Fantasia Gótica I

 

Um Harry Potter de onze anos está sentado em meu colo, fixando em mim seus olhos verdes, cheios de expectativa, pronto para ouvir a história de Gilles de Rais.

- Estamos no século XV. A parte negra da história de Gilles de Rais começa após o sacrifício de Joana d'Arc. Foi quando ele começou a estudar alquimia. Nessa época, isso já era proibido pela igreja. Estudou os textos de Alberto o Grande, Arnaud de Villeneuve, Raymond Lulle, Nicolas Flamel. Em seu castelo, em Tiffauges, Gilles construiu um forno alquímico, o atanor, montou laboratórios com pelicanos, crisóis e retortas. Queria encontrar a pedra filosofal.

- Ah! Ele também?

- Se vai ficar me interrompendo...

- Desculpe, Severus.

- Pois bem. Todo esse esforço de Gilles não resultou em nada. Então ele entrou em contato com magos experientes, com grande conhecimento de Magia Negra. Um desses magos foi o célebre François Prélati. Nessa época, a Magia ainda era muito influenciada pela religião. A Magia Branca se inspirava em Cristo, e a Magia Negra se voltava a Satã. Essas idéias medievais hoje são consideradas ultrapassadas pelo Mundo Mágico, mas na época eram as idéias dominantes. Esses magos negros eram, portanto, satanistas, e achavam que a melhor forma de se conseguir os favores de Satã seria cometer pecados, praticar crimes.

Harry está sentado de lado em meu colo. Eu estou na poltrona mais confortável de meu escritório. Abraço-o, comprimindo-lhe o corpo frágil e magrinho contra o meu.

- Gilles não gostava de mulheres. Preferia dormir com... meninos. Escolhia meninos... "belos como anjos", como ele mesmo dizia. Quando guerreava, eles eram os únicos que poupava em seus massacres.

Harry arregala os olhos. Eu tomo fôlego, tiro-lhe os cabelos do rosto, e continuo.

- Logo, deflorar meninos, manchar sua pureza, passou a ser pouco para ele. Era preciso descer mais um degrau na escada rumo ao inferno. A primeira vítima desse novo patamar de violência foi um menino de nome desconhecido. Gilles o estrangulou, cortou-lhe os pulsos, extraiu-lhe o coração, arrancou-lhe os olhos, e os levou ao quarto de Prélati. Juntos, eles ofereceram os órgãos do menino a Satã.

Há um brilho de fascínio nos olhos de Harry. Encosto meu rosto em seus cabelos, aspirando seu cheiro doce, infantil.

- Continue, Severus. Por favor.

- Como quiser, Harry. Pois bem. Apesar de tudo, Satã não se manifestou. O sangue desse menino foi conservado para a escrita de fórmulas mágicas e grimórios. Esse menino foi apenas a primeira vítima de uma série de massacres. De 1432 a 1440, a lista de crianças desaparecidas na região do Anjou, da Bretanha e de Poitou era interminável. Gilles mandava seus empregados recolherem crianças nas ruas, em sacos e tonéis. Essas crianças eram estupradas, degoladas, destripadas. Fala-se em cerca de oitocentas crianças assassinadas brutalmente.

- Oitocentas?!

-Oitocentas. - Acaricio-lhe lentamente o peito por sobre as vestes, brincando com seus jovens mamilos. - Gilles e seus amigos os levavam para um quarto nas masmorras do castelo. Lá, os meninos eram despidos e amordaçados; Gilles os bolinava e estuprava, depois os golpeava com uma adaga e os desmembrava, pedaço a pedaço. Outras vezes, ele lhes abria o peito e sorvia-lhes o sopro dos pulmões; abria-lhes o ventre, cheirava-os, abria-lhes as carnes com as mãos e mergulhava dentro deles, refestelando-se nas entranhas quentes. E, às vezes, ao fazer isso, ele se afastava um pouco, para contemplar a expressão do menino em suas últimas convulsões, seus últimos espasmos.

A expressão de Harry mescla repulsa, medo e fascínio. Ele começa a ficar excitado também com minhas carícias. Levanto-lhe as vestes e toco-lhe a pele nua, seu tórax, seus mamilos, seu traseiro. Ele geme e, ficando de frente para mim, me abraça. Tiro-lhe as vestes; ele fica só de cuecas.

- Gilles dizia que gostava mais de desfrutar das torturas, das lágrimas, do terror e do sangue do que de qualquer outro prazer. Por fim, ele se cansou dessas diversões vampirescas, e passou a fazer amor com os mortos... Fazia concursos de beleza entre cadáveres. Pegava os mais belos pelos cabelos e beijava-lhes os lábios frios...

Roço meus lábios nos dele, e ele emite um lamento cheio de desejo. Meu pênis está completamente duro e luta por escapar do confinamento das roupas. Minha voz, agora, sai rouca e arfante.

