O Feitiço de Istfy

 

Parte II

 

Capítulo 6

 

Na sexta-feira, Severus retornou a seus aposentos simultaneamente orgulhoso de si mesmo e destroçado por dentro. Até o momento, conseguira se controlar. Seus gestos, ele sabia, eram frios e calculados como quando ele fatiava fígados de sapo. Era assim que devia ser, para o bem e a satisfação de Potter.

Dumbledore chamava-o sempre a seu escritório para perguntar como estava o seu protegido. Severus tinha vontade de socá-lo. A atitude do Diretor lhe parecia extremamente hipócrita. Era sempre a mesma pantomima: Severus lhe dizia que Potter estava bem, e o Diretor se contentava com isso, repetindo seu velho lema, de que "confiava em Severus". Mas se Dumbledore soubesse o quanto lhe custava tentar se manter à altura daquela confiança, e quão perto ele estava de jogar tudo aquilo para o alto!

E pensar que, antes da primeira vez com Potter, Severus pensara que talvez não fosse conseguir ter uma ereção naquelas circunstâncias. Chegara a levar um frasco com uma poção "infalível" no bolso de suas vestes. Como era irônico que agora só precisasse pensar no garoto para se ver em situação embaraçosa.

Apesar de tudo, durante toda a primeira semana Severus conseguira manter o padrão: entrava em Sekhet-Aanru, possuía Potter por trás, com um mínimo de preparação, e ia embora.

No sábado, ele teve ainda mais motivos para pensar que estava agindo muito corretamente. Lá estavam eles, professores e alunos, todos reunidos durante o almoço no Grande Salão. Severus não conseguia tirar os olhos de Potter, mas este não olhava para ele. Potter só tinha olhos para Zacharias Smith, e lançava olhares provocantes ao colega de Hufflepuff. Ao final do almoço, os dois saíram juntos do Salão, os ombros quase se tocando. Severus os seguiu por um corredor escuro, e viu Potter puxar Zacharias para trás da estátua de Andros o Invencível. Severus podia muito bem imaginar o que eles estavam fazendo, e de forma alguma poderia permitir. Esticou o braço, agarrou Potter e arrancou-o dali de trás com violência.

- Sr. Potter, isto aqui ainda é uma escola de respeito, e a moral, embora seja um conceito que eu duvide que o senhor tenha a capacidade de apreender, ainda é essencial e necessária, e o senhor não está acima dela, por mais que isso o possa surpreender. Enquanto eu estiver aqui, um depravado como o senhor não irá manchar o nome desta escola. Sr. Smith, não tenho palavras para expressar a minha repulsa ao seu comportamento. Detenção para os dois, esta noite. O Sr. Smith deverá se apresentar ao Sr. Filch. Do Sr. Potter... eu cuidarei pessoalmente. Agora dirijam-se imediatamente a seus dormitórios.

Foi doloroso para Severus relembrar a verdade, de que aquele garoto de olhos tristes e intensos, aquele garoto que se entregava a ele com tanta avidez e entusiasmo, aquele garoto que parecia tão carente de afeto, desejava a Zacharias Smith, não a ele.

~*~*~

Assim que soou o toque de recolher naquele dia, Severus lançou o pó de Flu na lareira de seus aposentos e seguiu para Sekhet-Aanru com o sangue borbulhando nas veias.

Nem bem seus pés pousaram no chão, virou-se para Potter, com fúria.

- O que você tem na cabeça? Não se lembra que se outra pessoa fizer sexo com você essa pessoa morrerá?

- É por isso que você está tão zangado? - O garoto teve a ousadia de se aproximar e depositar as palmas sobre seu tórax. - Porque teme pela vida de Zach?

Transtornado pela raiva e embriagado pelo cheiro doce e almiscarado do garoto, Severus segurou-lhe os ombros com força, certo de que o fazia para afastá-lo. Mas, em vez disso, puxou-o violentamente contra si e capturou os lábios do garoto em um beijo rude e desesperado.

Eles estavam fazendo sexo há seis dias, mas Severus nunca havia perdido o controle antes, nunca havia beijado seu escravo. O garoto gemia e se esfregava em seu corpo, buscando um maior contato. Severus grunhiu e arrancou as vestes de Potter, depois as suas próprias. Empurrou-o pelo quarto, ainda beijando-lhe avidamente a boca e mordendo-lhe o queixo e o pescoço. Quando encontraram uma parede, Severus o comprimiu contra ela, e enfiou uma perna entre as dele, apertando-se contra a ereção do garoto.

Potter gemeu mais alto, mas Severus sabia que era de pura excitação e não de dor.

- É isso o que você quer, pirralho? Quer me levar à loucura?

Severus buscou-lhe o rosto com o olhar e sentiu um arrepio ao vê-lo dar um sorriso malicioso e fazer que sim com a cabeça.

Enlouquecido pelo ciúme, pela raiva e pelo desejo, Severus jogou-o sobre a cama. Depois se jogou sobre ele, prensando-o contra o colchão com todo o seu peso.

- Eu tentei fazer mais fácil para você, pirralho, mas se você quer diferente, posso lhe dar isso também. Depois não reclame - sussurrou, por entre os dentes. Severus arrancou-lhe os óculos, depois ergueu-lhe os dois braços e conjurou uma corda para amarrá-los. - Você é meu. Não ouse tocar outra pessoa. Nunca. Se eu vir você com outro, vou espancá-lo com tanta força que não conseguirá se sentar por uma semana.

Um brilho despontou nos olhos de Potter, e não era de medo. Severus podia senti-lo. Potter estava excitado. De verdade.

