12 - Novos Desafios

 

- Ficou maluco? - perguntou Harry, assim que aparataram no quarto de Snape no chalé, Harry no colo de Snape.

Snape passou a corrente do Vira-Tempo que estava ao redor de seu pescoço ao redor do pescoço de Harry também e virou o Vira-Tempo seis vezes.

- Que outro jeito havia de conversar com você? - respondeu Snape, irritado, largando Harry ao chão. - A semana inteira, um depoimento atrás do outro. E amanhã começam as aulas. Ou melhor... depois de amanhã.

- E como você vai explicar a Dumbledore...

- Harry, todos nós sabemos que Dumbledore está cansado de saber de tudo.

- De tudo o quê?

Snape estreitou os olhos.

- Ainda está zangado comigo?

- Eu... Sim, estou. Eu não gosto que decidam as coisas por mim. Não sou mais criança - disse Harry, não acreditando no que ele mesmo estava dizendo. Na noite anterior, havia decidido que iria procurar Snape, e agora falava com ele naquele tom!

- Sempre querendo bancar o herói, não é sr. Potter?

Os dois se encararam, como que prestes a travar um duelo ou se engalfinhar em uma luta corpo a corpo. A tensão era quase insuportável.

- Acho... que é melhor eu ir embora - disse Harry, baixando a cabeça, porque não conseguia mais encarar Snape.

Snape segurou-lhe os braços com firmeza.

- Talvez você esteja certo, talvez eu o trate mesmo como uma criança. Você precisa entender que eu sou vinte anos mais velho do que você, e que não é fácil perder velhos hábitos. Mas, por outro lado, não posso pedir desculpas por ter feito o que fiz, porque, se acontecesse de novo, eu faria tudo de novo. Tudo o que eu fiz foi porque eu... não conseguia suportar a idéia de perder você.

Harry não conseguia mais pensar. De repente, estavam nos braços um do outro - era como se seus corpos tivessem decidido por eles. Os dois gemeram ao mesmo tempo.

- Harry...

- Oh, Severus. Eu fui tão idiota.

- Não é nenhuma novidade.

Harry sorriu. Aquele era o seu Snape.

- Você ainda se lembra daquele outro jeito de... er... de se comunicar que você costumava usar comigo?

- Era exatamente nisso que eu estava pensando quando trouxe você direto para esse quarto. Espero não ter perdido a prática, já faz muito tempo - disse Severus, antes de tomar os lábios de Harry em um beijo de tirar o fôlego.

Severus o levou para a cama, sempre beijando-o. Harry gemeu suavemente, derretendo, enlaçando Severus pelos ombros. O mago mais velho tirou-lhe os óculos e depositou-os sobre a mesinha de cabeceira.

Beijaram-se por um longo tempo, ambos perdidos na batalha de línguas e lábios, mãos percorrendo os corpos ávidos, que se comprimiam um contra o outro. O beijo poderia ter prosseguido por mais tempo ainda se Harry não tivesse esfregado os quadris contra os do mago mais velho, e passado as pernas ao redor de sua cintura, pressionando o membro ereto contra o estômago de Severus.

Então Severus se decidiu a tirar-lhe a roupa, ainda que lentamente. Harry fazia o mesmo com as roupas de Severus.

Quando Severus se viu sem o manto, apenas de cuecas, e se livrou da camisa do pijama de Harry, fitou o corpo do garoto, com surpresa.

- Você... cresceu. - Severus insinuou os dedos por entre os novos pêlos sobre o tórax de Harry. - Só um mês longe de você e você já está... diferente.

- Ainda gosta de mim? - perguntou Harry, inseguro, com a voz falhando.

Severus franziu o cenho.

- Claro que sim, Harry. Eu não tenho nenhum fetiche por adolescentes. Quero ver você crescer e se desenvolver em todos os sentidos. Eu só não quero é ficar longe de você. Quero acompanhar cada segundo, cada mudança.

- E eu não vou ligar se você ficar de cabelos brancos ou careca.

Severus fez uma careta.

- Eu sou um mago. Nós temos encantos e poções para implantar cabelos. Como sempre, você não presta atenção em suas aulas de poções. Eu lhe ensinei uma dessas poções, a Capillus-Gro, no ano passado, menino irresponsável.

Em vez de responder, Harry tomou-lhe um mamilo entre os dentes, fazendo com que Severus esquecesse completamente o assunto.

Depois Harry passou a dedicar-se ao pescoço e ao lóbulo da orelha do amante. Lambia-o e cheirava-o, deliciando-se com aquele corpo, retomando a familiaridade com ele.

- Hmm. Você usou de novo aquele xampu de microesponjas de olhos de lagarto... E seus cabelos não estão mais oleosos.

- Estou aperfeiçoando o xampu - explicou Severus.

- Não tente ficar muito mais bonito. Se você virar mesmo o Deus do Sexo de Slytherin, eu vou morrer de ciúmes.

