Apenas Sexo

 

Harry retornara para seu sétimo ano consciente de que teria de enfrentar Voldemort e disposto a praticar com afinco para se preparar para isso. Logo na primeira semana de aulas, exigira que Dumbledore marcasse aulas de reforço com esse objetivo. Além de se oferecer para reforçar o aprendizado de Oclumência de Harry, Dumbledore convocara McGonagall, Flitwick e Snape para serem também seus orientadores.

Snape e Flitwick treinavam duelos com ele. Era interessante ver como era diferente o estilo dos dois professores: Flitwick, sereno, cavalheiresco, surpreendente mas sempre leal; Snape, um vulcão prestes a explodir, e traiçoeiro como o símbolo de sua casa.

Seus amigos andavam distantes. Ron, Monitor-Chefe, preocupado em seguir o destino dos Weasleys e agradar à mãe; Hermione sempre obcecada pelos estudos.

Quanto à vida amorosa e sexual de Harry, limitava-se ao espaço sob suas cobertas, dentro das cortinas de sua cama, ou embaixo do chuveiro. No sexto ano, Harry descobrira que se sentia mais atraído pelo sexo masculino do que pelo feminino, e esta descoberta não ajudara em nada a sua evolução: o homossexualismo era tabu em Hogwarts e no mundo mágico.

Harry se sentia errado. Havia algo estranho com ele, e ninguém podia ajudá-lo.

~*~*~

Aprendera a observar e reconhecer os movimentos de Snape para enfrentá-lo em duelo, mas não era por isso que ficava, mais tarde, relembrando da forma como ele rodopiava sobre os próprios calcanhares, o jeito como sacava de sua varinha, a forma como os músculos de seus ombros e tórax se retesavam, a tal ponto que eram visíveis mesmo sob as vestes.

Era mais fácil observá-lo na aula de Poções, quando qualquer descuido não teria como conseqüência Harry ser jogado violentamente contra uma parede, ou ser levitado nos ares e virado de cabeça para baixo - Snape parecia gostar especialmente daquele feitiço, exatamente o que Harry vira James aplicar em Snape na penseira. Talvez Snape estivesse tentando se vingar de James através do filho. (Harry tinha muita consciência disso, do ódio que Snape lhe devotava.)

Vez ou outra Snape o pegava observando-o, e se aproximava, olhava-o de cima para baixo e interrogava-o a respeito de sua poção. Invariavelmente, Harry havia cometido algum engano. Mas Harry não se importava. A proximidade do Professor de Poções o levava direto a um outro mundo, um mundo cheio de sensações, algumas desagradáveis, repugnantes, mas outras... O cheiro, a presença do outro mago, ouvir-lhe a respiração de perto - tudo mexia com os sentidos de Harry e fazia seu coração bater de uma forma alucinante.

Havia algo de errado com Harry. Cada vez mais, ele reconhecia isso em si. Mas isso não o impedia de imaginar-se, na aula de duelos, dominando Snape fisicamente.

Ou... sendo dominado por ele. As duas perspectivas eram igualmente repugnantes e sedutoras.

E quando Harry despertou, no meio da noite, ejaculando após um sonho com Snape, ele se agarrou ao colchão com força, mordeu o lábio para não gritar, e teve certeza de que algo de muito errado estava acontecendo com ele próprio.

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Snape o pegou novamente observando-o daquele jeito na aula de Poções. Quando Snape se aproximou, um súbito brilho que despontou no fundo de seus olhos mostrou a Harry que ele, finalmente, entendera.

Harry ficou vermelho de imediato, e preparou-se para ver o sorriso irônico se estampar nos lábios do professor de Poções. Mas não. A expressão com que se deparou fez com que ficasse todo arrepiado. Aquilo era - Harry reconhecia muito bem - desejo. O mesmo que Harry sentia. O chão parecia estremecer com a batida dos dois corações. Harry agradeceu aos deuses o fato de estar sentado. Snape fechou os olhos e apertou os lábios, e então se virou, dando as costas a Harry.

~*~*~

Ao final da aula, Harry foi para seu dormitório, e quase vomitou. Como aquilo podia estar acontecendo? Snape era um canalha nojento. Como podia desejá-lo daquele jeito? Será que era verdade, o que diziam dos hormônios na adolescência? Mas por que seus hormônios precisavam enlouquecer justo por... Snape?

Harry tentou fingir que nada acontecera. No entanto, na próxima aula de prática de duelos com Snape, todas as vezes em que seus olhos se encontravam Harry perdia totalmente a concentração.

- Potter, concentre-se - insistia Snape.

Como se ele, Snape, também não estivesse visivelmente abalado.

~*~*~

Isso se repetiu inúmeras vezes nas próximas aulas, a tal ponto que Harry não evoluía mais em seu aprendizado.

Até que, após conseguir tomar-lhe a varinha em um daqueles momentos de distração, Snape fixou nele seus olhos de basilisco.

- Potter, estamos perdendo tempo aqui.

- Você fala como se fosse minha culpa.

- Você não se concentra.

- Você sabe do que eu estou falando - disse Harry, quase gritando.

- Não, não sei - respondeu Snape, em seu tom mais baixo.

Então o mundo pareceu parar por um instante, e Harry empurrou o professor contra o móvel mais próximo - uma escrivaninha - e, pressionando o corpo contra o dele, enterrou o rosto em seu tórax.

A princípio, Snape ficou paralisado. Harry aproveitou para roçar seu pênis ereto contra a sua coxa. Um gemido escapou-lhe da garganta, e ele tentou imprimir um ritmo. Mas Snape segurou-lhe os ombros com força, detendo-o.

Harry tentou forçá-lo a continuar, mas o outro mago era mais forte fisicamente. Harry o encarou com ódio. Era só o que faltava em sua vida, ser humilhado por Snape daquela forma. Harry não iria suplicar. Jamais. Como um último recurso, estendeu a mão para o pênis de Snape. Ao tocá-lo, sentiu-o já duro e semi-ereto, e segurou-o com força em sua palma, por sobre as vestes.

Snape arquejou, e deixou as duas varinhas caírem ao chão. Harry não estava preocupado com elas. Engoliu a onda de repulsa que vinha de dentro de suas entranhas por estar tocando Snape, o seboso Snape, tão intimamente, e concentrou-se em forçar seu próprio membro ereto contra a coxa de Snape ao mesmo tempo em que acariciava o pênis do mago mais velho.