- Durante alguns meses, essa necrofilia o satisfez. Um dia, quando sua provisão de crianças havia acabado, chegou a destripar uma mulher grávida e estuprar o feto.

Harry empalidece. Não agüentando mais, e também para distraí-lo um pouco, ergo minhas vestes e liberto meu pênis de seu confinamento. Harry olha para ele, com aquela mesma expressão de medo e fascínio.

- Depois dessas orgias, Gilles ficava esgotado, e entrava em uma espécie de coma, uma letargia profunda. Mas esses prazeres monstruosos não foram o bastante para ele. Agora a sua ferocidade não era mais só carnal, passou a ser também espiritual. Ele queria fazer a criança sofrer de corpo e alma. Assim, ele descia ao grau mais baixo do Mal. Quando um desses meninos era levado a seu quarto, nas masmorras, era pendurado por uma corda presa a um gancho na parede. Quando estava a ponto de sufocar, Gilles mandava baixá-lo e retirar-lhe a corda do pescoço. Sentava o menino em seu colo e o reanimava, acariciava-o, enxugava-lhe as lágrimas, e apontava-lhe seus cúmplices, dizendo que eram malvados, mas que lhe obedeciam. Dizia-lhe que não tivesse medo, que ele o salvaria e o devolveria à sua mãe. Quando o menino, louco de alegria e gratidão, o abraçava, ele lhe cortava o pescoço por trás, delicadamente, e então se jogava sobre ele, violando-o. Depois desses jogos abomináveis, ele dizia, cheio de orgulho: "não há ninguém nesse planeta capaz de fazer o que eu faço".

Olho para ele, e vejo que está trêmulo.

- Harry, vamos tirar isso - seguro-lhe a cueca - e você vai se sentir melhor. Eu vou fazer você se sentir bem.

Ele me ajuda a tirar-lhe a cueca, contorcendo-se todo. Enfim, eu o tenho nu em meu colo, o pênis pequeno e róseo ereto, tão ávido pela minha mão. Meu pênis pulsa forte, já com uma gota prematura de sêmen se formando na ponta. Seguro-lhe as nádegas macias, aperto-as de leve, e viro-o de costas para mim. Pego o lubrificante no bolso e espalho-o pela parte exterior de seu minúsculo canal; introduzo um dedo, só um pouquinho. Então passo o lubrificante sobre todo meu pênis, ereto e intumescido. Encaixo meu pênis no estreito espaço entre suas nádegas. Continuo a história, murmurando as palavras junto ao seu ouvido.

- Você sabe, depois de tudo isso, Gilles não tinha como descer mais... O remorso começou a assaltá-lo. Ao se lembrar de suas carnificinas, ele se jogava ao chão, chorando. Pedia perdão a Deus e jurava penitência. Falava em se tornar padre, em ir a Jerusalém, em se tornar mendigo. No entanto, essas promessas não duravam, e logo ele se entregava a novos horrores.

Tomo-lhe o pequeno pênis na mão. O menino geme alto e se contorce todo. Começo a fazer movimentos para a frente e para trás, roçando meu pênis contra sua abertura, pressionando de leve, para não machucá-lo, até conseguir... oh... ter a ponta do pênis completamente coberta. Ao mesmo tempo, aperto-lhe o pênis em minha mão, bombeando-o devagar.

- Ele logo voltava a seduzir crianças, e depois, sorrindo, as espancava até seu cérebro saltar para fora do crânio.

Sinto a respiração de Harry parar por um instante. Será que ele está com medo? De mim? Aperto-lhe a pontinha do pênis, para distraí-lo, e ele grita de prazer.

- Depois que cometia suas atrocidades, Gilles corria para a floresta, e os fantasmas do remorso o perseguiam. Um dia, as árvores que o cercavam adquiriram formas espectrais, evocando-lhe as crianças destripadas. Formas obscenas se erguiam da terra, fendas semelhantes a lábios, corpos enrugados cheios de braços e pernas, falos eretos...

A pressão dos músculos dele cerrados em torno da ponta do meu pênis é que me leva à loucura e eu mal consigo falar. Meus movimentos se aceleram, e eu o bombeio no mesmo ritmo.

- ...gotas de umidade lembrando gotas de sangue. Com sua adaga, ele tenta esfaquear essas árvores, destripá-las, violá-las. Coberto de sangue e seiva, ele se debate, preso aos galhos lúbricos que o envolvem...

O pênis do menino pulsa na minha mão, e ele goza. Agarro-lhe os quadris com as duas mãos e me comprimo contra ele uma, duas, três vezes até meu corpo se crispar, em ondas incontroláveis de prazer, e meu sêmen jorrar enquanto eu o abraço com força, quase estrangulando-o.

- E então o corpo de Cristo surge diante dele, e ele se joga ao chão, vencido.

 

Fim

 

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Ptyx, Dezembro de 2004