12 - Refreie a Língua

"For God's sake, hold your tongue and let me love""
(John Donne)

Snape havia-lhe dito que viria sempre à meia-noite e aparataria direto ali, em sua cama. Dissera-lhe que fechasse bem a porta todas as noites. Harry lhe explicara que seu tio não só não o deixava ficar com uma chave como às vezes o trancava lá dentro, e que costumava entrar a qualquer hora sem bater. Snape lhe dissera que não se preocupasse, então. Que apenas encostasse a porta e fosse para a cama.

Já era o terceiro dia nos Dursleys, e Snape não viera. Talvez ele houvesse desistido. Seria mesmo muito perigoso.

Harry suspirou, virou-se para um lado e deitou a cabeça sobre o braço. Com o outro braço, abraçou a si mesmo. Imaginou que eram os braços de Severus que o envolviam, e aninhou-se entre eles, com os olhos pesados de sono.

- Pirralho desobediente, eu não lhe disse para me esperar acordado?

Harry arregalou os olhos e fitou Snape, atônito.

- Meu, que susto, o que você está pensando?

- Se você vai ficar aí reclamando, eu vou embora. E levo junto a sacola de comida que lhe trouxe.

Harry sorriu e o abraçou.

- Você lançou um feitiço silenciador no meu quarto?

- É óbvio. Senão os seus tios escutariam quando eu aparatasse. Tive de aparatar do lado de fora da casa primeiro, para depois lançar Silencio no seu quarto e, por fim, aparatar aqui.

Harry esfregou todo o corpo contra o do amante, percorrendo-lhe os braços e as costas com as mãos, cheirando-lhe o pescoço, os cabelos.

- Oh, você usou um xampu diferente hoje. - Inalou de novo. - Hm, que delícia.

- É de microesponjas de olhos de lagarto.

- Ugh. Não admira que eles fiquem oleosos tão rápido.

- Você não entende nada de xampus.

Harry tapou a própria boca com as duas mãos para conter a risada. Snape sacudiu a cabeça, com cara de ofendido.

- Eu sabia que não devia ter vindo aqui.

- Não - apressou-se em dizer Harry, tentando abraçá-lo de novo. - Desculpe, venha cá.

Relutante, Snape se deixou abraçar, sem retribuir.

- Oh - gemeu Harry, levantando as vestes do amante - você veio sem nada por baixo.

- Achei que seria mais prático. E esse manto não é de botões, também. É de tirar por cima - disse Snape, ajudando-o na tarefa de se livrar das vestes. - Agora, por Merlin, refreie a língua, e me deixe fazer amor com você.

- Ahn?

- É de um poema de John Donne, menino ignorante - resmungou Snape, tirando o lubrificante de um bolso das vestes antes de pendurá-las na cabeceira da cama.

- Não parece muito romântico, mas na sua voz, e com esse cheiro de microesponjas de olhos de lagarto, se você não entrar em mim agora eu acho que vou gozar sozinho.

Snape balançou a cabeça.

- Esses hormônios de adolescente...

Harry enlaçou-o com pernas e braços, puxando-o contra si.

- Então por que é que você está tão excitado quanto eu?

- Vamos ver se eu encontro uma utilidade melhor para essa sua língua - disse Snape, capturando-lhe os lábios em um beijo arrebatador.

Sem interromper o beijo, Snape espalhou o lubrificante em seu próprio pênis e iniciou o ritual de preparação: um dedo, dois dedos...

Harry se remexia todo, e descolou os lábios dos de Snape.

- Ah! Sev, chega, não preciso de mais preparação! Faz duas semanas que a gente não se encontra. Eu não estou agüentando mais.

- Sshh. Comporte-se. Quando foi que eu o autorizei a me chamar de "Sev"?

Harry olhou para o teto, impaciente.

- Eu havia esquecido como você pode ser chato!

Então Snape colocou as pernas de Harry sobre seus ombros, e encostou o pênis em sua entrada.