Snape agora estava totalmente rendido às suas carícias, e projetava os quadris na direção de sua mão enquanto o abraçava e enterrava os dentes em seu pescoço.

Vampiro, pensou Harry, com ironia. Estou bolinando o vampiro nojento. Como ele é ridículo, se apertando contra mim desse jeito. E ainda fica ofegando.

Snape levou as duas palmas ao traseiro de Harry e, dando um gemido gutural, puxou-as contra si. A pressão foi demais para Harry, que também enterrou seus dentes no tórax de Snape, por sobre as vestes, e sentiu seu pênis pulsar e derramar seu sêmen ali mesmo, dentro das roupas onde estava confinado.

Enquanto voltava à consciência, percebeu que Snape invertera as posições e o virara contra a escrivaninha, e agora pressionava-se ritmicamente contra ele por trás. Harry não ousou se mexer. Agüentou firme ali, contendo o asco, até Snape emitir um grito abafado e tombar sobre suas costas, o corpo todo tremendo.

Harry queria desaparecer, sumir dali, mas estava preso. E quando sentiu o corpo de Snape se afastando, quase não teve coragem de se virar. Quando o fez, contudo, Snape não estava na sala. Harry agradeceu aos deuses e aproveitou o momento para sair do escritório.

~*~*~

O problema era que Snape continuava sendo seu professor, e ele teria de encará-lo de novo. Outro problema era que, apesar de todo o nojo e ódio que sentia dele, sempre que relembrava a cena do escritório do professor de Poções seu pênis ficava ereto e insuportavelmente rígido.

Esforçou-se muito e, na aula de Poções, conseguiu não olhar para o professor nem por um segundo. Snape também não parecia ávido por um confronto, pois o deixou em paz durante toda a aula - o que era algo inédito.

Mas quando chegou a hora da aula seguinte de prática de duelos, Harry sabia que teria de enfrentar, que não havia mais como fugir.

Bateu à porta, e o professor mandou-o entrar - como sempre. Trêmulo, Harry baixou o trinco, empurrou a pesada porta e, respirando fundo, entrou no escritório.

- Expelliarmus!

Harry foi lançado contra a parede, e se estatelou no chão.

- Já não lhe avisei para entrar preparado, Potter? Levante-se. Vamos recomeçar.

Harry fechou os olhos e ficou ali mesmo. Filho da puta. Ele iria ver. Respirou fundo, cerrou os dedos ao redor de sua varinha e se ergueu.

Os cinqüenta minutos que se seguiram foram alguns dos mais difíceis da vida de Harry - considerando-se que ele já enfrentara um basilisco e o mago das trevas mais poderoso do universo, é possível se ter uma idéia da violência dos ataques trocados. Não foram poucos os momentos em que Harry pensou em reagir com um Imperdoável. Só não o fez porque não queria que Snape o acusasse de não ser capaz de contê-lo com feitiços "normais".

Mas pontualmente ao final do horário de aula, Snape anunciou:

- A aula terminou. Pode se retirar. Tenha mais cuidado da próxima vez.

Harry apoiou as duas mãos contra a escrivaninha, exausto.

- Vamos, saia. Não tenho o dia todo para ficar bancando a babá do Garoto de Ouro.

A fúria possuiu Harry completamente, fazendo-o investir contra o professor. Este recuou, e apontou-lhe a varinha.

- Você é um mago, não um orangotango, Potter. Se vai atacar um professor de sua escola, pelo menos o faça com sua varinha.

Harry respirou fundo, tentando recuperar o controle.

- Não pense que me engana. Por trás dessa sua fachada indiferente, você está tremendo mais do que eu. Por isso essa violência toda de hoje.

- Não sei do que está falando. Estou apenas cumprindo meu papel de professor.

- E na aula passada, que papel você cumpriu?

Harry viu que tinha ido longe demais quando Snape ficou mais branco do que um cadáver. Mas isso não iria detê-lo. Pelo contrário. Como da outra vez, aproveitou-se do momento de estupor de Snape para avançar para ele e apertá-lo contra a parede.

O que ele não esperava era a força da reação de seu corpo: Harry ficou duro de imediato. Não esperava também a reação de Snape. Toda a violência que o mago mais velho empregara durante a aula parecia ter-se concentrado em desejo sexual, que ele visivelmente não conseguia mais conter. Snape o agarrou como se quisesse penetrá-lo com todo o corpo e sussurrou-lhe ao ouvido.

- O que você quer, demoninho? Quer me humilhar, é isso? Me destruir?

Quase sufocando, Harry sacudiu a cabeça.

- N-não. Eu só quero... isso - respondeu, comprimindo os quadris contra Snape.

A reação de Snape foi tentar beijá-lo, mas Harry virou o rosto, enojado. Enquanto o fazia, sentiu a reação de rejeição de Snape, e agarrou-se a ele para não deixar que se fosse.

- Pegue no meu pau, como da outra vez. Eu... faço o mesmo com você.

Snape levantou-lhe as vestes e arrancou-as. Harry estava agora só de cuecas, e sentiu-se horrivelmente vulnerável. Snape o abraçou de novo, e tentou acariciar-lhe o corpo, mas Harry não queria nada disso. Agarrou o mago mais velho pelas vestes, e puxou-as para cima, até despi-lo também.

Dizer que o corpo de Snape não era belo seria um eufemismo; os músculos eram bem definidos, mas ele era muito magro e anguloso, os membros muito finos, as costelas salientes; a pele amarelada era marcada por cicatrizes e manchas. O pênis volumoso se projetando, distendendo a cueca, fez com que Harry engolisse em seco, sem saber se de medo ou desejo. Mas Snape o puxou novamente para si. Desta vez o contato era de pele contra pele, e o corpo de Harry pareceu se incendiar todo. Harry arquejou. Snape segurou-lhe a mão e guiou-a até seu pênis, tirando-o de dentro da cueca. Era quente, e a ponta já estava molhada com algumas gotas prematuras de sêmen. Harry sentiu-se como em um sonho. Não exatamente um pesadelo, mas um sonho muito estranho. Não podia ser ele aquela pessoa que estava ali, começando a bombear o pênis de Snape. E o sonho se tornou ainda mais irreal quando seu próprio pênis foi liberto do confinamento das cuecas e se encaixou, com perfeição, dentro da hábil mão do professor de Poções.