- Gosta quando falo assim com você? - perguntou Severus, novamente quase em um grunhido. - Gosta de ser amarrado?

Potter fez que sim com a cabeça, outra vez. Oh, Merlin, Severus podia sentir o desejo do garoto, podia sentir que ele ficava excitado com aquilo, com a idéia de ser punido por Severus, ou com o jeito possessivo como Severus o estava tratando - Severus não sabia muito bem se um ou outro, ou os dois.

Os lábios de Severus se curvaram em um sorriso irônico.

- Ora, sr. Potter, parece que a idéia de ser espancado o excita, não é?

Severus apertou um dos mamilos de Potter entre dois dedos, e Potter respondeu passando as pernas ao redor de seus quadris e projetando-se contra ele.

Severus arrancou-lhe a cueca e preparou-o apenas com um encanto lubrificante, louco para possuí-lo. Logo, ele estava dentro do calor acolhedor do garoto. Dessa vez, Severus usou boca e mãos o tempo todo, acariciando-o, beijando-o, mordendo-o. Deslizou a palma pela barriga do garoto e cerrou os dedos ao redor de seu pênis. Potter ergueu os quadris e arquejou. Severus penetrou mais fundo, distendendo-o, empalando-o. Quando Potter impulsionou-se em sua direção, Severus percebeu que estava todo dentro dele. Seus dedos se cravaram no traseiro de Potter. Pela primeira vez, seus corpos se conectavam de um modo completo e perfeito, do jeito como Severus ansiava desde a sua primeira noite juntos, e quando Severus encontrou o ângulo certo e atingiu a próstata do garoto, sentiu-o começar a se derreter sob si. Severus apertou-lhe o pênis com força e o viu gozar em longas pulsações, o corpo todo tremendo. Ele também não durou muito mais tempo: mais duas, três estocadas mais fortes e rápidas e Severus cravou os dentes no ombro de Potter, seu corpo todo estremecendo em um prazer agudo e intenso.

Alguns minutos depois, Severus deixou o corpo de Potter, profundamente envergonhado.

- Potter, eu peço desculpas. Meu comportamento foi abominável. Não devia, de modo algum, ter abusado do vínculo.

- Não! Não peça desculpas. Eu provoquei.

- O fato de você ter provocado não justifica minhas ações. Como professor...

- Droga, não me venha com essa.

Severus ergueu uma sobrancelha. Pronunciou um encanto de limpeza e puxou o cobertor por sobre Potter e ele mesmo. Fitou novamente o garoto e sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo.

- Você realmente gostou de ser possuído com violência, não? A sua reação foi, digamos, bastante encorajadora para mim também. Mas não podemos esquecer que tudo isso só acontece devido ao Feitiço de Istfy. Ele inspira em você o desejo de ser meu escravo sexual. Eu fui tolo em pensar que bastaria satisfazer os impulsos sexuais do vínculo.

~*~*~

Capítulo 7

 

No domingo de manhã, Severus sobressaltou-se ao ver que passara a noite em Sekhet-Aanru. Virou-se para o garoto adormecido a seu lado e estremeceu diante do instinto protetor que ele lhe despertava. Aquilo estava ficando cada vez mais perigoso. Severus precisava descobrir como desfazer o Feitiço de Istfy.

Levantou-se e vestiu-se.

- Hmmm - murmurou Potter.

- Eu preciso ir, Potter. Vejo-o esta noite. Comporte-se. Segunda-feira começam os seus NEWTs. Não deixe que toda essa agitação perturbe os seus estudos.

Potter apenas bocejou, enquanto Severus jogava o pó de Flu na lareira.

Em seus aposentos, Severus pediu um chá aos elfos-domésticos e trocou de roupa.

Alguns minutos depois, Severus aparatava no Grande Mercado de Punt, junto à tenda do velho devoto de Min.

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Severus tomou providências para que Zacharias Smith nunca mais se aproximasse de Potter. Alusões veladas mas bastante claras a uma poção que o deixaria impotente para sempre e do modo mais doloroso possível deixaram o garoto mais do que apavorado. Severus verificara também, com prazer, que Potter passara a ignorar o colega de Hufflepuff completamente.

Potter estava se revelando um fantástico parceiro na cama. Severus testava seu controle sobre ele o tempo todo, e ele se submetia. Era uma experiência nova para Severus, e inebriante.

Concluídos os exames de NEWTs, no final da semana seguinte, a terceira semana desde que Potter e Severus haviam se unido pelo Feitiço de Istfy, os alunos voltariam para casa.

As coisas pareciam estar indo bem até que, na quarta-feira daquela semana, o Lord das Trevas chamou Severus para uma reunião em particular. O Lord das Trevas parecia decidido.

- Severus, assim que a poção estiver pronta e o ritual de Istfy puder ser executado, traga-me Harry Potter aqui.

Severus tentou fazê-lo mudar de idéia, tão polidamente quanto pôde.

- Mestre, desculpe-me a objeção, mas creio que isso seja desnecessário e imprudente. Não é melhor deixar Potter morrer sem ter nenhum contato com ele?

- Você se esquece de um dado importante: nós não sabemos o conteúdo final daquela profecia. Se eu tiver Potter aqui, à minha mercê, como meu escravo, poderei arrancar dele essa revelação. Imprudente seria tentar matá-lo antes de saber o conteúdo da profecia.

- Mas Mestre, ninguém sabe se Dumbledore revelou a Potter o conteúdo da profecia.

- Será uma ótima oportunidade para descobrirmos. Com meus poderes de Legilimens e Potter submisso, ele não poderá opor resistência.

