, você quis me beijar. Eu sei. Snape cruzou os braços diante do próprio corpo, como que para se defender. Harry avançou novamente para ele, deixando o roupão deslizar por seu ombro. Snape descruzou os braços e cobriu-lhe novamente o ombro, fechando-lhe o roupão e mantendo-o à distância com o braço. - Não... não faça mais isso. Snape deu-lhe as costas e saiu do quarto, e Harry quis morrer. Havia sido rejeitado por Snape. Podia haver algo de mais humilhante? Ter-se oferecido a Snape e ter sido rejeitado? E Snape... Snape nem mesmo zombara dele. Oh, Merlin, que vergonha.
Na manhã seguinte, Harry acordou sentindo uma coisa pegajosa em sua camisola. Maldição. Lembrou-se do sonho. Havia-se masturbado pensando em Snape. Sentiu um forte enjôo só de pensar. Tirou a camisola e jogou-a ao chão, e começou a vomitar. Snape entrou no quarto. Dessa vez Snape nem lhe perguntou nada. Pronunciou um feitiço de limpeza geral, depois se ajoelhou na cama a seu lado e começou a entoar um feitiço, tocando em vários pontos do corpo de Harry com sua varinha. Harry se encolheu - estava nu, envergonhado e tonto. Mas o feitiço de Snape lhe fez bem, e ele relaxou. Snape o cobriu e lhe deu uma poção para tomar. Horas depois, Snape entrou trazendo uma gamela. - Que é isso? - perguntou Harry. - É uma canja. Uma sopa de galinha com arroz, temperada com tomate, alho, cebola e cenouras. Vai lhe fazer bem. Precisa se alimentar. - Está bem, mamãe. Snape deu um sorriso torto. Depositou a gamela sobre a mesinha de cabeceira e ajudou Harry a se sentar. - Sente tontura? - Um pouco. Snape invocou a poltrona para sentar-se junto à cama e ficou observando Harry enquanto ele tomava a sopa. Harry não estava com vontade nenhuma de comer, mas aquela canja era mesmo gostosa e seu estômago não a rejeitou. Quando Harry terminou a sopa, Snape levantou-se e pegou a gamela. - Descanse um pouco, depois tome um banho e se vista. Vamos dar um passeio lá fora.
Um passeio. Seria a sua oportunidade de fuga. Era tudo o que Harry queria. Não podia mais ficar ali. Estava ficando fraco, e começava a ter idéias estranhas sobre Snape. Era agora ou nunca. Não podia, no entanto, se esquecer de que Snape era um extraordinário Legilimente. Teria de evitar que Snape o fitasse nos olhos e, se o fitasse, precisava tentar ludibriá-lo. Harry sabia que era quase impossível, mas precisava tentar.
Snape veio buscá-lo e o fez seguir à sua frente pelo hall, depois escadaria abaixo e através de uma sala de estar envolta em sombras até uma pesada porta em madeira marrom. Lá fora, o sol ainda estava alto e uma brisa amena soprava. Harry quase se sentiu alegre e disposto a desfrutar do belo cenário, mas se lembrou de que não estava ali para se divertir. Precisava se concentrar na fuga. O terreno era bastante acidentado, cheio de subidas e descidas, e salpicado de rochas. De longe, a casa era simpática e imponente, com suas janelas com canteiros enfeitadas com três-marias e seu telhado em ângulo. Harry olhou ao redor e avistou um bosque não muito distante de onde estavam. Se conseguisse distrair Snape e correr até o bosque, talvez houvesse uma possibilidade. - Está melhor? - perguntou Snape. - Estou - Harry apressou-se em responder. Por que diabos Snape se preocupava com sua saúde? Provavelmente era só para incomodá-lo, para distraí-lo de qualquer plano que ele pudesse estar cultivando. Algo em seu tom devia ter alertado Snape de que estava, de algum modo, mentindo, porque Snape segurou-lhe os ombros e o virou para si. Harry se concentrou e pensou nas árvores, nos pássaros e no vento. Snape o fitou com cara de desconfiança, mas o largou e continuou a andar. Ufa. Escapara por pouco. - Que árvore é aquela, de flores roxas? - perguntou Harry. - É um ipê. Está vendo aquela outra de flores amarelas? - perguntou Snape, apontando para uma outra árvore, próxima