Foi a vez de Severus beliscar-lhe delicadamente um mamilo.

- Eu quero que você morra de ciúmes!

- Ai! Seu sádico!

Harry se livrou de suas próprias cuecas. Severus parecia não conseguir tirar os olhos dele.

Harry se deliciava com o olhar que Severus lhe lançava. Que saudade! Tanto tempo sem ter aqueles olhos sobre si, aquelas mãos... Concentrou-se completamente no presente, querendo desfrutar de cada momento junto a Severus.

Severus tirou a cueca, revelando o membro ereto, e se aninhou entre as pernas de Harry. Beijou o garoto languidamente.

- Severus, eu quero você dentro de mim.

Severus fechou os olhos, como que para saborear as palavras do garoto, e Harry sentiu-o pulsar junto a si.

- Logo eu vou estar dentro de você, Harry - disse ele, em voz rouca.

Harry gemeu. Aquela voz fazia coisas incríveis com ele.

Severus se esticou para abrir a gaveta do mesa de cabeceira e pegar o lubrificante. Derramou um pouco em seus dedos, fitando Harry intensamente. Sem tirar os olhos de Harry, espalhou o produto sobre seu membro.

Severus insinuou um dedo com cuidado dentro de Harry, movendo-o para dentro e para fora.

Harry se remexeu sob ele, derretendo e querendo mais.

- Está bom, Severus. Não precisa mais ficar me preparando.

- Não senhor. Faz muito tempo que não fazemos isso, e você precisa ter paciência.

Harry suspirou, mas foi recompensado com um segundo, e logo um terceiro dedo.

Quando Severus retirou os dedos, Harry quase reclamou. Mas logo o pênis de Severus estava pressionando-lhe a sensível entrada.

Severus penetrou devagar, o tempo todo de olhos grudados em Harry, como que para indicar que estava retomando a posse do que era seu.

Como se isso fosse necessário, pensou Harry. Como se Harry tivesse alguma dúvida. Quanto mais fundo Severus entrava, mais Harry se sentia indissoluvelmente ligado a ele, mais se sentia dele. E, no entanto...

- Mais, Severus. Quero mais.

As palavras de Harry pareceram exercer um efeito enlouquecedor sobre o amante, fazendo-o gemer e arquejar. Severus tomou-lhe os testículos nas mãos e apertou-os de leve; então penetrou até a raiz e começou a pressioná-lo mais forte contra o colchão, roçando-lhe a próstata impiedosamente. Harry respondia impelindo-se contra ele, e a tensão foi aumentando cada vez mais, até atingir um nível insustentável. Logo, Harry arqueava o corpo todo, murmurando palavras desconexas e espalhando seu sêmen entre seus corpos.

Mais duas estocadas e Severus também alcançava o clímax, tombando sobre Harry, exausto e saciado.

~* ~* ~

- Esse tempo todo, o anel não "piscou" nem uma vez - comentou Harry alguns minutos depois, quando Severus acabara de rolar de cima dele e acariciava-lhe os cabelos revoltos. - Sempre que eu me sentia sozinho, e pensava que nunca mais iria estar com você, eu o segurava, e ele me confortava.

Severus acariciou as faces de Harry com os nódulos dos dedos.

- Mais um ano, Harry, e poderemos... completar o rito do Hierósgamos.

- E vivermos felizes para sempre? - Harry deu um sorriso um tanto incrédulo. - Acha que nos livramos dos bruxos das trevas de uma vez por todas?

- Infelizmente, acho que não. Ganhamos um novo tempo de trégua. No entanto, Lucius vai tentar reorganizar os Comensais da Morte. Você precisa continuar estudando e aperfeiçoando sua magia. E eu vou precisar manter as aparências de fidelidade aos Comensais.

- Como assim? Por quê?

- Falei com Draco ontem. Lucius ainda confia em mim. Ele está refugiado, e pensa que eu ajudei o Lorde das Trevas a escapar.

- Mas se foi você que fabricou a poção!

- Não fui eu quem misturou a poção à água! Ele não sabe que participei de todo o plano. Ele conta com a minha ajuda para tentar reunir os Comensais da Morte dos escalões inferiores, que não foram afetados. Por isso, todo o cuidado é pouco. Como diz Moody, vigilância constante!

- Hmpf, com você por perto, eu já tenho uma vigilância constante! E quanto a Akhmatov? O que aconteceu com ele?

- Os aliados de Dumbledore em Durmstrang conseguiram libertá-lo. Ele vai voltar a dar aulas de Defesa contra as Artes das Trevas a você e seus colegas.

- O quê?! Dumbledore está louco?

- Foi o que eu disse a ele.

- E ele?

- Ele disse, "ora, ora, Severus, temos de dar uma segunda chance às pessoas, você não acha? Além do mais, ele não teve a intenção. Ele apenas caiu em uma armadilha".