- E como farei para tirá-lo de lá?

- Eu lhe darei uma chave de portal.

- Dumbledore mantém Potter sob estrita vigilância.

- Dumbledore confia em você. Tenho certeza de que você saberá ser convincente e inventar uma história. Você é muito bom nisso. Se falhar, você terá de arcar com as conseqüências. Eu não corro risco algum; de qualquer jeito, Potter perecerá.

~*~*~

Severus voltou a Hogwarts com uma aura negra a seu redor. Dumbledore tentou tranqüilizá-lo:

- Vá descansar, Severus. Depois pensaremos no que fazer.

- Eu não tenho nenhuma dúvida quanto ao que temos de fazer: nada. Eu não vou levar Potter lá. Tenho consciência de que, com isso, meus dias de espião chegaram ao fim. Não é uma solução que me deixe feliz, porque eu não quero me transformar em um inútil, mas é a única alternativa possível.

- Provavelmente, Severus, provavelmente. Mas não vamos ser precipitados.

Provavelmente!

Severus saiu do escritório de Dumbledore batendo a porta, tinindo de raiva, e foi direto a seus aposentos para ir de Flu a Sekhet-Aanru. Por sorte o Lord das Trevas o chamara depois que eles já haviam transado, pois, de outro modo, àquela hora Potter já estaria morto. Um arrepio percorreu o corpo de Severus ao pensar nessa possibilidade, e em quão frágil era a vida de Potter naquele momento.

Potter o esperava acordado, com olhos cansados que se iluminaram ao vê-lo.

- Severus! O que ele lhe fez? Você não parece bem.

Com todo o ódio e o cansaço que dominavam Severus, o fato de que Potter o chamara pelo primeiro nome não lhe passou despercebido e incitou nele uma estranha emoção.

- Nada, Potter. Só preciso dormir.

Severus foi ao banheiro, tirou as vestes e vestiu uma camisola. Quando entrou em baixo das cobertas, o garoto aconchegou-se junto a ele. Severus passou um braço cansado e possessivo ao redor do garoto. Sentiu-se estranhamente mais calmo então, e prometeu a si mesmo que não deixaria aquele monstro reptiliano machucar seu Harry.

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Capítulo 8

 

Harry sabia que havia algo errado. O vínculo o fazia sentir as emoções de Snape com clareza.

Sabia que nada iria terminar só porque ele havia se livrado de ter um vínculo com Voldemort. Sabia que sua missão teria de ser cumprida; que ele teria de matar Voldemort.

E, de repente, ainda naquela noite, nos braços de Snape, a solução para o problema lhe pareceu muito clara.

No dia seguinte iria procurar Dumbledore e expor a ele sua idéia.

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Depois que falou com Dumbledore, Harry se sentiu aliviado. Restara apenas um problema: como contar a Snape de sua decisão.

À noite, depois que Snape e ele haviam transado, Harry tomou coragem. Não podia adiar ainda mais aquilo.

- Preciso lhe confessar uma coisa.

- Fale.

- Hoje de manhã eu fui falar com Dumbledore, e tomamos uma decisão importante.

Snape ergueu o torso bruscamente, sentando-se na cama.

- Sem me consultar?

- Desculpe, eu...

Snape se levantou da cama, nervoso.

- Não adianta se fazer de submisso agora, está entendendo? O que vocês decidiram? Fale!

- Você está muito nervoso. Acalme-se.

- Potter, eu vou avisar só mais uma vez. Fale, ou não respondo por mim.

Engraçado. Fora de um contexto sexual, as ameaças de Snape não o excitavam. Harry não sentia nenhum impulso de obedecê-lo, a não ser sexualmente. Mas o vínculo também não o deixava afrontar seu Mestre diretamente; era muito doloroso. Harry se encolheu todo de dor.

Snape fez um gesto como se fosse agredi-lo fisicamente, mas então retrocedeu e seguiu para a lareira. Jogou o flu dizendo:

- Escritório do Diretor.

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Capítulo 9

 

- Severus, acalme-se. O plano é bom. Você preparará a poção como Riddle lhe pediu, e levará Harry até ele.

- Nunca - disse Severus, por entre os dentes.

- Tenha paciência e escute o plano até o final, sim? Como nós dois sabemos, uma nova poção não irá afetar Harry. Mas Harry me revelou que você também é afetado pelo Feitiço de Istfy. Ele me disse que, em você, o feitiço estimula o desejo de submeter o escravo. Você confirma isso?

O traidorzinho havia contado a Dumbledore seus segredos mais íntimos! Severus engoliu em seco.

- É verdade.

- Pois bem, então Riddle se sentirá sexualmente compelido a possuir Harry.

Severus entrou em desespero.

- Diretor, não o faça passar por isso. Eu lhe suplico. Sei que minha dívida com o senhor é para a vida toda, e estou em suas mãos, mas não faça o garoto passar por isso.

- Foi ele quem veio me pedir isso, Severus. E você sabe como ele é teimoso. Ele acha que encontrou a fórmula para matar Riddle sem que ele mesmo faça nada. Tudo já está pronto. Nós só precisamos dar apoio a ele. Você estará lá dentro da casa de Riddle, e a Ordem estará preparada para intervir a qualquer momento.

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Severus passou toda a semana seguinte agindo como um autômato. Não conseguia mais sequer sentir prazer em estar com Potter. Tudo era muito doloroso para ele, e ele temia explodir em violência com seu escravo.

Quando chegou o dia marcado pelo Lord das Trevas, Severus preparou um baú com todos os ingredientes necessários para a poção. Potter assistia de perto aos seus preparativos. Quando Severus verificou item por item e viu que tudo estava lá dentro, Potter conjurou uma corda e entregou a ele.