Harry simplesmente parou de respirar, e olhou para o amante, em expectativa. Provocando, Snape esfregou a abertura sensível com a cabeça, entrando só um pouquinho e saindo em seguida.

- Droga, Severus, entre de uma vez!

- Calma. Logo eu vou estar inteirinho dentro de você - respondeu Snape, em uma voz rouca que deu arrepios em Harry. O pênis de Harry pulsou.

- Oh, Merlin.

Harry sentiu as mãos de Snape segurarem-lhe os quadris enquanto a cabeça de seu pênis o penetrava. O primeiro contato foi incrível, incendiando-o.

- Severus... - sussurrou ele.

Snape mergulhou cada vez mais, ondulando os quadris, balançando-os de leve enquanto entrava e saía. Harry percebia como ele tentava se controlar ao máximo, talvez sentindo a entrada de Harry mais apertada do que o habitual, depois de mais de duas semanas sem se verem. Snape ia devagar, e sua respiração ficava cada vez mais acelerada. Finalmente, Harry sentiu-o todo dentro de si.

- Que gostoso, Severus. Eu estava com tanta saudade - disse Harry, movendo-se para incentivá-lo a prosseguir.

O movimento do garoto fez o mago mais velho arquejar.

- Harry... vai com calma, senão eu não vou durar muito mais.

Snape passou a imprimir um ritmo, saindo de Harry e entrando novamente nele em longos mergulhos. De vez em quando, girava os quadris, usando o corpo para dar ainda mais prazer ao garoto. Movendo-se com precisão, atingia o ponto mais sensível do garoto, fazendo-o gritar de prazer a cada vez que o tocava.

- Mais rápido, Severus...

Snape tomou-lhe o pênis em uma das mãos e começou a bombeá-lo, ao mesmo tempo em que imprimia um ritmo mais forte. De vez em quando, dava aquela giradinha de quadris que levava Harry à loucura. Então roçava novamente na próstata, uma, duas vezes, e Harry não conseguia mais nem encontrar a voz para pedir-lhe que fosse mais rápido e mais forte. Harry estava perdido em sensações, só sensações.

Ofegante, Snape agora massacrava Harry sem piedade. O garoto ainda conseguiu dizer o nome do amante antes de sentir o corpo ficar tenso e começar a tremer.

- Severus!

Ao mesmo tempo em que sentia o sêmen cálido do amante preenchê-lo, o corpo de Harry pulsou incontrolavelmente.

Snape se deitou sobre ele enquanto os dois sentiam os últimos espasmos do gozo se aquietarem.

~* ~* ~

Alguns minutos depois, eles ainda estavam abraçados.

- Severus, você não tem de ir embora?

- Não quer que eu passe a noite com você?

- Mas... os Dursleys...

- Harry, mesmo que eles entrem aqui, não vão ver nada. Sabe aquele encanto que faz com que Hogwarts fique invisível para os Muggles? Eu apliquei um semelhante nesse quarto. Se eles entrarem aqui, vão ver uma imagem de como é o seu quarto, mas sem ninguém dentro. Vão achar que você desapareceu, ou algo assim, mas só isso.

- Genial!

- Agora me conte, eles estão maltratando você?

- Ah, o de sempre. Pouca comida e muito tédio.

- Bem, no tédio eu acho que já dei um jeito - disse Snape, com um ar convencido. - Quanto à comida, eu trouxe alimentos nutritivos, que você possa guardar aqui e que não estraguem: frutas, aquele pão de nozes que você gosta, queijo e salame húngaro.

- Salame húngaro? Onde você conseguiu isso?

- Ora, em Hogsmeade, em uma boa charcuterie.

- Você foi fazer compras especialmente pra mim?

Snape deu de ombros.

- Eu trouxe também o pão favorito de Hedwig.

Harry arregalou os olhos e se beliscou para ver se não estava sonhando.

 

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Ptyx, Setembro/2004