Na Companhia do Rei
Severus abriu os olhos e viu o rosto belo e pálido de um homem semi-inclinado, semi-ajoelhado no chão a seu lado. Com tão pouca cerimônia quanto um pai limpando o rosto do filho, o homem lambeu o dedo e rabiscou uma espécie de símbolo em cada uma das pálpebras de Severus, em seus lábios e sobre seu coração. Então ele fez um gesto na direção do braço esquerdo de Severus, e a Marca Negra desapareceu. A escuridão os cercava, e Severus estava atordoado demais para fazer alguma coisa além de olhar para aquele homem. Ele trajava botas negras e uma capa negra de viagem, e tinha um ar de autoridade que fazia com que Severus o respeitasse por instinto. Severus sentia-se como se sempre o houvesse conhecido, no entanto não conseguia lembrar-lhe o nome. - Eu o conheço, senhor? - perguntou Severus. - Severus Snape - disse ele, em um peculiar sotaque do norte da Inglaterra. - Você viveu entre pessoas que se intitulam bruxos e no entanto ignoram meu nome. Mas você é um homem do norte, como eu, e sua magia me agrada. Pode ficar em meu reino, se assim o desejar. - Tenho escolha? - Oh, eu poderia devolvê-lo ao lugar de onde veio. Gostaria que o fizesse? Severus não tinha saudades de nada. Sua vida havia sido uma longa série de erros, perigos, desapontamentos e sofrimentos. Lily, seu único amor, estava morta, assim como Dumbledore, o bruxo a quem Severus respeitara e amara como mestre, mas que jamais confiara em Severus plenamente. - O garoto está bem? Ele conseguiu derrotar o Lorde das Trevas? - perguntou Severus. O homem olhou para o céu, como se aquele assunto o entediasse. - Sim, e sim. Severus respirou fundo, relaxando. Devagar, levantou-se. Estavam em um vasto pântano, sob as estrelas. A magia parecia envolvê-lo, preenchê-lo; Severus jamais sentira a magia fluindo em suas veias daquela forma. Talvez se ficasse ali, poderia, enfim, fazer o que sempre sonhara: dedicar-se plenamente à magia. Olhou para o belo cavalheiro e fez um gesto de cabeça, assentindo. - Vou aceitar sua oferta e ficar em seu reino.
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Ptyx, Outubro/ 2007
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