- Imobilize-me, Mestre - disse ele, com um sorriso sedutor. - E tire minha varinha.

- Antes eu vou chicoteá-lo de verdade, pirralho.

- Eu já estou ficando excitado.

- É bom mesmo, porque eu vou possuí-lo antes de irmos. Se ele, de alguma forma, conseguir mantê-lo cativo, você resistirá por mais tempo.

Severus o teve ali mesmo, no chão de seu escritório nas masmorras. Um cenário nada romântico para aquela que poderia ser a sua última vez. Mas Severus não queria pensar naquilo.

Severus não podia nem mesmo pensar em se sacrificar para salvá-lo, pois, se ele morresse, Potter não sobreviveria mais do que vinte e quatro horas.

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- Ah, Severus, estou muito satisfeito com você. Saberei demonstrar minha gratidão quando tudo houver terminado.

Um arrepio de asco percorreu o corpo de Severus. Ele estava na sala da mansão de Riddle, o caldeirão de ouro fervendo com a poção, e Harry Potter amarrado e amordaçado ao pé do caldeirão.

Pelo menos dessa vez, sabe-se lá por que, o réptil não convocara uma reunião dos Comensais da Morte para expor o Garoto de Ouro a eles e se jactar de seu novo escravo. Nem mesmo Lucius fora chamado; estavam só eles três ali. O que estaria planejando o monstro?

Severus sabia que não adiantava mais protelar. Harry devia estar sofrendo ali, todo amarrado, e quanto mais ele demorasse, pior seria. Chamou o Lord das Trevas, pegou a faca e fez um corte no braço de Harry, deixando o sangue pingar sobre o caldeirão. Fechou o corte de Harry o mais rápida e eficientemente que pôde. Então pediu ao Lord das Trevas que lhe estendesse o braço, e repetiu o mesmo processo com ele. A poção fumegou, e Severus pronunciou o encantamento:

- mk thw m bak y*

O Lord das Trevas fitou-o com seus olhos mais vermelhos do que nunca, então voltou seus olhos ao garoto. O Lord estendeu a varinha e levitou Harry para si como se fosse um objeto.

- Accio Potter.

O Lord segurou o garoto ainda todo amarrado pelo braço, com firmeza, e voltou-se novamente a Severus.

- Fique de guarda aqui. Espere pela minha volta.

E empurrou Harry para o porão da casa. Severus deu-lhe uma certa vantagem, mas não o perdeu de vista. Depois seguiu atrás dele.

~*~*~

Capítulo 10

 

Harry se viu em uma sala apertada, cheia de madeiras empilhadas. Havia um colchão esfarrapado ao chão.

Voldemort fechou a porta e se voltou para ele, seus olhos chispando intensamente.

- Enfim, sós, Potter. Você deve estar louco para que eu o toque.

Pode apostar que sim, verme.

Voldemort se aproximou e tirou-lhe a mordaça.

- Mas antes você me dirá o conteúdo da profecia.

- Eu não sei - respondeu Harry, com simplicidade.

- Ah, mas você irá me dizer. Porque, se não me disser, você morrerá.

Harry engoliu em seco. Era hora de desempenhar seu papel, e iria ter de desempenhá-lo muito bem.

- Por favor, toque-me... Eu não consigo mais nem pensar. Estou ardendo de tesão pelo meu Mestre. Depois eu lhe digo tudo o que quiser.

Harry viu que seu discurso tivera efeito sobre o inimigo quando este o tocou, com um sorriso repulsivo no rosto.

- Oh, meu pet... Deixe-me desamarrá-lo. - Com um brandir de varinha, Voldemort soltou as cordas que prendiam Harry. - Você vai implorar para que eu o possua. Vai rastejar no chão como uma cobra... Fale Parseltongue comigo, meu pet...

Harry começou a "cantar" Voldemort em Parseltongue, dizendo o quanto queria ser possuído por ele.

Voldemort o empurrou para o chão, fazendo com que caísse com o rosto para baixo. Então Voldemort o despiu com um outro brandir de varinha, e sentou-se no colchão à sua frente, em uma pose lânguida.

- Venha, meu pet. Rasteje para mim.

Mordendo o lábio de ódio e frustração, Harry obedeceu. Havia muita areia no chão, e ela machucava sua pele. Seu pênis começou a arder pela fricção com a areia, e ficou ereto. Quando Harry se aproximou de Voldemort, este o jogou sobre o colchão.

Lutando para conter a repulsa, Harry viu-o tirar o pênis para fora de suas vestes. Escamas cobriam-lhe o pênis arroxeado.

- Você o quer dentro de você, não é, pet?

Harry mordeu o lábio com mais força ainda e fez que sim com a cabeça.

- Por favor, Mestre!

- Conte-me a profecia, pet, e ele será todo seu.

Nem morto, pensou Harry.

- Mestre, eu estou morrendo de tesão. Encoste ele em mim, pelo menos.

E lutando contra a própria vergonha, Harry abriu as pernas, expondo-se ao réptil.

Viu, então, o corpo todo de Voldemort vibrar, exatamente como o corpo de uma cobra pulsando. E Voldemort posicionou-se entre suas pernas, com o pênis ereto a poucos centímetros da entrada de Harry.

- Pet, é isso o que você quer?

Voldemort encostou a ponta na entrada de Harry, e seu corpo reptiliano se retesou de imediato. Um grito hediondo se fez ecoar por toda a Mansão Riddle, e o corpo de Voldemort virou cinzas diante de Harry.

