Fantasia Gótica III

 

Quando Albus nos chamou ao seu escritório e revelou que Harry era meu filho, nenhum de nós dois acreditou. Era fantástico e horrível demais para ser verdade.

Eu jamais imaginaria que naquela última noite com Lily, quando me despedira dela para juntar-me permanentemente aos Comensais da Morte, um filho teria sido gerado.

Lily se casara com James para dar um pai respeitável a seu filho. E, sendo uma bruxa de muitos recursos, conseguira produzir um glamur que dera a Harry as feições de James.

Um glamur que duraria dezesseis anos, até a maioridade de Harry.

O tempo se encerrara, contudo, e o glamur começara, lentamente, a se dissolver. Albus não pudera mais protelar a terrível revelação.

A princípio, eu neguei. Depois, o rejeitei. Ele, se sentira mágoa pela minha rejeição, não o demonstrou. Rejeitava-me com a mesma veemência com que eu o rejeitava.

Tudo isso mudou no dia em que Harry desapareceu sem deixar vestígios.

Então eu desmoronei. Não podia suportar a idéia de perdê-lo para sempre. De não ver mais aqueles olhos verdes me desafiando, aquele corpo magro e frágil que guardava em si uma magia tão pura.

Pedi aos deuses que lhe poupassem a vida - que tirassem a minha, e não a dele. Ele era meu único descendente e minha única esperança.

Os centauros o encontraram na floresta, e o trouxeram de volta a nós, desacordado. O novo professor de Defesa Contra As Artes das Trevas tentara matá-lo, mas ele, mais poderoso, conseguira derrotá-lo. O esforço fora demais para ele, no entanto, e caíra desacordado.

Esperei junto a seu leito que recuperasse a consciência. Quando ele abriu os olhos, minha emoção foi tanta que lhe toquei o rosto com mãos trêmulas.

Estranhamente, ele me aceitou. Ele se mudou para as minhas masmorras, e eu passei a cuidar dele, a protegê-lo, a ensinar-lhe tudo o que sabia. Apesar de todas as nossas diferenças, nós nos tornamos amigos. Agora que o glamur se dissipara, ele se parecia muito comigo: a mesma cor de pele, os mesmos cabelos negros. Ele tivera sorte, no entanto, de não herdar meu nariz. E os olhos verdes eram mesmo os de Lili.

Ele se afastou dos amigos. Lupin, que voltara a ser o professor de Defesa Contra As Artes das Trevas, tentava se aproximar dele, mas ele o repelia.

Desde aquele dia na enfermaria, eu nunca mais o tocara. Também nunca lhe dissera que a presença dele... me confortava. Nunca lhe dissera que...

Meus sentimentos estavam confusos. E ele... parecia ansiar por algo, por uma definição, uma declaração, um gesto.

Fomos passar as férias de julho em uma casa que construí na Cornualha. Íamos à praia todos os dias, nos divertíamos muito. À noite, eu trabalhava em poções, em um laboratório improvisado, e ele me ajudava.

Uma noite de tempestade... eu estava junto à minha mesa de trabalho. Ele se aproximou por trás. Eu o senti, mas não me afastei... Ele me abraçou, e encostou o rosto em minhas costas. Eu me virei devagar e o tomei nos braços. Nós derretemos juntos, e nos beijamos como amantes. O horror do que estava fazendo me assaltou; eu o empurrei para longe, e me afastei.

- Não podemos, Harry. Você é meu filho!

Ele voltou para junto a mim, sem dizer nada, e me abraçou de novo. Não tive coragem de afastá-lo outra vez, e o segurei contra mim, enlouquecido por seus carinhos e doçura.

Eu o levei para a cama, e beijei-o de leve, quase castamente, só roçando os lábios nos dele. Harry fechou os olhos e suspirou. Descansei minha mão na curva de sua cintura.

- Harry... - eu disse, e minha voz soava grave e rouca.

Ele apoiou a mão sobre meu peito, e eu o fitei longamente.

- Não quero... estragar o que há entre nós... Eu tenho medo, Harry.

- Eu quero você também. Muito. Nunca desejei ninguém assim.