à primeira. - Estou. - É um ipê, também. Esta outra aqui dá flores lilases, mas só florescerá daqui a cerca de um mês. É um jacarandá. É ela que produz a madeira usada na confecção dos móveis da casa. - Ah, certo. Um bando de periquitos se reuniu em uma árvore próxima, dando guinchos e gritos estridentes. Snape se voltou em sua direção, e Harry achou que o momento era perfeito. Jogou-se contra Snape, derrubando-o ao chão, e saiu correndo na direção do bosque. - Potter! Harry correu como um louco e conseguiu entrar por entre as árvores. Mas os arbustos pareciam ficar mais cerrados à medida que ele avançava, e Harry precisava abrir caminho dando chutes e cotoveladas. Os galhos o arranhavam, rasgavam-lhe as vestes, enganchavam-se nelas. Golpeando para todos os lados para se livrar deles, Harry avançou um tanto às cegas, sem prestar atenção no caminho, até que, dando um passo em falso, viu-se caindo em um poço escuro e profundo. Harry gritou com todas as forças de seus pulmões. Aterrissou cerca de cinco metros abaixo do nível do chão. O círculo de luz, lá em cima, parecia inatingível, porque Harry, ao que tudo indicava, havia quebrado uma perna. A dor na perna e nos ferimentos espalhados por seu corpo era insuportável. Intermináveis minutos se passaram. No fundo do poço, a água gelada chegava-lhe até o joelho, fazendo-o tiritar. Aquilo só podia ser o inferno. Estava entrando em pânico quando o círculo de luz lá em cima sombreou-se, e uma voz ecoou por todo o poço, ressoando várias vezes: - Wingardium Leviosa! O corpo de Harry se elevou e flutuou lentamente para fora do poço. Lá fora, Harry teve de fechar os olhos contra a intensidade da luz. Snape o agarrou e apalpou-lhe o corpo. Harry gemia sem parar, porque estava todo arranhado e ferido, mas quando Snape tocou-lhe a perna, Harry urrou. Snape o deitou na grama e lançou um feitiço para emendar-lhe os ossos. Em seguida, Snape lançou novamente o feitiço de levitação sobre Harry e passou um braço ao redor de sua cintura para segurá-lo junto a si. Rapidamente, Snape o levou de volta a casa. Subiu a escada, atravessou o hall e o quarto onde Harry vinha dormindo e só parou no banheiro. Lá, colocou-o na banheira, tirou-lhe os óculos, os sapatos e as vestes e abriu tanto a torneira de água fria quanto a de água quente. Deixou-o a sós por alguns instantes e voltou com alguns frascos, despejando o seu conteúdo dentro da água. - Consegue tomar banho sozinho ou a minha assistência é necessária? Harry se sentia muito frágil e vulnerável, mas seu orgulho Gryffindor não estava morto. - Pode deixar. Eu me viro. Snape entregou-lhe uma esponja macia e se retirou. Harry tinha vontade de chorar. Tudo dera errado, outra vez. Demorou-se longamente no banho, sem coragem de encarar Snape outra vez. Mas Snape voltou, é claro, e tirou o tampão da banheira para esvaziá-la. Então encheu um balde de água fria e despejou-a sobre a cabeça de Harry. - Aaai! - gritou Harry, de susto e frio. - Agora chega, Potter. Saia daí. Harry se levantou, mas quase escorregou. Snape o amparou e o ajudou a sair da banheira. Harry estendeu a mão para pegar uma toalha e começou a se secar, mas Snape lançou-lhe um feitiço de enxugamento. - Vá para a cama e se deite. Harry obedeceu, resignado. Se Snape quisesse lhe fazer algum mal, ele não teria forças para resistir. Mas aquela era uma idéia ridícula, porque, se Snape quisesse azará-lo ou matá-lo, não teria consertado sua perna, nem o levado para o banho, nem o ajudado a sair da banheira e a se secar. Isso tudo deixava Harry ainda mais confuso e perdido. Era mais fácil pensar que Snape era seu inimigo e queria matá-lo. O fato é que Harry estava, agora, nu diante de Snape. Que estava observando, atentamente, cada centímetro de seu corpo. Snape se sentou na cama, meio de lado, e pegou um frasco em um de seus bolsos. Tirou