Sim. Era isso o que Harry queria.

~*~*~

Capítulo 11

 

Ao ouvir o grito medonho, Severus abriu a porta da salinha no porão com um Alohomora e deparou-se com Harry nu sobre o colchão, diante de um monte de cinzas.

Ao vê-lo, Harry se ergueu e jogou-se nos seus braços.

- Acabou, Harry.

- Estamos livres dele, Severus.

Severus invocou as vestes de Harry e o vestiu.

- Vamos voltar a Hogwarts - declarou, com firmeza.

- Você não tem que avisar a Ordem?

- Dane-se a Ordem. Vamos voltar para casa.

~*~*~

As aulas já se haviam encerrado, e os alunos haviam retornado às suas casas. Exceto Harry, preso a Severus pelo Feitiço de Istfy. Depois de voltar da Mansão Riddle, Harry não quisera ver ninguém além de Severus. Recusara-se a ver os amigos e implorara a Severus que fizesse com que Dumbledore não revelasse a ninguém que havia sido ele que havia causado a morte do Lord das Trevas. Severus entendia perfeitamente os sentimentos de Harry. Pensar no que os jornais fariam com uma notícia daquelas, de que Harry Potter era escravo sexual de Severus Snape e eliminara o Lord das Trevas seduzindo-o, dava-lhe náuseas.

Dumbledore concordara em não revelar os detalhes, mas declarou aos jornais, de forma vaga, que Harry Potter havia derrotado Tom Riddle quando este tentara matá-lo, e que Harry estava se recuperando de seus ferimentos.

Fazia três dias desde o incidente na Mansão Riddle, e Harry parecia recuperado da tensão a que havia sido submetido. De manhã cedo, na cama em Sekhet-Aanru, Severus fitou Harry intensamente.

- Ontem eu voltei ao País de Punt e, com ajuda de um velho mago, creio que descobri como reverter o Feitiço de Istfy.

Harry não pareceu muito alegre.

- Você quer desfazer o Feitiço?

- É claro, Potter. Não podemos passar a vida toda nessa situação. Se um dia eu não puder estar com você, você morre. Isso não é vida.

Harry suspirou.

- Tem razão. Eu acho que... não sei mais como viver como uma pessoa normal.

O olhar que Harry lançou a Severus o fez estremecer.

- O que é que você quer? - perguntou Severus a ele, e estremeceu novamente ao ouvir o tom embargado de sua própria voz.

- Não sei o que quero. Queria que tudo fosse diferente. - Harry ficou pensativo. - Tem uma coisa que eu quero: uma última noite com você, antes que tudo termine. E quero chamá-lo de Severus, e que me chame de Harry.

Severus assentiu. Desde aquela tarde na Mansão de Riddle Severus não conseguia mais pensar no garoto senão como "Harry". Ah, se aquela devoção que Harry demonstrava por ele não fosse apenas influência do Feitiço de Istfy! Se pudesse tê-lo junto a si para sempre, em vez de ter de preparar um contra-feitiço que destruiria a sua ligação com simplesmente o melhor parceiro sexual que Severus jamais tivera!

- Você vai ter mais do que uma noite. Nós teremos de ir ao País de Punt juntos e passar uma semana lá. A poção que irá desmanchar o Feitiço só funciona lá, e leva sete dias para ser feita. Eu encontrei as referências ao preparo dessa poção em uma inscrição no Templo de Horus. Seguindo indicações de um velho mago que vende óleos, ervas e estatuetas no Grande Mercado e pistas que encontrei em velhos pergaminhos na Biblioteca de Punt, consegui encontrar um pequeno templo dedicado a Min, há muito abandonado. É para lá que iremos.

~*~*~

Capítulo 12

 

O Templo de Min em Punt era formado por várias salas em um complexo labirinto, e estava parcialmente em ruínas. Logo à entrada, uma estátua de Min, sua mão segurando o falo ereto. Ao redor do templo, muitas alfaces.

- Por que todas essas alfaces? - perguntou Harry

- É um afrodisíaco. Um dos símbolos do deus itifálico - explicou Severus.

- Iti o quê?

Severus suspirou alto.

- Itifálico. Significa "com o falo ereto".

- Ah.

Severus levou Harry até uma sala com as paredes cobertas de hieróglifos e apenas uma cama ao fundo. A cama era ampla, retangular, de madeira, com um colchão de cordas tramadas. Em vez de travesseiro, havia um descanso para a cabeça em forma de crescente em uma de suas extremidades.

Severus contou a Harry que havia limpado e descontaminado o local no dia anterior, instalado uma caixa d'água e um banheiro improvisado para suas necessidades sanitárias e também levado o caldeirão de cobre que dominava o centro da sala. A poção de Kyphi precisava ser preparada ali, junto aos domínios do deus Min. Era esse o seu segredo. Aquela poção estava difundida por todo o Mundo Mágico, mas com a fórmula adulterada e o modo de preparo equivocado. O velho do Grande Mercado ajudara-o a interpretar a verdadeira fórmula, que Severus encontrara na Sala do Laboratório, no Grande Salão do Templo de Horus em Edfu.

Harry ficou observando Severus começar a preparar a poção moendo almácegas em um almofariz, depois colocando-as no caldeirão. A seguir, acrescentando âmbar, cálamo, Aspalathus**, cidreira e hortelã, um ingrediente de cada vez e na ordem dada na receita. Essa mistura formava a base da poção, que Severus banhou em vinho do oásis. A mistura teria de ficar em repouso durante a noite.

