Era a primeira vez que Snape deixava a luz acesa enquanto faziam amor. A princípio, Harry estranhou tudo. A pele clara de Snape revelava manchas; o nariz era ainda mais saliente, desproporcional. De perto, Snape era ainda mais feio. Mas "feio" era um conceito infantil, que há muito perdera o significado para Harry - conceitos simplórios como esse não sobrevivem a uma guerra como a que eles haviam enfrentado.

Snape apertou os lábios contra os seus. Harry entreabriu a boca, e as línguas se encontraram numa dança caótica. Harry sorriu: Snape nunca soubera beijar. Mas o beijo de Snape o excitava exatamente por ser assim, desajeitado.

Harry sabia que Snape estava tentando se esconder atrás daquele beijo. Quando Snape parou para tomar fôlego, Harry recuou um pouco o rosto e afastou os cabelos do rosto do amante. Enfim, Snape o fitou olhos nos olhos. Só então Harry se deu conta de que Snape também o estava vendo assim pela primeira vez. Snape tocou-lhe o rosto com a ponta dos dedos, e o coração de Harry parou por um segundo. Os olhos negros brilharam, e um leve sorriso se estampou no rosto de Snape. Então Harry não viu nem pensou mais nada.