Ah, sim, Snape possuía mãos hábeis, isso era inegável. E o cheiro almiscarado que exalava de Snape, em vez de lhe dar engulhos, como deveria, o excitava ainda mais. Harry não durou muito, e gozou mordendo o ombro de Snape.

Mais uma vez, sua vontade seria, agora, de sumir. Mas precisava cumprir sua parte na barganha. Contendo a repulsa que o dominava, Harry curvou novamente os dedos ao redor do pênis de Snape e passou a bombeá-lo com força, querendo se livrar logo daquilo. Snape não reclamou do tratamento; ao contrário, projetava-se contra sua mão em um ritmo cada vez mais rápido. Quando o sêmen de Snape se derramou, quente e volumoso, sobre sua mão, o sentido de irrealidade de tudo atingiu Harry ainda com mais força, e quando Snape o puxou contra si uma vez mais, como se querendo sorver ainda as últimas gotas de prazer abraçado a ele, Harry se deixou usar, sentindo-se um tanto patético.

~*~*~

Daí em diante, toda aula de prática de duelos terminava daquela forma, em uma troca rápida de "amassos". Sem que nada fosse dito a respeito.

Para Harry, era muito claro. Era apenas sexo. Uma necessidade natural. Nada precisava nem devia ser dito. Snape ainda era um canalha, ainda era seboso, ainda era nojento. Sexo era isso mesmo. Algo sujo, vergonhoso. Quem dissesse outra coisa mentia. Pelo menos para ele era só isso o que existia. Talvez outros pudessem se iludir, mas não Harry. E era bom que fosse assim. Ele não podia se apegar a ninguém. Todos a quem ele se apegava corriam perigo. Ele não se esquecia do que havia ocorrido com seus pais, com Cedric e com Sirius.

Um dia, ao final da aula de duelos, Snape pegou um frasco e espalhou um produto verde brilhante sobre seus dedos.

- Tire a roupa, vire-se e apoie-se contra a escrivaninha.

Harry obedeceu, o coração batendo em disparada. Snape se aproximou por trás, separou-lhe as nádegas e introduziu, devagar, o indicador na pequena entrada de Harry.

Era uma sensação um tanto desagradável, mas a última coisa que Harry queria era que Snape tirasse o dedo dali. Snape abraçou-o com o braço esquerdo e, introduzindo o dedo mais fundo, aproximou o rosto da curva do pescoço de Harry para sussurrar-lhe ao ouvido.

- Você é virgem.

- Não, não sou.

- Mentiroso. - Snape estava quase ronronando ao ouvido de Harry, com aquela voz rouca que fazia Harry estremecer de desejo. - Não se preocupe. Eu não vou tirar a sua virgindade.

Harry queria que sua virgindade fosse para o inferno, mas, na verdade, não sabia muito bem o que queria naquele momento. Tudo o que ele sabia é que queria aquele dedo fazendo exatamente o que estava fazendo. Sabia, também, que queria mais. Estava tentando roçar o pênis contra a escrivaninha dura, mas Snape o segurou com a mão esquerda. Harry quase derreteu. O filho da puta, no entanto, não o bombeava, apenas ficava ali, segurando-o, ao mesmo tempo em que o penetrava com o dedo. Harry grunhiu de frustração.

- O que você quer? - Desta vez Snape estava mesmo ronronando. - Talvez se eu o tocar... aqui?

Snape entrara um pouco mais fundo e flexionara o dedo, e Harry foi às nuvens. Levou a própria mão à boca para não gritar.

- Oh, Deus! O que você...

Quase pôde sentir o sorriso orgulhoso de Snape às suas costas. Canalha.

Snape agora mordiscava-lhe o lóbulo da orelha, sempre movimentando o dedo, provocando Harry ao máximo.

- Por favor...

Harry mordeu o lábio. O canalha o fizera implorar. Snape respondeu de pronto curvando o dedo mais uma vez, e a onda de prazer que Harry sentiu foi tão forte que ele arqueou o corpo todo para trás, apoiando-se no corpo do mago mais velho, e derramou seu sêmen sobre a escrivaninha.

Quando Harry se virou, viu Snape olhando para ele com uma emoção que Harry não conseguia decifrar. Lá estava o professor de Poções, seu próprio pênis completamente ereto, observando as reações de seu aluno mais odiado quase com veneração! Que jogo estava jogando o ex-Comensal da Morte? Harry não conseguia entender. Disse a si próprio que não queria entender, e foi embora sem dizer mais uma palavra sequer.

~*~*~

Agora a obsessão de Harry era que Snape o penetrasse. Nada mais podia satisfazê-lo além daquilo.

- Eu quero... que você faça... você sabe o quê... comigo. Agora.

- Agora não. Se você ficar aqui muito tempo após a aula, as pessoas vão reparar. Venha aos meus aposentos à noite, após o toque retirada, com a sua Capa da Invisibilidade.

~*~*~

Snape o recebeu trajando um roupão verde, e o levou ao seu quarto - um quarto simples, quase espartano, sem serpentes, retratos de Salazar Slytherin nem potes com bichos mortos, palidamente iluminado à luz de uma única vela.

Snape o puxou para si e tentou beijá-lo, mas Harry virou o rosto, como sempre.

- Sem beijos, Snape. Sem enrolações.

Harry viu o mago mais velho engolir em seco, claramente frustrado.

- Se você veio atrás de um estuprador, errou de porta. Ou você me deixa prepará-lo ou...

- Tudo bem, mas sem beijos - respondeu Harry secamente.

Ouviu Snape inalar profundamente e tirar o roupão. Ele não estava usando nada por baixo. Harry sentiu a garganta ficar seca, e tirou as próprias vestes com mãos trêmulas. Livrou-se, por fim, dos sapatos e das cuecas, e ergueu os olhos para Snape.

- Você... não costuma dormir de óculos, costuma? - perguntou Snape.

Harry ia sacudir a cabeça, mas teve de sorrir da própria distração. Então se achou um tolo por sorrir diante de Snape, e mordeu o lábio. Tirou os óculos e, olhando ao redor, decidiu depositá-los sobre a mesinha de cabeceira.