No dia seguinte, Severus levou Harry ao Templo de Horus e contou a ele todas as histórias picantes que conhecia. A que Harry mais gostou foi a de Seth e Horus, tio e sobrinho, que haviam se envolvido em uma guerra envolvendo incesto, tentativa de estupro, troca de fluídos corporais e até mesmo - segundo algumas fontes - gravidez masculina, com o nascimento de seu filho, o deus Thoth.***

Quando eles voltaram para o Templo de Min, à tardinha, Severus pegou algumas uvas e mergulhou-as em um almofariz, embebendo-as em vinho do oásis e moendo-as com o pilão. Então essas uvas foram acrescentadas à base da poção, e a poção teria de descansar por mais três dias.

Toda aquela semana foi repleta de delirantes, deliciosas descobertas. Eles visitaram templos e pirâmides, foram a casas de chá, passearam por oásis à sombra de magníficas palmeiras e oliveiras.

À noite, Severus ensinava a Harry tudo o que sabia de magia sexual e dominância mágica. Mostrava a Harry todas as mágicas que sua varinha podia operar em seu corpo. Um toque de varinha podia exercer o efeito de um cubo de gelo sobre o mamilo de Harry; outro toque, e um leve choque elétrico percorria-lhe a palma do pé. Como bom Mestre em Poções, Severus tinha também um arsenal de produtos capazes de provocar todos os tipos de sensações. Severus gostava de amarrar-lhe os pulsos e vendá-lo, para que ele se concentrasse totalmente nas sensações. Uma massagem com óleo de canela deixava todo o seu corpo vibrante, e o aroma o inebriava; óleo de pimenta sobre seus mamilos era tão frio que parecia queimar. Severus usava também lubrificantes especiais, que não deixavam Harry gozar, para prolongar sua doce tortura.

Aos poucos, Harry começou a ficar mais solto, mais à vontade. Sua confiança em Severus agora era tanta que, uma noite, ele se deixou mumificar. Severus enrolou todo o corpo de Harry em tiras de linho, deixando buracos para as narinas, a boca e os genitais. Harry não se sentiu imobilizado, e sim completamente fora de seu corpo, devido à privação sensorial. Na verdade, não era muito excitante, mas Harry se sentiu loucamente feliz, e sentiu que Severus estava gostando muito da experiência.

Outra noite Severus o deitou em seu colo e mostrou-lhe sua coleção de chicotes. Harry sentiu um pouco de medo, sim, mas a excitação era mais forte do que o medo. Severus explicou a Harry que chicotes de couro mais duro ou rattan são usados para marcar, e que só usaria chicotes mais duros se Harry precisasse ser punido.

Severus o espancou primeiro com um chicote leve, de tiras curtas de camurça, que não fazia mais do que uma carícia e deixou Harry suspirando e querendo mais, seu pênis já ereto; depois com o de pele de veado, que o fez se derreter todo sobre o colo de seu Mestre, como um pudim. O quarto parecia envolto em brumas, e Harry não sabia se era por causa da poção ou porque ele estava em êxtase. A seguir, Severus pegou o chicote mais duro de camurça e Harry sentiu o traseiro ficar em brasa e o pênis pulsar. Então Severus passou um bálsamo refrescante e calmante sobre a pele quente e levemente esfolada, e Harry, sentindo-se seguro, amado e protegido por seu Mestre, gozou em seu colo.

Em sua quinta noite no Templo de Min, Severus misturou olíbano e mel em separado, em uma tigela de cerâmica, e ferveu-os para reduzir o volume em 20%. A seguir, misturou-os à base. A base devia ser mexida apenas com uma espátula de madeira, para preservar a potência. Agora a base deveria descansar durante a noite toda.

O cheiro da Kyphi era doce, melífluo, mas agradável e não enjoativo. A princípio, o olíbano predominava; depois o aroma de cidreira se anunciou, juntando-se a ele. A poção espalhava fortes vapores. Severus explicou a Harry que esses vapores eram usados para consagrar locais, objetos e pessoas. O cheiro era embriagante, narcótico. Harry ficou escutando-a ferver. Aspirando seus vapores, Harry tomava consciência de sua própria respiração. Sentiu-se um pouco sonolento e escutou vozes conversando calmamente.

Na manhã do sexto dia, Severus acrescentou a mirra, e a poção se tornou ainda mais narcótica.

Severus e Harry estavam vivendo em um paraíso induzido pela poção. Harry se sentia protegido, renovado e purificado.

À noite, Severus apagou o fogo sob o caldeirão. Agora a poção precisaria esfriar. O ar estava todo impregnado de seus eflúvios.

No sétimo dia, contudo, o efeito narcótico passou. A poção já estava fria e tudo estava pronto para que desfizessem o Feitiço de Istfy. A última vez que fizeram sexo foi triste, melancólica e quando acabou Harry sentiu um desespero negro cair sobre si.

Os dois precisavam executar o ritual nus. Severus ajudou Harry a entrar dentro do caldeirão. A poção cheirava a vinho e mel, e era espessa. Harry precisava submergir inteiro enquanto Severus pronunciava os encantamentos para livrá-lo do Feitiço de Istfy. Quando a cabeça de Harry estava coberta, Severus a segurou dentro do caldeirão. Harry escutou-o murmurar a fórmula mágica:

- ix ir.t(w) n=k mit.t dr.tw Sn.w m bAk=i****

Então Severus ajudou Harry a se levantar e derramou água de um balde, devagar, para retirar o excesso de Kyphi. Tirou Harry do caldeirão e secou-o com uma toalha. Harry arregalou os olhos ao ver Severus se ajoelhar diante dele para passar uma esponja sobre suas pernas e pés.

