2 - Planos

 

Haviam começado no sofá, mas este não lhes dava o espaço necessário para seus movimentos alucinados. Passaram para um tapete fofo no centro da sala, onde puderam rolar à vontade. As roupas tiradas às pressas se espalharam por toda a sala. Fizeram amor se esfregando um no outro - como dois adolescentes de dezesseis anos, pensou Snape depois, um tanto embaraçado.

Snape fez um gesto com a varinha na direção da lareira:

- Incendio.

Deitados no tapete, com a cabeça sobre almofadas de veludo, eles ficaram abraçados, descansando.

- E então? - perguntou Snape. - Como conseguiu sair de Hogwarts?

- Fiz tudo como a gente planejou. Fui dormir junto com todos, por volta das dez horas.

- Cada um na sua cama, espero.

Harry o fuzilou com os olhos.

- Fiquei acordado até ver que todos estavam dormindo, o que só aconteceu por volta das onze horas. Seamus e Dean não paravam de conversar e demoraram a pegar no sono. Aí programei o meu despertador mágico... aquele que fica cutucando enquanto a gente não desliga... e dormi. Às 5, o despertador me acordou. Olhei para ver se estavam todos dormindo. Estavam. Vesti a capa de invisibilidade, saí do quarto pé-ante-pé e peguei o Vira-Tempo atrás do retrato de Balduíno e seu Balde. Voltei para a Sala Comunal dos Gryffindors, fiz o Vira-Tempo voltar para as onze horas, joguei floo powder na lareira, e... cá estou Na Mansão Snape.

Snape mordeu o lábio inferior para não rir. Aquela idéia que Harry havia tido de chamar a casa de "Mansão Snape" era demais. Ele mesmo jamais dera um nome à casa, visto que, na verdade, nunca morara muito tempo ali e não tinha nenhum apego especial a ela. Depois de um longo silêncio, comentou:

- Eu não pensei que você fosse mesmo vir.

- Como assim? - perguntou Harry.

- Esqueci que você é um tolo Gryffindor, e que faz qualquer coisa para se meter em encrencas.

Harry lhe franziu o nariz.

- Passei a semana toda só pensando nesse dia! - Então Harry deu um suspiro profundo, cheio de desalento. - Mas se acha que é muito arriscado, se não quer que eu...

Snape tentou ler por trás da expressão de total desalento do mago mais jovem.

- Você estaria disposto a pôr um fim a... isso?

- Se você decidir assim, eu entenderia. É só isso que estou dizendo. Não é o que quero. Mas eu desistiria de você, se me dissesse que era o melhor para você.

- Nobre Gryffindor. Não quero o seu sacrifício. Eu arrisco a minha vida todos os dias e só levo porrada. Pelo menos nisso... eu tenho algumas recompensas - disse Snape, puxando Harry contra si.

- Como foi que arranjou esse Vira-Tempo? - perguntou Harry, curioso, afastando um pouco o rosto.

- Ele é clandestino. - Snape viu Harry arregalar os olhos, e empinou o queixo. - A chefe da sua casa "desviou" um e me deu de presente no meu último aniversário.

- McGonagall? Quem diria! Quer dizer que ela é sua amiga.

Snape deu de ombros.

- Vamos dizer que ela não seja exatamente uma inimiga. Ela tem coração mole, e acha que eu preciso de proteção. Não posso me queixar: esse Vira-Tempo me tem sido muito útil, como espião.

- Posso imaginar... E ela tem razão de achar que você precisa de proteção.

- Hmpf. Vocês Gryffindors são todos tão sentimentais... Pois bem. Quando você voltar a Hogwarts, vai deixar o Vira-Tempo no mesmo lugar em que o encontrou; não posso dá-lo a você. Na sexta-feira que vem, repetimos o ritual. E não podemos nos esquecer: às 5 da manhã você tem de estar de volta à sua caminha Gryffindor. Você percebe a gravidade da situação? Um passo em falso seu e tudo vai por terra.

Harry assentiu, com gravidade. Então seu rosto pareceu se iluminar.

- Hmm. Esse seu Vira-Tempo... A gente podia fazê-lo funcionar de novo hoje mesmo, não? Não podemos ficar voltando essa noite sem parar? Para que não termine?

- Claro, é possível. E uma idéia interessante... Mas há um problema. Se voltarmos no tempo aqui mesmo, vamos encontrar com nossos antigos eus. E você sabe como isso pode terminar mal.

- Ah, entendo. Podemos voltar no tempo, mas sempre teríamos que escolher lugares por onde não andamos ainda.

- Exato - concordou Snape.

- Que pena que isso aqui não é uma mansão. Se fosse, poderíamos transar em cada quarto... Poderíamos... viver as nossas mil e uma noites em uma só!

Snape o afastou um pouco para encará-lo com olhos surpresos.

- Que entusiasmo! Podemos fazer um esquema. Por enquanto, você só passou por esta sala. Podemos jantar aqui mesmo... Eu lanço um feitiço de chamamento para trazer a comida. Depois, bem, fazemos amor de verdade, como dois adultos. - Snape olhou para Harry de esguelha. Este lhe fez uma careta. - Então dormimos, porque eu não sou de ferro não. Programamos o despertador para as 4 horas. Aí pegamos o Vira-Tempo, que deve estar jogado por aí em algum lugar... e vamos para... a cozinha. Giramos o Vira-Tempo até voltarmos para a meia-noite. Vamos ter de preparar lanches para todas as noites... Da cozinha, podemos aparatar no escritório. - Snape o encarou com firmeza. - Eu sei, você não sabe nem pode aparatar. Eu o levo no colo. No escritório, encerraremos nossa segunda noite. A terceira noite podemos passar no meu quarto, que é uma suíte com banheiro.

- Parece divertido. Uma banheira cheia de espuma, e nós dois lá dentro. Aposto que você tem alguma erva especial para misturar na água...

Uma sobrancelha negra se ergueu.

- Talvez eu possa conseguir alguma coisa desse tipo.

- E você não disse que tinha um laboratório?

- Ah sim, na edícula. Perfeito. Voltamos o Vira-Tempo de novo e vamos para o laboratório. Será a nossa quarta e última noite.

 

 

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Ptyx, Agosto/2004