Enquanto isso, Snape se estendera languidamente na cama. Seu pênis semi-ereto parecia convidar Harry a se juntar a ele. Mas o pênis de Harry continuava inerte, e Harry se sentia, mais uma vez, errado.

No entanto, não podia desistir agora. Seria patético, e Snape o julgaria um covarde.

Subiu na cama como quem sobe a um cadafalso, e se deitou ao lado do morcego seboso que escolhera - sim, escolhera! - para seu parceiro. A cama mal dava para os dois deitados lado a lado.

Snape se virou para ele e pousou a palma aberta sobre seu mamilo. Harry emitiu um gemido baixinho, mas se apressou em afastar a mão de Snape dali.

Snape passou o braço ao redor dele, e inclinou a cabeça para aproximar os lábios daquele mamilo que Harry tentava proteger. Harry o empurrou para o lado. Snape suspirou.

- Você é um idiota, Potter. Não sabe nada da vida.

- Vai ficar me xingando ou vai fazer o que disse que ia fazer?

Snape meneou a cabeça, parecendo inconformado.

Harry não sabia o que fazer. Então fez a única coisa que sabia que faria Snape reagir: tomou-lhe o pênis na mão. Snape, todavia, o empurrou devagar, mas com firmeza, contra a cama, e estendeu a mão para pegar o lubrificante na gaveta da mesinha de cabeceira.

- Se é assim que você quer, vai ser assim.

Snape o virou de bruços, e separou-lhe as pernas. Harry respirou fundo, e sentiu o cheiro de Snape no travesseiro. Com aqueles cabelos oleosos, é claro que a fronha estava toda ensebada. No entanto, de alguma forma, por alguma razão, aquele cheiro o excitava, e quando o dedo de Snape deslizou para dentro de sua fenda, o pênis de Harry pulsou.

Em silêncio, Snape o preparou, com um dedo, depois dois. Eles já haviam feito aquilo antes, várias vezes, até com dois dedos. Harry aprendera a relaxar. Só começou a sentir um certo desconforto quando Snape introduziu um terceiro dedo. Mas quando Snape roçou-lhe a glândula do prazer, Harry gemeu baixinho.

Snape então removeu os dedos, e Harry quis xingá-lo por isso. Só se conteve para não dar ao morcego seboso o prazer de ver o quanto Harry estava excitado e querendo mais.

Não demorou nem um minuto, contudo, para que Snape, separando-lhe as nádegas, o penetrasse.

Deuses. Harry se agarrou ao colchão com todas as forças. Aquilo doía. Rasgava-o por dentro. E Snape murmurava umas coisas inteligíveis às suas costas, e ofegava como um porco. Harry sentiu lágrimas assomarem-lhe aos olhos. Quando achou que não iria mais suportar toda aquela dor, Snape introduziu uma de suas mãos por baixo de seu corpo para bombear-lhe o pênis com firmeza. A dor se mesclou então ao desejo e ao prazer, e Harry deu um estranho gemido. Snape parou por um instante e o segurou contra si. O coração dele batia tão alto que Harry o escutava junto ao seu, em um ritmo defasado. De repente, Snape mudou totalmente o ritmo e o ângulo, e mergulhou até o fundo, seus testículos roçando contra a pele de Harry a cada investida. Harry começou a derreter lentamente, e não conseguia conter os ruídos de prazer que lhe saíam da garganta. O clímax o invadiu pouco a pouco, em ondas cada vez mais envolventes, até tomá-lo por completo.

Snape continuou impelindo-se contra ele e ofegando cada vez mais. Quando gozou, Snape se deixou tombar sobre Harry, e disse seu nome, quase num sussurro.

- Harry.

Foi um tanto assustador. Snape nunca o chamara pelo primeiro nome. E a emoção que havia na voz de Snape deixou Harry atordoado.

Talvez o orgasmo fizesse aquilo com Snape, pensou Harry. Não era tão estranho. Ele mesmo, ao gozar, pensara em Snape de uma forma diferente. Por um instante. Mas aquilo era uma tolice. Sexo era sexo. E apenas sexo.

~*~*~

E sexo, apenas sexo, foi o que eles começaram a fazer, não todas as noites, mas sempre que Harry conseguia escapar para as masmorras à noite.

- Escute, Potter, o que você tem contra preliminares? Por que você tem horror a qualquer coisa além da preparação básica de um dedo, dois dedos, três dedos?

- Nada, Snape. Só não quero que você me toque mais do que o necessário.

Ainda não havia acabado de falar quando percebeu que havia ido longe demais. Era estranho, isso. Saber que havia ferido o poderoso Mestre de Poções, ex-Comensal da Morte. Harry teve vontade de vomitar e se dobrou todo sobre a cama. Snape interpretou isso da pior forma possível.

- Se eu sou tão asqueroso assim, por que é que você vem aqui quase toda noite?

Harry não podia recuar agora. Só havia uma resposta possível.

- É sexo, Snape. Apenas sexo.

~*~*~

Era sempre assim: depois que trepavam, Harry ia embora imediatamente. Não suportaria ficar ali nem mais um minuto, depois de ter visto o rosto de Snape corado, os olhos turvos de tesão, o peito arfante e, por fim, seu corpo todo crispado de prazer.

Uma noite, no entanto, depois de um daqueles orgasmos que o tiravam completamente da realidade, Harry, cansado e sonolento, deixou-se ficar um pouco ao lado de Snape. Eles não estavam exatamente abraçados: Harry mantinha os braços estendidos ao longo do corpo, e Snape apoiava o braço sobre a sua cintura. Harry estava mesmo com sono e chegou a pensar em ficar por ali mesmo. Levantar era tão trabalhoso.

Foi então que Snape aproximou o rosto e, sem que Harry pudesse reagir a tempo, o beijou.

A princípio, Harry ficou paralisado. Das outras vezes que Snape havia tentado, ele havia virado o rosto, mas, talvez porque estivesse tão cansado e sonolento, desta vez ele não o fizera. Os lábios de Snape eram macios, quentes e maleáveis, e pousaram sobre os seus com delicadeza. Por um instante, Harry quis abrir os lábios e acolher a língua que agora pedia passagem, mas não. Se permitisse isso, não conseguiria mais se olhar no espelho. Sem precisar fazer muito esforço, empurrou Snape para longe.