Pela vidraça da janela fechada junto à cama, eu via os relâmpagos se intensificarem. O vento uivava, chicoteando as árvores.

Tirei-lhe as vestes por sobre a cabeça. Meu menino era tão belo... Rocei a ponta dos dedos em seus mamilos, que endureceram ao toque. Ele gemeu e segurou-me a cabeça com firmeza. Passeei com a língua ao redor de cada um dos mamilos; dava-lhe pequenas mordidas também, deliciando-me com seu sabor, sua textura.

Naquele momento eu entendi que não suportaria que Harry fosse de outro, que outro lhe tirasse a virgindade. Harry seria meu, para sempre.

Os olhos dele estavam turvos, os cabelos espalhados pelo travesseiro sob sua cabeça. Ele estava corado, todo desarrumado, respirando pesado. Aquela expressão de desejo em seu rosto fez com que algo brotasse dentro de mim, espalhando-se por meu baixo-ventre.

Harry lambeu os lábios rapidamente para umedecê-los, e a sensualidade inconsciente daquele gesto me fez agarrar o colchão com força.

Uma onda de alegria me invadiu, ao ver o quanto ele me desejava, e eu me inclinei para beijá-lo de novo.

Minhas mãos se moviam por seu corpo com cuidado, como se pedindo licença a cada passo. Ele derretia ao meu toque, e retribuía com avidez, percorrendo meu corpo com as mãos, entrelaçando as pernas às minhas.

Ele estava plenamente ereto, e eu também.

Lá fora, a tempestade explodia em raios. Os trovões sacudiam as frágeis estruturas da casa de madeira. Harry se agarrava a mim com mais força a cada trovão.

- Tem medo dos raios? - perguntei-lhe, interrompendo o beijo.

- Não. Com você, eu me sinto seguro.

Segurei-lhe os quadris, apertei-os. Esfreguei meu membro ereto contra o dele. Ele gemeu, e fechou os olhos outra vez, em êxtase.

Trêmulo, aproximei meu dedo de sua entrada, massageando-lhe a parte exterior. Àquele primeiro toque mais íntimo, a respiração dele parou na garganta. Beijei-o com fúria, um beijo molhado, quente, profundo. Nossos corações batiam acelerados com a intensidade das paixões.

Num impulso que surpreendeu a mim mesmo, me ajoelhei entre suas pernas. Retirei o dedo e o substituí pela língua. Penetrei o mais fundo que consegui, e girava minha língua, forçando suas paredes a se distenderem. Harry se agarrou ao colchão e gritou de prazer.

Quando o senti pronto, murmurei um encanto lubrificante, e meu menino, que nunca havia tido uma relação com um homem, me recebeu em completa entrega; me acolheu no calor de seu corpo.

Eu o possuí frente a frente, pois queria ver-lhe as reações. Deslizei para dentro dele com facilidade. Ele arquejou, e seu corpo ficou tenso quando comecei a me mover dentro dele. Ele era tão quente, tão apertado.

Entrei mais fundo, quase me perdendo, quase não conseguindo suportar tanto prazer me envolvendo. Tomei-lhe o pênis na mão, segurando-me a ele como a uma âncora, e comecei a bombeá-lo no mesmo ritmo com que me impelia contra ele.

Harry, enfim, relaxou, e começou a dar gemidos de prazer quando meu pênis lhe roçava a próstata. O suor cobria nossos corpos. Acelerei o ritmo. Eu me senti totalmente envolvido por seu cheiro almiscarado e doce, pelo calor de seu corpo, e me entreguei a ele com tudo. Sussurrei seu nome, e fechei os olhos, perdido nas sensações, até senti-lo pulsar em minha mão. Abri os olhos e o vi projetar o corpo para cima e derramar seu sêmen por sobre meus dedos.

- Pai...

Foi a visão mais bonita de minha vida, e só ela bastou para me levar ao êxtase. Meu corpo se crispou, e meu sêmen o preencheu completamente no mesmo instante em que um trovão mais forte parecia sacudir até o âmago de nossos ossos.

- Harry... Meu filho.

Desde esse dia, ele passou a dormir comigo todas as noites.

 

Fim

 

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Ptyx, Dezembro de 2004