Finalmente, Harry viu Severus se erguer.

- Acabou? - perguntou Harry.

- Acabou.

Harry olhou para Severus, confuso. Era verdade. Seu corpo não era mais atraído pelo de Severus como um ímã. Ele não sentia aquele vazio por dentro que só Severus podia preencher. Como que para substituir aquele vazio, uma tristeza indefinível o invadiu, e ele se sentou na beirada da cama, derrotado.

Quando ergueu os olhos, viu Severus em pé diante de si, sem tirar os olhos dele, parecendo atravessá-lo com seu olhar.

- Você não parece muito feliz - comentou Severus.

Era o eufemismo do século. Harry estava arrasado.

Severus se ajoelhou novamente diante dele com um ar preocupado, e Harry o tomou nos braços. Severus deu um gemido gutural, e comprimiu-o sobre a cama, deitando-se sobre o garoto.

Harry afastou-lhe os cabelos dos olhos, com ternura, e piscou para conter uma lágrima.

- Você ainda me quer, não é?

- Eu devo ter enlouquecido - respondeu Severus, em voz rouca.

- Eu não sou muito submisso.

- Eu sei.

- Mas acho que ainda vou continuar gostando se você quiser me dominar na cama, e... sabe como é.

Os olhos negros brilharam de um modo suspeito, e a voz de Severus soou embargada.

- Então não vá embora. Fique aqui comigo.

- Aqui?

- Ou você prefere voltar ao seu namoradinho?

- Zach? Mas Severus, não há nada entre mim e Zach. Eu fui um canalha. Usei Zach pra deixar você com ciúmes.

- Entendo. Eu diria que isso foi muito Slytherin da sua parte, se não houvesse sido mais estupidamente imprudente que o mais imprudente dos gestos Gryffindor. Eu poderia ter estrangulado vocês dois.

- Bem... deu certo, no fim.

Severus arqueou uma sobrancelha.

- Se acha mesmo que deu certo, fique comigo. Estou em férias, e você já se formou. A guerra não acabou, mas acho que você e eu já fizemos até demais, e temos direito a um descanso. Depois que a guerra terminar, você decide. Você é muito jovem. Deveria viajar, conhecer o mundo...

- Severus, eu sei o que quero, e sei por que esse vínculo foi tão perfeito para nós.

- E por que seria?

- Porque... porque eu preciso acreditar que alguém precisa de mim, e...

- Você acha que eu preciso de você?

- Ora, acho.

- Eu já lhe disse que o mundo não gira a seu redor?

- Tantas vezes que já parei de contar. Mas você vai me deixar terminar meu raciocínio? - indagou Harry, com certa irritação.

- Que os deuses me livrem de tentar deter o inevitável.

- Como eu estava tentando dizer, você é exatamente o que eu preciso. Mas você é paranóico e não se entregaria a um relacionamento se não tivesse a segurança que o vínculo lhe dava.

- Sem o vínculo, será uma briga eterna para ver quem vai ser o dominante.

Harry sorriu.

- Pelo menos não será entediante.

Os olhos de Severus brilharam de novo de um modo intenso.

- Seja meu agora. Totalmente meu.

Harry deu um grunhido e separou as pernas para que Severus se alojasse entre elas.

- Calma, escravo. Você terá de ser muito paciente. Só vai gozar quando eu quiser.

Harry fechou os olhos em antecipação. Era maravilhoso sentir que Severus ainda exercia aquele efeito sobre ele e, sem o vínculo, o efeito era ampliado pelo fato de saber que, agora, tudo era absolutamente voluntário.

Harry sentiu algo aveludado e fino deslizar como Visgo do Diabo pelos seus ombros, tórax, depois distender seus braços e pernas, e percebeu que Severus usara cordas macias para prendê-lo à cama em X.

Severus mordiscou-lhe o lóbulo e lambeu-lhe a curva da orelha.

- Você está com gosto de mel, vinho e mirra, escravo. Vou lamber cada pedacinho do seu corpo - sussurrou-lhe o Mestre ao ouvido.

Severus contornou-lhe os mamilos com a língua, depois roçou os dentes de leve por sobre eles. Desceu ao umbigo, dando lânguidas passadas de língua, e desceu um pouco mais, enfiando o nariz por entre seus pêlos púbicos. Tudo o que Harry podia fazer era gemer e arquear o corpo em desespero, seu pênis impossivelmente ereto, achatado contra o estômago.

- Levante os joelhos - ordenou-lhe Severus. - As cordas vão se ajustar magicamente.

Harry obedeceu, e seu coração disparou quando Severus apertou-lhe delicadamente os testículos e os ergueu. O toque quente e úmido da língua de Severus em sua entrada o fez gritar, e ele não parou mais de grunhir se contorcer enquanto aquela língua entrava e saía de dentro dele, distendendo-lhe as paredes, preenchendo-o.

- Ah, Severus, me deixe gozar. Me toque...

Severus se ergueu por entre as pernas de Harry, com um sorriso sádico. Ajoelhou-se na cama e começou a lamber-lhe o pé - primeiro a sola, depois os dedos, um a um.

- Você é um pervertido, um sádico - gemeu Harry.

- Accio caldeirão - disse Severus, trazendo o caldeirão para o lado da cama e mergulhando a mão direita até o fundo. Severus retirou a mão coberta de Kyphi do caldeirão e levou-a ao pênis de Harry, cerrando os dedos ao seu redor. Harry gemeu mais alto do que nunca, e continuou gemendo quando Severus começou a lamber o Kyphi de seu pênis. Era a primeira vez que Severus o chupava. Aquela língua passando pela parte interna de seu pênis, depois contornando-lhe a pontinha, era mais do que o suficiente para Harry gozar, mas na hora H Severus parou e ergueu a cabeça. - Só quando eu mandar.