- Eu lhe falei que não queria isso. Isso é nojento.

O rosto de Snape se contorceu em fúria, e Harry foi jogado para fora da cama por fortes braços.

- Saia daqui. Já chega. Você é um perfeito filho de James Potter. Nunca mais venha ao meu quarto. Vai ter de procurar um outro verme nojento que lhe faça as vontades. E as suas aulas de duelo comigo estão canceladas. Continue treinando com Flitwick. Ele é competente.

Levantando-se do chão, Harry fitou o mago mais velho de olhos arregalados. Ainda atordoado, procurou suas roupas, vestiu-se, pôs os óculos e saiu. Sem dizer palavra. O professor de Poções nem o acompanhou até a porta.

~*~*~

Quando Harry chegou ao seu dormitório e entrou debaixo das cobertas, sentiu a garganta travada e sufocou um soluço. Agarrou-se ao travesseiro com força.

Harry sabia agora que Snape havia agüentado até demais. Agora, que era tarde demais, Harry via o que Snape estava tentando lhe mostrar todo aquele tempo. Agora aquele beijo que Harry rejeitara era tudo o que ele queria.

Como dizia o ditado: "só se dá valor a algo quando se perde". Mas a verdade é que ele desejara aquilo antes. Desejara os lábios de Snape sobre os seus, as mãos de Snape percorrendo-lhe o corpo. Não tivera a coragem de confessar nem a si mesmo. De confessar que gostava de estar com Snape.

Harry relembrava cada pedaço daquele corpo feio e repulsivo que aprendera a conhecer em todas aquelas noites de prazer. E sentia o coração apertado ao pensar que jamais iria, simplesmente, passar a mão por aqueles cabelos negros oleosos, e que aqueles lábios finos jamais iriam tocar os seus.

Sim, ele tivera medo. Medo de sentir. Medo de sentir o que estava sentindo naquele momento, que era o mais negro desespero. Como era irônico que, por medo, houvesse se negado a sentir e, por causa disso, estivesse agora sentindo o que antes temera sentir.

Severus. Eu nunca disse o seu nome. Severus... É tão bonito. Me dê mais uma chance, por favor.

~*~*~

Mas o tempo passou, e Harry não teve coragem de ir procurar Snape. Deixou que a depressão o dominasse, e seguiu sua vida como uma triste rotina.

Cerca de um mês depois da noite em que Snape o expulsara de seu quarto, Snape não apareceu para dar sua aula de Poções. A professora Sprout, que o substituiu, disse que ele estava doente, na ala hospitalar. Os Gryffindors exultaram, e Harry quis esmurrá-los - embora fossem seus amigos e estivessem fazendo exatamente o mesmo que ele teria feito algumas semanas antes.

Em agonia, Harry esperou o final da aula. Separou-se dos amigos dizendo que não estava se sentindo bem -o que não era bem uma mentira - e dirigiu-se à ala hospitalar.

Madame Pomfrey se aproximou dele.

- Que ventos o trazem por aqui, Potter?

- Er... Gostaria de ver o professor Snape.

A medibruxa o fitou com olhos assombrados.

- Ele não pode receber visitas. Seu estado é muito delicado.

- O que aconteceu com ele?

- Potter, eu não tenho autorização para conversar sobre o estado dos pacientes com alunos. Pergunte ao Diretor, talvez ele lhe possa dar alguma explicação.

Cabisbaixo, Harry saiu da enfermaria.

Dumbledore? Não, não podia procurar Dumbledore. O velho gagá acabaria desconfiando de seus motivos.

~*~*~

No entanto, como Dumbledore sugerira certa vez, os segredos em Hogwarts tinham vida curta. Naquela mesma tarde, os boatos já se espalhavam pelos corredores. Descontando alguns exageros, pelo que Harry pudera concluir, Voldemort descobrira que Snape era espião e o torturara barbaramente. Snape conseguira enviar à Ordem um sinal pedindo socorro e uma indicação de onde estava, e um grupo da Ordem, liderado por Shacklebolt, fora libertá-lo. Quando eles chegaram lá, Snape já estava inconsciente. A batalha fora árdua, e a Ordem só vencera com a aparição de Dumbledore, que fizera Voldemort e seus sequazes baterem em retirada, abandonando Snape.

Harry imaginava que Snape devia ter sofrido mais do que os Longbottom. Dificilmente ele escaparia com a mente sã de uma tortura conduzida pelo próprio Voldemort.

~*~*~

Harry esperou a meia-noite. Vestiu sua Capa de Invisibilidade e entrou na ala hospitalar. Encontrou Snape sozinho em um dos leitos, aparentemente adormecido.

Harry se aproximou, e tocou-lhe o braço. Nenhuma reação. Puxou uma cadeira e sentou-se ao lado do leito de Snape.

~*~*~

Acordou ouvindo um murmúrio. Abriu os olhos. Lembrou-se de onde estava: adormecera sentado ao lado do leito de Snape.

Snape agora estava se movendo, e murmurando algo! Ele parecia inquieto, e estendia as mãos às cegas, como que tateando o ar que o cercava.

- Harry...

O coração de Harry disparou. Num súbito impulso, levantou-se, tirou a capa e depositou-a sobre a cadeira. Então segurou a mão de Snape.

- Estou aqui, Severus.

A mão de Snape cerrou-se em torno da sua com força, quase machucando-o. Snape abriu os olhos e fitou-o atordoado.

- O quê...

- Tudo bem, Severus. Está tudo bem.

Snape afrouxou um pouco o aperto, cerrou os olhos e adormeceu de novo. Sem largar a mão de Snape, Harry sentou-se novamente na cadeira.

~*~*~

Alguém estava acariciando-lhe os cabelos. Era bom. Tão bom. Com medo de acordar do sonho, Harry não abria os olhos. Mas, aos poucos, a realidade começou a se infiltrar em seus pensamentos.

Harry ergueu a cabeça e viu Severus retirar a mão, assustado.

- O que... Oh. Você está acordado! Como está se sentindo?

- Péssimo.

Harry sorriu.

- Então deve estar melhorando!

- O que você está fazendo aqui?

- Ora... esperando que você acordasse.

- Por quê?