a rolha, depositando-a sobre a mesinha de cabeceira, e derramou um pouco do bálsamo esbranquiçado sobre uma das mãos, passando em seguida sobre a outra. - Vire-se de costas. Harry obedeceu, e logo sentiu o friozinho arrepiante da pomada tocando-lhe a pele. - Oooooh! Que gelado. Snape não disse nada. Apenas as hábeis mãos começaram a espalhar o bálsamo por suas costas, em uma suave mas vigorosa massagem. Harry fechou os olhos e se entregou àquelas mãos mágicas, mordendo o lábio para não gemer de prazer. - Você conseguiu fechar a sua mente, ainda há pouco, lá fora, antes de fugir correndo, não foi? - perguntou Snape, em voz grave e aveludada. - Acho... acho que sim - Muito bom. Agora você já sabe que consegue fazê-lo. Harry se sentiu feliz e orgulhoso, e aquelas mãos estavam fazendo maravilhas em seu corpo. Harry estava derretendo sob elas. Quando Snape começou a massagear-lhe as nádegas, Harry sentiu o membro enrijecer de pronto, e seu coração disparou. O terror o assaltou ao ouvir a voz imperativa de Snape. - Agora vire-se de frente, Potter. - Er. - O que foi? - É que, sabe, está bom assim. Não precisa mais. - Não seja ridículo. Você tem ferimentos por todo o corpo. Esse bálsamo fará com que eles se curem de imediato. Vire-se. Sentindo o sangue afluir-lhe ao rosto, Harry se virou, e voltou o rosto para o outro lado para não ver a expressão de Snape. Não queria ver o sorriso sádico de seu ex-professor. Após uma breve pausa em que Harry teve de se segurar para não sair correndo de vergonha, as mãos de Snape tocaram-lhe o peito e começaram a massageá-lo com o mesmo toque firme e suave, e Harry não conseguiu conter um gemido de prazer. Snape continuou massageando-o, tocando cada pedaço de seu corpo, até mesmo os dedos dos pés. O único ponto em que Snape não tocara era aquele onde todo o sangue de Harry parecia concentrar-se agora. Quando Snape parecia prestes a dar sua tarefa por encerrada, Harry se virou para encará-lo e quase desmaiou de susto. Snape o fitava com tanta intensidade que foi como se uma chama se espalhasse pelo seu corpo em um átimo de segundo. Em seguida, descendo o olhar na direção do pênis de Harry, Snape segurou-lhe a base com uma das mãos, enquanto a outra cobria-lhe os testículos, massageando-os em movimentos circulares, apertando-os delicadamente. Então Snape baixou a cabeça e tomou a ponta do pênis em sua boca, e Harry levou as duas mãos à cabeça de Snape para segurá-la ali. Harry deixou escapar um gemido cheio de tesão. A hábil língua circulou-lhe a ponta em rápidos movimentos, e lábios aveludados cerraram-se firmemente ao seu redor e começaram a descer lentamente por toda a sua extensão. Oh, aquele calor úmido envolvendo-o, aquela língua lambendo-lhe o lado interno do pênis, a mão segurando-lhe a base com firmeza e a outra cobrindo-lhe os testículos... Snape não precisou subir e descer mais do que três vezes para Harry gozar violentamente em sua boca. Harry tirou as mãos dos cabelos de Snape e este se deitou sobre ele, esfregando-se contra sua coxa, bombeando o próprio pênis. Era surreal. Ao mesmo tempo em que uma parte de si queria abraçar Snape e dar a ele o mesmo prazer que ele lhe dera, outra parte de Harry lhe dizia que aquilo era completamente errado, e que ele precisava fugir. Snape impelia-se contra ele cada vez mais rápido. Era uma sensação inebriante, mas o lado calculista, Slytherin, de Harry foi mais forte: exatamente no momento em que Snape gozava dizendo seu nome, Harry insinuou a mão por dentro do manto de Snape e roubou-lhe a varinha. - Ah... Harry... Oh... Oh, maldição! O deleite estampado no rosto de Snape se transformou de imediato em uma expressão de mágoa, traição e raiva.
Fim da Primeira Parte
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Ptyx, Outubro/ 2005
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