Harry fez uma careta.

- Que sacanagem! Ele sabe que você não pode falar nada contra dar segundas chances.

- Pois é. Ainda assim, eu insisti que o sujeito é, no mínimo, incompetente para ensinar Defesa. Mas não adiantou.

- Severus, você quer mesmo o cargo de professor de Defesa?

Severus deu um sorriso sarcástico.

- Eu preferiria ser um Gryffindor a ensinar algo que não fosse Poções. Você acha que, a essa altura, depois de lecionar Poções durante quinze anos, eu teria alguma condição de mudar de disciplina?

- Claro que sim. Você é um mago muito poderoso, e entende muito de magia das trevas!

- Ah, mas o currículo do Ministério obriga a tratar de mil assuntos secundários. Eu não tenho mais paciência para isso. Essa história de que eu quero o cargo é para enganar os Comensais da Morte, para eles pensarem que eu guardo rancor de Dumbledore porque ele não me dá o cargo, e que ele não me dá o cargo porque não confia em mim.

- Entendo... Deve ser horrível, deixar as pessoas pensarem que você é um perdedor, que nunca consegue o que quer...

- Realmente, isso não faz nada bem ao meu orgulho próprio. Falando em orgulho próprio, você está chateado porque Longbottom é que está sendo reverenciado como herói?

- Por minha causa? De jeito nenhum. Você não acredita, mas eu nunca quis ser famoso. Agora, na verdade foi a Poção Mandala que derrotou Voldemort. E você não está recebendo os devidos créditos por isso.

Severus deu de ombros.

Ficaram em silêncio por alguns instantes.

- Severus, você acha que a sra. Weasley irá se recuperar?

- Você gosta muito dela, não?

- Er... Ela me trata como se eu fosse criança, e isso me irrita um pouco. Mas você sabe, Ron é meu melhor amigo. Ele está muito mal.

- Eu sei. Eu estive pensando... Weasley disse que ela ainda não recuperou a memória, mas que está com suas funções vitais preservadas e vai ter alta em St Mungo daqui a três dias. Nós poderíamos levá-la para Hogwarts. Eu acho que a Poção Mandala poderia ajudar em sua cura. Com a assistência de Pomfrey.

- Espero que sim! Isso seria maravilhoso.

Severus estendeu a mão e pegou suas vestes. Tateando um dos bolsos, retirou um pergaminho semi-amassado.

- Por falar em Poção Mandala, veja o que recebi ontem.

Harry abriu o pergaminho, e leu:

Caro Professor Snape,

espero que o senhor esteja bem!

Estou lhe escrevendo para lhe contar que o Diretor conseguiu convencer meus pais a darem aulas em Hogwarts este ano! Parece que o Diretor disse a eles que eles podem ajudar o Mundo Mágico no Reino Unido a alcançar um estado de harmonia mais elevado. Meu pai vai lecionar "Estudos de Magia Navajo" e minha mãe, "Adivinhação Navajo", dois cursos optativos.

Lembra-se do que lhe falei, de como seria incrível se fizéssemos uma Cerimônia de Cura coletiva em Hogwarts? (Eu acho que o melhor seria a Cerimônia do Caminho Sagrado, mas podemos conversar sobre isso depois.) Acho que, finalmente, isso vai ser possível!

Estou louco pelo reinício das aulas. Já li todo o livro de Poções deste ano, não vejo a hora de começar a praticar.

Seu aluno,

Kai Clauschee

Harry sorriu.

- Esse menino não existe! Você sabe em que é que os pais dele estavam trabalhando no Departamento de Mistérios, afinal?

- Não tenho a menor idéia. Albus nunca quis me dizer.

Harry olhou para Severus com olhos sonhadores.

- Severus, será que, com uma cerimônia Navajo, a gente consegue acabar com as divisões entre as casas? E evitar que os magos sigam o caminho das trevas?

- O meu realismo habitual me levaria a responder que não, que essas divisões estão cristalizadas até historicamente, e que sempre irão existir bruxos das trevas. Mas quem iria dizer que um dia nós dois estaríamos aqui, depois da melhor transa do século, conversando amigavelmente?

- A melhor transa do século? Você não está exagerando um pouco?

Severus fez cara de ofendido.

- Por quê? Não foi, para você?

- Ahn, não tenho certeza. Quem sabe dessa vez eu tento lhe mostrar qual é a minha idéia de "a melhor transa do século"?

- Oh - murmurou Severus, fazendo Harry rolar para cima dele. - Sempre arrogante, não é, Sr. Potter? Eu o desafio a fazer melhor do que eu.

 

Fim

A próxima história na Série Mandala é O Caminho Sagrado (uma história curta!), mas eu prefiro que você leia antes Momento de Decisão (que se passa antes de "Mandala").

 

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Ptyx, Outubro/2004