Harry estendeu a mão direita e acariciou a face de Severus com os nós dos dedos. Então se inclinou e depositou-lhe um beijo nos lábios.

- Pra dizer que eu amo você.

Severus tocou-lhe os lábios com o indicador. Então estreitou os olhos e meneou a cabeça.

- Você acha que eu vou morrer e está querendo fazer um daqueles grandes gestos Gryffindor. Esqueça. Eu não vou morrer tão cedo.

- Claro que você não vai morrer. Eu não vou deixar.

- Não acha que está levando a megalomania longe demais?

Harry deu um sorriso triste.

- Não me venha falar em complexo de herói, depois do que você fez ontem à noite.

- Ontem à noite? O quê... oh, não. - Severus se agitou todo, e tentou levantar-se, mas a dor o deteve.

Harry o empurrou de volta à cama, com delicadeza mas também firmeza.

- Fique quieto, seu maluco! Você foi torturado, deve estar todo quebrado por dentro!

- Preciso falar com o Diretor. Voldemort já descobriu... o papel que eu desempenho na Ordem.

- Todo mundo já sabe disso, Severus. Fique calmo.

- O que aconteceu?

- A Ordem enviou um grupo, e o próprio Dumbledore foi resgatar você.

- Eu... não deixei que ele visse nada em minha mente sobre você. Ele descobriu que fui eu que revelei à Ordem os planos dele para um ataque a Hogsmeade duas semanas atrás. Quando vi que não tinha mais jeito, eu fechei minha mente. Entrei, voluntariamente, em um estado de coma. Apaguei.

- Por isso você não sofreu danos mentais. Eles puderam massacrar seu corpo, mas sua mente permaneceu impenetrável.

Severus assentiu.

- Preciso falar com o Diretor.

- Ahn, desculpe, eu não posso ir chamar. Eu não estou aqui, você sabe. Mas assim que eu sair, você pode chamar Madame Pomfrey.

- Ainda não entendi o que você está fazendo aqui.

- Eu já lhe disse: vim lhe dizer que eu o amo.

O rosto do professor de Poções adquiriu uma expressão estranha, sonhadora, mas só por um breve instante. Então um sorriso irônico curvou-lhe os lábios.

- Não pense que a sua vida irá ficar mais fácil por causa disso.

~*~*~

Harry passou a visitar Severus todos os dias na ala hospitalar. Resolvera não esconder de ninguém que agora se importava com Snape. Snape não iria poder espionar mais, então eles não precisavam fingir que se odiavam. Hermione parabenizou-o pela mudança - "finalmente você parece estar amadurecendo, Harry!"; Ron torceu o nariz - "então você não odeia mais o canalha seboso, tudo bem, mas ir visitá-lo todo dia? Argh!" Harry apenas meneava a cabeça e começava a falar de Quadribol. Estava de muito bom humor naqueles dias para deixar que Ron o estragasse.

Harry contava a Severus detalhadamente tudo o que acontecia na escola. Depois de quatro dias, Severus já conseguia sentar-se na cama, e estava cada dia mais inquieto, louco para sair da ala hospitalar. Perguntava sempre de seus Slytherins, o que obrigava Harry a prestar atenção em seus arqui-inimigos.

- Você gosta mesmo daquelas cobrinhas, não? - disse Harry um dia, provocando-o.

- Claro que sim. São as minhas cobrinhas.

- Você é possessivo, não?

Severus fixou seu olhar mais intenso sobre Harry.

- Você não faz idéia.

Aquele olhar e aquelas palavras tiveram um efeito imediato e extremamente embaraçoso sobre Harry.

- Er... Acho que eu vou ter de ir embora agora.

Severus arregalou os olhos, depois voltou a fitá-lo intensamente.

- Você... não teve mais ninguém desde que...

- Não. Só quero você.

Severus, sentado na cama, estendeu a mão e apertou-lhe o braço.

- Vá, Harry, senão vamos ter sérios problemas.

~*~*~

Uma semana depois, Severus teve alta e pôde voltar a seus aposentos. O Diretor insistira em que ele descansasse mais uma semana antes de voltar às aulas.

- Você tem certeza de que "descansar" inclui...

- Tenho, Potter.

- Harry.

- Harry. Tenho certeza. E além do mais, eu não vou descansar enquanto não mostrar a você o que o espera - disse Severus, pegando Harry no colo e o carregando até da sala até o quarto.

- Isso soa... ameaçador - comentou Harry ainda em seu colo, começando a abrir os botões da gola de Severus.

- Pode apostar que sim. - Severus o depositou sobre a cama. - Eu esperei muito por isso.

Harry sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha, mas não era de medo. Era de pura excitação.

Severus tirou-lhe os óculos e as vestes, deixando-o só de cuecas. Deitou-se a seu lado, apoiando a cabeça sobre o braço direito. Afastou-lhe a franja da testa, sempre fitando Harry com tanta intensidade que Harry sentia seu corpo todo se aquecer sob o calor daquele olhar. Então Harry viu Severus inclinar o rosto e aproximar os lábios, e fechou os olhos para receber aquele beijo que tantas vezes ele rejeitara.

Desta vez, quando os lábios quentes e macios de Severus tocaram os seus, estes se abriram em resposta e pressionaram-se contra eles. Ávido, Harry procurou a língua de Severus com a sua, ao mesmo tempo em que buscava um maior contato com o corpo do amante. Severus provocou-o, dando pequenas mordidas em seus lábios, passando a língua sobre eles e então recuando. Quando Harry já começava a entrar em desespero, Severus simplesmente se afastou. Harry ia protestar quando viu Severus tirando as próprias vestes.

Já apenas de cuecas, como Harry, Severus introduziu uma perna entre as de Harry, e capturou-lhe os lábios novamente, agora em um beijo mais ousado e lascivo.

Tudo ali era novo para Harry, e ele se deslumbrava com tudo: os ruídos, os cheiros, as sensações. E se surpreendia querendo retribuir, mesmo sem saber muito bem como. Mas Severus reagia intensamente a cada gesto seu, e isso o deixava feliz e ainda mais excitado. Enquanto Severus lambia-lhe a orelha, brincava de mordiscar-lhe o lóbulo e roçava os lábios na dobra de seu pescoço, Harry esfregava a ponta de indicador sobre o mamilo de Severus, fazendo-o emitir gemidos de prazer e aprovação.