Harry sacudiu a cabeça.

- Não dá para controlar.

- Dá sim - disse Severus, implacável. - Você precisa se concentrar, concentrar sua magia. Concentre-se em mim, entregue o controle a mim. Canalize a sua vontade e a sua magia para mim.

Harry fechou os olhos, e sentiu que aquilo, por incrível que parecesse, era possível. A sua energia estava em um ponto máximo, e ele podia canalizá-la para Severus. Ele se sentia bem fazendo isso, deixando Severus dominá-lo por completo. Abriu os olhos e viu que o fluxo de magia passava dele para Severus, tornando Severus mais poderoso. Severus irradiava magia por todos os poros.

Severus gemeu, talvez sentindo o poderoso influxo de magia. Soltou as cordas das pernas de Harry e encostou a varinha em sua estreita entrada, murmurando um encanto lubrificante.

Harry achou que Severus fosse entrar com tudo, mas não. Como se tivesse todo o tempo do mundo, Severus penetrou e permaneceu imóvel por intermináveis segundos, seu pênis inchando e pulsando dentro dele. Só então Severus começou a se mover para dentro e para fora, bem devagar.

Nesse ritmo, Severus conseguiu entrar mais fundo e depositou um beijo sobre o peito de Harry.

- S-Severus - sussurrou Harry, totalmente entregue.

Suas barrigas se tocavam de leve a cada estocada. Harry sentia cada centímetro do pênis de Severus dentro de si. Na próxima estocada, Severus tocou-lhe a próstata, em cheio. Harry estremeceu, e seu gemido parou na garganta quando Severus investiu de novo, atingindo o mesmo ponto pela segunda vez.

Agora Harry não sabia mais se os gemidos que ouvia eram seus ou de Severus. As cordas prendiam-lhe os braços, não o deixando puxar Severus contra si e acabar com aquilo de uma vez, e todos os seus nervos estavam tensos, em fogo, clamando pelo momento do gozo. Tudo estava centrado no homem que o dominava, e que, sobre ele, o massacrava impiedosamente. Os cabelos de Severus agora lhe escondiam o rosto, e seu corpo estava todo molhado de suor.

- Harry... eu vou...oh, Harry.

Harry escutou Severus exalar um longo suspiro entrecortado e sentiu o pênis de Severus pulsar dentro de si. Harry tentou segurá-lo ali dentro, não querendo que aquilo terminasse, e Severus agarrou-lhe o traseiro e puxou-o para si, enterrando-se completamente no corpo de Harry.

- Agora, Harry. Goze comigo.

E Harry sentiu o pulsar do orgasmo de Severus transmitir-se a ele, em ondas intermináveis de prazer. Com uma última e desesperada estocada, Severus derramou seu sêmen dentro do corpo trêmulo de Harry, e Harry sentiu o jorro cálido de seu sêmen projetar-se e seu corpo todo pulsar convulsivamente, caindo em um abismo sem fim.

Severus havia lhe devolvido sua magia, e mais forte do que nunca.

~*~*~

Capítulo 13

 

Severus pronunciou o encanto para soltar seu escravo, que adormecera a seu lado.

Era incrível o que havia acontecido ali. Harry havia lhe cedido todo o seu controle, toda a sua magia durante o seu ato de amor. Severus nunca havia experimentado um nível de empatia e um fluxo de energia tão fortes antes. Ele já tivera vários escravos, a maioria pagos, e nenhum deles havia durado mais do que alguns encontros. Todos acabavam lhe dizendo a mesma verdade: que ele era um péssimo dominante. Que ele era egoísta demais para cuidar de um escravo como devia.

Infelizmente, precisava reconhecer para si mesmo que a diferença era que com Harry ele se importava. Severus não gostava de estar atrelado assim a outra pessoa, mas... tinha suas compensações.

Severus descansou a mão sobre o tórax de Harry e, ao fitar-lhe o rosto, viu que ele abrira os olhos.

- Guh. Quem precisa de Feitiço de Istfy? - perguntou Harry, em voz sonolenta.

- Foi inacreditável. Explique para mim como você conseguiu.

- Eu? Consegui o quê? Entregar o controle a você? Se não for a força de Min atuando sobre nós, é porque... bem, porque eu confio em você, e porque gosto do seu domínio.

- É mais provável que seja a força de Min - disse Severus, olhando para Harry com incredulidade. - Nem você poderia ser tão temerário a ponto de confiar em mim e gostar de meu domínio.

Harry apenas sorriu, um sorriso quase sádico.

Eles formavam uma dupla muito, muito estranha, pensou Severus antes de adormecer.

 

Finis

Notas:
* "Eis que você é meu servo". Em hieróglifos:

** "Aspalathus Linearis" da família das leguminosas, existe apenas na África do Sul, crescendo espontaneamente nas montanhas. É utilizada para fazer o chá conhecido como "Rooibos".
*** Leia mais a respeito aqui.
**** "Que o mesmo seja feito a você: que os problemas de meu escravo sejam extintos." Em hieróglifos:


Não inclui vogais nos encantamentos (os egípcios não as escrevem). Vocês terão de
imaginar que Severus pronunciou os encantamentos com as respectivas vogais.
Os eruditos inventaram regras para incluir vogais, mas a verdade é que o que eles obtêm muitas vezes difere de como os antigos egípcios realmente pronunciavam as palavras.



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Ptyx, Junho/2005