Inclinara-se mais uma vez diante de seu Lord das Trevas e fora por ele glorificado, mais do que a nenhum outro. Seus colegas Comensais da Morte o haviam olhado com inveja e rancor. Conseguira salvar a pele de Draco Malfoy, que o odiara ainda mais por isso. Expulsara o rato de seu quarto aos pontapés.

Agora estava, enfim, a sós com o seu crime.

Deixou-se tombar em sua velha cama. Gostaria de poder chorar, mas há muito passara daquele ponto em que isso ainda era possível. Gostaria de poder gritar ou esmurrar as paredes, mas isso seria muito pouco. Sem dúvida cortar os pulsos, acabar com tudo agora mesmo, funcionaria, mas não: isso tiraria o sentido de seu ato, roubaria de seu crime a justificativa.

Tudo o que podia fazer era ficar ali, com o asco preso na garganta, os olhos escancarados de horror.

De repente, no entanto, uma figura materializou-se diante dele. Ele se ergueu de um pulo.

- Albus!

Albus estava ali, com seu sorriso cintilante e o corpo perfeito, intacto, inclusive as mãos.

- Severus. Não temos muito tempo. Logo, vou perder toda a forma corpórea. Quis vir vê-lo uma última vez, para lhe dar coragem.

Severus ajoelhou-se aos pés de Albus, abraçando-lhe as pernas. Albus ergueu-o pelos ombros como se ele não pesasse mais do que um boneco de pano, e tomou-o nos braços.

- Sinto tê-lo feito passar por isso. Hoje você me deu a maior prova de submissão que eu podia lhe ter pedido.

As mãos de Severus percorriam todo o corpo de Albus, como que para ter certeza de que ele estava realmente ali. Albus o empurrou suavemente para a cama, comprimiu-se contra ele e capturou-lhe os lábios com os seus.

Severus gemeu de prazer. Fechou os olhos e entregou-se totalmente à experiência e habilidade de seu Mestre. O que havia feito já não lhe pesava tanto: Albus estava com ele, e o prazer de se submeter a ele sempre o inebriava.

Agora ele só precisaria salvar Potter antes de ir ao encontro de Albus novamente. Então ele e seu Mestre estariam juntos para sempre.