Como que para provar-lhe que cada pedaço de seu corpo podia ser erótico, Severus tomou-lhe um pé entre as mãos e começou a chupar-lhe os dedos, um a um, languidamente. O calor e a umidade cerrando-se ao redor de seus dedos era quase demais para Harry. Se Severus conseguia fazer aquilo com ele chupando-lhe o dedo do pé, imagine quando... Mas Harry não tinha tempo para pensar em nada além do presente. Ávidos, eles buscavam o pleno contato: Severus insinuou a mão por dentro da cueca de Harry, apertando-lhe as nádegas, e Harry, não agüentando mais a pressão do tecido contra o pênis, tirou a cueca; Severus o imitou e, quando não havia mais nenhum tecido sobre seus corpos, Severus pressionou seu pênis contra o de Harry.

O que Severus aparentemente planejara como uma tortura unilateral, em que ele faria Harry pedir clemência, acabou se transformando em uma batalha de carícias, em que ambos venciam e eram vencidos a todo momento, apenas para reiniciarem com mais ímpeto ainda.

No entanto, quando Severus roçou a face no pênis de Harry e, segurando-o pela base, soprou ar quente sobre ele, Harry soube que, dali por diante, Severus conduziria seu ato de amor, e a Harry restaria o papel de vítima de suas atenções. Quando Severus cerrou os lábios ao redor da ponta de seu pênis, Harry sentiu o prazer se concentrar todo naquele ponto de seu corpo, e seus quadris se projetaram para cima como que por vontade própria.

- Oh, Deus - Harry se ouviu dizer, em voz rouca e entrecortada. Então Severus começou a passar aquela língua diabólica pelo lado interno do pênis. Oh, que suave tortura. Aquela boca quente e molhada cerrando-se ao redor de seu pênis, que parecia, finalmente, ter encontrado seu lar e não desejava jamais ter estado em outro lugar. Por que aquilo era tão perfeito? E aqueles lábios fazendo pressão, descendo devagarinho, descendo mais ainda, sua ponta já tocando a garganta de Severus, oh, tão bom, e agora Severus estava soprando ar frio ao redor de sua ponta, só para depois começar a envolvê-lo de novo em seu calor. Era demais. Harry gemeu e sentiu seu pênis pulsar. A boca de Severus, implacável, cerrou-se ao redor dele com mais força, chupando-o, subindo e descendo rápido, e era tão bom que Harry agora não conseguia mais controlar seu corpo nem os ruídos que escapavam de sua garganta. Para completar a tortura, Severus agora apertava, massageava seus testículos. Harry sentiu-se enrijescer, insuportavelmente. Queria, precisava gozar, mas não, agora Severus soltara seus testículos e estava massageando-lhe o períneo e... introduzindo um dedo em sua pequena entrada, exatamente do jeito que ele sabia que Harry gostava, entrando e saindo, distendo-o, enquanto a boca continuava seu movimento para cima e para baixo. Quando Severus flexionou o dedo lá dentro, tocando bem ali, onde o prazer era mais intenso, a onda de prazer que o invadiu foi tão forte que tudo o universo pareceu estancar por um instante, só para que o prazer se espalhasse por todo o seu corpo. O sêmen jorrou para fora de si incontrolavelmente. Harry fechou os olhos e sentiu-se levitar, em puro êxtase.

Quando abriu os olhos, viu Severus a seu lado. Severus o beijou, e em seus lábios Harry sentiu o cheiro de seu próprio sêmen.

- Uau. Eu... preciso recuperar o fôlego e... a consciência. Mas quando eu já puder respirar e pensar de novo... você me deixa fazer o mesmo com você? - perguntou Harry, ansioso.

Severus fitou-o como se não acreditasse no que estava ouvindo.

- Você... não vai gostar - objetou.

- Por que não? Eu sempre gostei do seu cheiro, mesmo quando... - Harry interrompeu a frase, mas já era muito tarde.

- Quando sentia nojo de mim - completou Severus, com profunda amargura na voz.

- Não fale assim.

Severus deixou-se cair estendido na cama, de costas, e suspirou.

- Mas é a verdade.

- Me perdoe. Eu fui horrível.

- Isso não adianta nada agora.

- Porque relembrar essas coisas ruins justo agora? - disse Harry, aproximando-se de Severus e repousando a mão sobre seu tórax.

- Acha que é fácil esquecer?

- Não. Acho que você nunca vai me perdoar. Eu... posso conviver com essa idéia, de me sentir culpado para sempre. Mas não sei se posso viver sem você. Me dê outra chance.

- Esse tempo todo, Harry... eu queria fazer amor com você. Não trepar com você.

- Eu sei, Severus. Agora eu sei. Me perdoe. Quer dizer, não. Eu não mereço ser perdoado. Mas me deixe tentar de novo.

- Então me explique como é que alguém deixa de sentir nojo de outra pessoa.

- Eu fui um idiota, só isso. Eu tinha medo.

- Medo de quê? Do ex-Comensal da Morte?

- Medo de... me envolver. Para mim, era importante separar sexo e... aquela outra coisa que eu não queria sentir. Era importante que fosse apenas sexo.

- Apenas sexo - repetiu Snape, em tom de zombaria.

- Eu sei, isso é uma grande bobagem. Mas eu precisava ver sexo como algo sujo, repugnante. Não era você. Era o meu medo.

Severus balançou a cabeça, mas sua expressão parecia mais tranqüila.

- Às vezes esqueço que você tem dezessete anos. - Severus ergueu o braço esquerdo. - Foi aos dezessete anos que eu ganhei essa tatuagem. Eu me orgulhava muito dela.

Harry não sabia se até que ponto aquela compreensão de Severus o ajudaria. Parecia ser uma faca de dois gumes.

- Er... Eu sei que eu estava muito confuso e vendo tudo do jeito errado, mas... não é a mesma coisa.

- Não? Você acha que é melhor do que eu era, claro - despejou Severus, novamente em tom de zombaria, mas agora parecendo se divertir também.

- Não é a mesma coisa não porque eu seja melhor do que você era, mas porque você não é Voldemort, e também porque - Harry aconchegou-se junto a ele, depositou a palma sobre seu tórax e começou a brincar com um dos mamilos de Severus, passando a pontinha do dedo sobre ele, depois tomando-o entre dois dedos e beliscando-o - isso vai dar certo.

