Sonhos

 

"Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida."

("Tabacaria", Fernando Pessoa)

 

Eles aparataram direto do banco do parque no quarto de Severus, ou melhor, na cama de Severus. Severus temia que tudo houvesse sido rápido demais. Não queria que Harry tivesse idéias errada sobre ele.

Severus despiu Harry devagar e com cuidado, como uma criança abrindo um presente, maravilhando-se a cada detalhe das formas nuas do amante. Ao revelar-lhe o pênis ereto, a sensação de irrealidade o assaltou. Era mesmo Harry Potter que estava em sua cama, entregue aos seus carinhos? Severus engoliu em seco, e teve uma idéia extremamente Slytherin. Queria que aquela fosse uma experiência inesquecível para Harry.

- Eu quero você dentro de mim.

Harry o fitou com surpresa, mas logo abraçou a idéia com entusiasmo...

Como nos sonhos mais loucos de Severus, Harry o penetrou frente a frente, as pernas de Severus envolvendo-lhe a cintura. Severus gemeu de prazer ao senti-lo todo dentro de si. Fazia muito tempo que ninguém o tinha assim, mas Harry era cuidadoso, e eles pareciam ter sido feitos um para o outro.

A mão de Harry cerrou-se ao redor de seu pênis, bombeando-o, e quando Harry mudou um pouco ângulo, seu corpo todo se crispou, e Severus foi arrebatado por intermináveis ondas de prazer.

Harry gozou dizendo seu nome. Severus nunca havia percebido o quanto seu próprio nome era belo.

~*~*~

À tarde Harry pediu a Severus que lhe ensinasse a fazer sonhos (Severus dissera que havia aprendido a fazê-los quando criança).

Na cozinha, Severus mostrou o livro de receitas a Harry.

- Nem tudo deve ser feito como está escrito aí.

- Ah, sei. É como os livros de Poções: só funcionam quando o Príncipe Mestiço escreveu nas margens.

Severus se sentiu na obrigação de recompensar aquele elogio com um beijo. Quando parou para tomar fôlego, notou que o livro de receitas estava quase esmagado entre seus corpos.

- Eu tenho uma dúvida, Severus. Aqui diz que é preciso passar manteiga na base e nos lados... Acha que isso realmente é necessário?

- Não tenho a menor dúvida.

- E sobre a cobertura... diz que ela endurece à medida que esfria. Isso me parece muito estranho.

- Entendo por que você não consegue captar o conceito: é que certas coisas endurecem à medida que esquentam...

- Exatamente - disse Harry, projetando os quadris contra os seus.

Severus quase foi até as estrelas, mas logo recuperou o controle. Havia certas vantagens em se ter sessenta anos - poucas, é verdade, mas significativas.

- Sr. Potter, vejo que, na verdade, não está mesmo empenhado em aprendar a fazer sonhos.

- Por que diz isso, professor? Estou inteiramente à sua disposição. Se quiser começar a passar a manteiga sobre a base e...

- Não sei se prestou atenção, mas há aqui um outro trecho em que menciona que os ovos precisam ser batidos de leve...

- Oh, sim! Se for de leve, eu gostaria disso também!

- Em outros tempos, pirralho, eu devoraria você em cima dessa mesa.

- Ooooh... que tesão... Adoro quando fala assim comigo. A sua voz parece um veludo passando pelo meu corpo... Por favor, Severus... me coma aqui mesmo, na mesa da cozinha. A não ser que você já esteja velho demais para isso?

Ha. Aquilo era um golpe baixo. Severus se levantou e, em um gesto propositalmente dramático, pegou Harry no colo. (Obviamente, lançara um feitiço não-verbal para tirar-lhe o peso, pois, embora Harry fosse magrinho, Severus não iria forçar as costas à toa.)

- Se é assim que você quer, é assim que vai ser - disse Severus, depositando Harry cuidadosamente sobre a mesa e tirando-lhe a roupa.

Sob o olhar curioso de Harry, Severus pôs uma barra de chocolate numa caneca e lançou um feitiço de aquecimento sobre ela. Então pingou lentamente algumas gotas sobre um dos mamilos de Harry. O chocolate estava quente, mas não quente demais, e Harry deixou escapar um gemido de prazer. Severus se inclinou e lambeu o mamilo coberto de chocolate, e Harry segurou-lhe a cabeça contra o corpo. O chocolate quente iniciou, então, um lento percurso de descida, formando um pequeno lago no umbigo. Severus lambeu meticulosamente cada gotinha. Descendo um pouco mais, Severus roçou o nariz nos pêlos púbicos de Harry. Este se contorcia loucamente. Severus testou a temperatura - agora já apenas morna - antes de pingar algumas gotas sobre o pênis de Harry. Severus cobriu-lhe a pontinha com a boca e começou a descer até a base.

Harry não demorou a gozar em sua boca, mas Severus não lhe deu descanso nem depois disso. Logo, um dedo coberto por chocolate estava circundando-lhe a entradinha, seguido por uma língua ávida por explorar aquela doce região. O pênis de Harry estava começando a dar novos sinais de vida.

Severus não achava que manteiga fosse o melhor lubrificante do universo, mas junto com um feitiço lubrificante, era perfeito. E a mesa proporcionava um ângulo de penetração muito bom, também. Apoiando os tornozelos de Harry em seus ombros, Severus mergulhou. Oh, era tão delicioso que ele quase perdeu o controle cedo demais. Respirou fundo e segurou as coxas de Harry com firmeza para imprimir o ritmo certo - o mais lento que conseguiu.

Harry começou a atiçá-lo murmurando instruções da receita...

Mexa com mais força

Deixe ficar bem grosso

Junte o creme...

Era incrível, fantástico. O prazer foi crescendo aos poucos (como a massa dos sonhos) e eles derreteram juntos (como chocolate sob calor intenso).

Severus confessou a si mesmo que não era totalmente imune à fama de Harry Potter. Ao contrário, sempre se ressentira dela. E sentia-se agora vergonhamente orgulhoso pelo mero fato de que o havia tido na mesa de sua cozinha.

- Não preciso de alguém que seja imune à minha fama. Preciso de alguém em quem eu confie e a quem respeite, e que confie em mim e me respeite também - disse Harry.

Esquecera-se de que Harry, apesar de jamais haver dominado Oclumência, era um bom Legilimente...

- Pensei que precisasse de alguém que o ensinasse a fazer sonhos.

- Oh, isso também! Não pense que estou aqui só porque você é o Deus Slytherin do Sexo!

Severus se rendeu ao sorriso que se insinuara em seu íntimo. Harry exercia aquele efeito sobre ele. Severus teria de se acostumar.

O chocolate acabara, mas da próxima vez eles poderiam tentar fazer doces com pétalas de rosas.

 

~Finis~

 

Anterior
Trigramarye
(Índice)
Fanfiction (Índice)
HOME

Reviews

Ptyx, Janeiro/ 2006