- Oh? Quanta autoconfiança! - Era evidente que Severus tentava manter o tom de escárnio, mas sua voz já estava rouca de desejo.

- Me deixe fazer você sentir prazer também. - Harry passou os olhos pelo corpo magro, cheio de cicatrizes e manchas que, se fosse analisar objetivamente, teria de qualificar de "feio". Mas como ser objetivo, se aquele era o corpo que ele desejava? O pênis semi-ereto de Severus parecia suplicar pelo seu toque, os olhos negros pareciam querer sugá-lo inteirinho, e Harry se perdia dentro deles, não conseguindo mais pensar. - Me deixe, Severus. Eu quero muito!

Severus tomou-lhe o rosto entre as mãos. As palavras pareciam não querer sair de sua boca, e havia um brilho suspeito em seus olhos. Severus engoliu em seco, e balançou a cabeça, assentindo. Então colou os lábios aos de Harry num beijo cheio de paixão e desejo.

Mal Severus havia descolado os lábios dos seus, Harry roçou os lábios nas faces de Severus, normalmente pálidas, mas agora coradas e quentes. Traçou uma trilha úmida das faces até o lóbulo da orelha, que passou a mordiscar e lamber.

- Gosta disso?

- Gosto...

- Eu também gosto quando você faz em mim.

- Eu sei. Mesmo quando você não me deixava beijá-lo, você me deixava morder a sua orelha...

Harry sentiu um aperto no coração, ao pensar em como havia magoado Severus. Queria compensá-lo por tudo aquilo. Desceu até a dobra do pescoço e sorriu ao ver como Severus virava o rosto para expôr-lhe a pele delicada daquela região. Enquanto espalhava beijos por ali, Harry insinuava os dedos por entre os pêlos negros do tórax se Severus, roçando, de vez em quando, nos mamilos - Harry sabia como os mamilos de Severus eram sensíveis também. Aliás, a cada toque Severus respondia intensamente, como se há muito tempo ansiasse por aquilo.

Com cuidado, Harry alojou-se entre as pernas de Severus e tomou um de seus mamilos em sua boca. Severus arquejou e ergueu os dois joelhos. Harry passou a língua languidamente ao redor de um mamilo enquanto beliscava o outro de leve com a ponta dos dedos. Viu-os ficarem mais escuros e completamente rígidos, e continuou sugando-os e dando-lhes pequenas dentadas.

Harry continuou seu caminho para baixo, ajoelhando-se entre as pernas de Severus e passando a língua pelo umbigo; depois, em cruel provocação, roçou o nariz em seus pêlos púbicos. Severus resmungou algo incompreensível, e cravou as unhas no colchão.

Harry passou a mão sobre a pele macia das coxas e apertou-lhe os músculos de leve. Severus estava impossivelmente ereto, o pênis quase paralelo ao estômago. Harry se inclinou para beijar a parte interna das coxas, e Severus gemeu baixinho. Em resposta, Harry tomou-lhe os testículos nas mãos e massageou-os suavemente. Severus se remexia todo. Compadecendo-se, enfim, do amante, Harry curvou os dedos ao redor da base do pênis e, devagar, aproximou os lábios da pontinha.

- Oh, Harry...

Harry lambeu toda a extensão do pênis pelo lado interno, e sentiu o pênis de Severus pulsar, uma gota de líquido escorrendo da ponta. Passou de imediato a língua sobre a gotinha, e ergueu a cabeça.

- Mmm, que gosto delicioso, Severus.

Severus encarava-o com uma expressão de puro prazer e emoção que fez com que Harry parasse de respirar por um instante. Então Harry voltou a se concentrar no que estava fazendo, e lambeu a ponta outra vez, desta vez contornando-a com a língua e saboreando o gosto de Severus antes de engolir. Sentiu Severus estremecer e depois arquear o corpo no instante em que lhe cobriu a ponta com os lábios, sugando-a. Devagar, Harry foi descendo, deixando os lábios roçarem com firmeza sobre a pele delicada. Sempre segurando a base com firmeza, Harry subiu de volta à ponta e continuou o movimento de descida e subida, em ritmo cada vez mais rápido e descendo cada vez mais para a base. Com a mão livre, acariciava os testículos de Severus.

Quando Severus arqueou todo o seu corpo e estendeu as mãos para segurar-lhe a cabeça, Harry soube que ele estava muito perto.

- Harry... - murmurou Severus, ofegante.

Harry aumentou a intensidade dos movimentos, chupando com força, e Severus arqueou-se uma última vez, lançando seu sêmen na boca de Harry. Harry não só engoliu tudo como chupou-o ao máximo, tentando extrair as últimas gotas, e lambeu com a língua todas as gotas restantes ao longo de toda a extensão do pênis.

Severus segurou-lhe o braço e o puxou delicadamente para cima. Tomando-lhe o rosto entre as mãos, Severus o beijou com suavidade. Harry escutou como o coração do mago mais velho ainda batia acelerado. Quando Severus descolou os lábios dos seus, sem fôlego, a expressão de ternura saciada de Severus fez com que Harry não conseguisse conter o sorriso.

- Por que está com essa cara de felicidade orgulhosa? - perguntou-lhe Severus.

- Eu? Nada. Afinal, isso é apenas sexo, não é?

- Não sei ainda. Você vai passar a noite comigo ou não? - perguntou Severus, e Harry sentiu que, apesar do tom de brincadeira, aquilo era muito importante para Severus.

- Você sabe que é perigoso, que a gente não pode arriscar que nos descubram. Mas se você quer que eu fique, eu fico.

- Você quer ficar ou não?

- Claro que eu quero!

Severus soltou a respiração, relaxou e aconchegou-se junto ao seu corpo. A cama era pequena; o melhor era mesmo que dormissem abraçados. Antes de adormecer, Harry ainda ouviu Severus murmurar em seu ouvido:

- Não pense que me engana, demoninho. Você só não vai embora porque sabe que terá mais de manhã.

 

Fim

Ebonyserpent fez um tocante (e explícito - não abra no trabalho) desenho para esta história: Just Sex, NC-17

Continuação (curta, do ponto de vista de Snape): Sem Defesas

 

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Ptyx, Março/2005